Em meio às reivindicações absurdas de tornar a corrupção um crime hediondo (do latim foetibundus, feder), ou seja, algo fedido, repulsivo, revoltante para a coletividade, o que supõe que a mesma não pratique - estupro, assassinato, tortura - algo bem diferente da corrupção nossa de cada dia. Se Diógenes procurava em Atenas com uma lanterna em pleno dia "um homem que fosse honesto", a reivindicação dos nossos imaculados compatriotas supõe que agora as coisas são diferentes. O que é estranho visto que a democracia grega ainda é tomada pela maioria como modelo (estendendo o conceito de “cidadão” conforme o principio moderno da igualdade da dignidade humana, é claro) para nossas corruptas instituições políticas e suas parcas pretensões democráticas. É verdade que quem idealiza a democracia ateniense, desconhece a realidade histórica tão bem denunciada, por exemplo, pela sempre ácida comédia de um Aristófanes. Aqui, se tal reivindicação fosse realmente cumprida, correríamos o risco de realizar com os "corruptos" o mesmo que em o O Alienista do Machado de Assis o médico fez com os "loucos", internando toda a cidade e a si mesmo. Mas somos corruptos, não vamos denunciar a nossa própria corrupção, sempre fomos bom em olhar pro rabo dos outros, não pro nosso. Ainda bem que ao menos temos a propensão à eterna VIGILÂNCIA.
Posted on: Mon, 08 Jul 2013 00:47:40 +0000
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