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EXPOSIÇÃO O DESEJO DO DESENHO TEXTOS DO CATÁLOGO A REVELAÇÃO – PARTE-I O Compasso do Olho PERSPECTIVA - 2/3 (continuação) A visão é a medida do mundo, o olho, o verdadeiro compasso de compreensão do universo. Luca Pacioli, na introdução de A Divina Proporção, cita Aristóteles sustentando que o saber teve origem na visão e que a vista é a primeira porta pela qual o intelecto entende e gosta, nihil est in intellectu quin prius fuerit in sensu. Nos modelos de representação perspéctica gregos, a partir da correcta noção da esfericidade do espaço e da visão, propunha-se que as diferenças visíveis entre os objectos variassem em função da diferença dos seus ângulos de visão e que a representação destes objectos deveria expôr a curvatura da própria visão. Tal conceito, baseado num teorema de Euclides, fundamentou um código de representação na pintura grega, a dita “perspectiva naturalis” ou “comunis” que, embora mantendo uma preocupação realista no sentido da representação do visível, não alcança o resultado ilusionista da “perspectiva artificialis” proposta pelos artistas da Renascença. A nova perspectiva resulta da transposição do obstáculo imposto pelo teorema de Euclides, com um artifício que rectifica o cone visual euclidiano, substituindo-o por uma pirâmide em que as linhas rectas adaptam a interpretação da variação dos ângulos pela observação de que a distância entre os objectos se traduz em variações aparentes de tamanho, parecendo maior o que está mais perto e menor o mais distante, e pela interposição entre os objectos e a vista de um plano de representação, que o desenho reproduz. É o modelo da pirâmide visual, muitas vezes citado, em que o olho é representado com linhas que o ligam aos objectos e onde se fixam os seus pontos extremos num plano que simula um corte na pirâmide, como uma espécie de superfície “transparente” entre o espectador e a coisa vista. Assim explica Piero della Francesca dizendo que a perspectiva “…contém em si cinco partes: a primeira é o ver, ou seja o olho, a segunda é a forma da coisa vista, a terceira é a distância do olho à coisa vista, a quarta são as linhas que partem da extremidade da coisa vista e vão ter ao olho e a quinta é o termo que existe entre o olho e a coisa vista onde se tenciona pôr as coisas.” O termo que existe entre o olho e a coisa vista é uma abstracção do próprio espaço circundante. Pressupõe a existência de uma janela “virtual” diante de cada espectador do mundo, de cada olho capaz de ver – a janela criada por Alberti, em que o desenhador pode emoldurar o mundo visível, fixando-o no papel, como num vidro diante da realidade. (continua) Cit. “O DESEJO DO DESENHO – CATÁLOGO DA EXPOSIÇÃO” Exposição de desenho, 1995 CASA DA CERCA – Centro de Arte Contemporânea CÂMARA MUNICIPAL DE ALMADA (Recomendo vivamente a leitura integral dos textos do acima citado catálogo) Olá Pulmão, saudações e até sempre, Quintino Sebastião PBA, 22 de Junho de 2013
Posted on: Sat, 22 Jun 2013 22:17:25 +0000

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