Editorial A cidade nação Pedro Santos Guerreiro Director - TopicsExpress



          

Editorial A cidade nação Pedro Santos Guerreiro Director A abstenção é indiferença, o voto em branco é protesto. Mas quando os três partidos da governação perdem quase meio milhão de votos, é a esperança na alternativa que supera a desilusão da alternância. Essa é a leitura maior destas autárquicas: o regime expressa-se por uma mudança dentro do sistema. E nenhuma vitória foi nisso mais extraordinária que a de Rui Moreira. Sim, o PSD é o grande derrotado, o CDS encenou uma proeza, o PS inventou uma grandeza, o BE desapareceu. A CDU e um punhado de independentes são os grandes vencedores. Mas houve na maioria dos discursos de ontem a linguagem absurda da negação. PS, PSD e CDS perderam, todos, votos. Muitos votos. Centenas de milhares de votos. Perderam em grande parte para a CDU e para listas independentes. E essa é uma das maiores decisões que o povo tomou ontem. A frase de que o povo não tem memória é um mentira situacionista. PS, PSD e CDS não foram apenas os partidos que assinaram o memorando de entendimento em 2011 com a troika. Foram os partidos que nos conduziram a essa subjugação e que falharam salvar-nos da próxima. Foram os partidos que sobreendividaram o Estado, que mentem nos défices, que empobrecem o país, que aumentam os impostos, que gerem o poder para fazerem parte dos poderosos, que chamam o povo de "as pessoas", que lhes saltearam a esperança. A derrota de Luís Filipe Menezes no Porto é a estocada nessa arrogância partidária. Menezes era favorito. Tinha contra si candidatos à partida relativamente fracos. E pensava que tinha a seu favor a máquina. Mas essa é a máquina que agora causa repulsa. A campanha de Menezes foi à antiga e à grande, com porcos, cantores, artistas, arruadas, agências de comunicação, guarda pretoriana e arrogância intimidatória. Perdeu. Mas a vitória e Rui Moreira é muito mais do que a derrota de Menezes. É, para já, a sua própria vitória. Não foi Rui Rio que deu a vitória a Rui Moreira, foi Rui Moreira que deu a vitória a Rui Rio. E foi Rui Moreira, o aristocrata, quem foi eleito do povo. Porque fez uma grande campanha. Mas sobretudo porque conseguiu dar esperança política à política. Foi nisso que o Porto votou. Num sonho. Na mera possibilidade de sonhar. Está hoje distante o dia em que Rui Moreira subiu a um palco, transpirando, tremendo as mãos e gemendo a voz para anunciar a sua candidatura. O queque da Foz saiu da talha dos críticos inconsequentes e prestou-se à mais inclemente das avaliações: a do povo. Ganhou. Estas autárquicas terão consequências nacionais. Pedro Passos Coelho é derrotado e será questionado dentro do partido, que não lhe perdoará o desaire. Mais: Porto e Gaia, que têm um sobrepeso como distrital do PSD, foram perdidas. E Rui Rio está tisnado por esta vitória e tomará o endosso em suas mãos. Negociar o Orçamento do Estado, a avaliação da troika, os embates com o Tribunal Constitucional e o próximo programa externo será doravante mais difícil. O Governo está hoje mais fraco do que estava ontem. A "troika" não pode estar satisfeita. Nas primeiras grandes manifestações do tempo da austeridade, havia um cartaz muito repetido: "E o povo, pá?". O problema não era falta de atenção, mas de entendimento. A distância quase cognitiva entre eleitos e eleitores não resultava da austeridade e agravou-se com ela. Se os três partidos do sistema não perceberem que perderam milhares de votantes ontem, jamais entenderão que a democracia será mais forte do que eles. Ontem foi. O povo, pá, votou. Jornal de Negócios 2013.09.30
Posted on: Mon, 30 Sep 2013 11:39:17 +0000

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