Encontrei esta Cronica organizando meus alfarrábios...Fiz ao - TopicsExpress



          

Encontrei esta Cronica organizando meus alfarrábios...Fiz ao final de uma antiga ilha, que foi um dos meus maiores amores, quando eu ainda era Maga. Ninguém pediu na época, mas achei inconcebível tudo terminar assim, sem qualquer palavra. Nenhum amor deve acabar assim. :) CRÔNICA DO FIM DE UMA ERA – Medieval World Canções se farão ouvir por essas terras, por sobre os horizontes ondulantes... A Elfa caminhava pelos campos, margeando a floresta, perdida em seus pensamentos, uma inquietude cada vez maior aflorando em sua alma. Sentia um formigamento na base dos pés, uma sensação de que Gaia , Mãe de todos e Criadora da terra, a estava avisando que algo muito sério estava para acontecer. Movida por esta urgente sensação, começou a correr.... O templário observava as terras de Medieval World, que se estendiam ao longe, do alto da torre do Castelo. Divisava as ruínas do que outrora fora a vila, tomadas pela água, e uma grande tristeza abateu seu coração de valente, ao mesmo tempo em que a beleza de um por do sol sem igual, como nunca antes tinha visto nesta terra o encantou. E sobressaltou...Olhou a Arca da Aliança, e começou a dar ordens. A Maga cumpria suas atividades diárias com zelo, como sempre, mas sentia-se deslocada de si mesma, um pouco aérea, pois as cores diferentes do final do dia a estavam intrigando...ergueu o olhar para o horizonte, divisando a margem da floresta e um grande castelo a sua direita, onde um solitário cavaleiro observava o por do sol na torre,quando sentiu a brisa deslocar-se pela passagem célere da moça de longos cabelos trigueiros que corria. Instintivamente, afundou as mãos na terra, seu refugio, mãe e provedora, e ouviu uma voz suave, quase um gemido trazido pela brisa, enquanto via a moça acelerar mais ainda o passo em sua corrida. Quando percebeu, corria também. E viu ao longe a silueta do cavaleiro solitário aproximar-se velozmente.Todos corriam, saltando por sobre os córregos formados pela invasão da água, que dia a dia tomava conta de MW. Ao sentir o cair do sol, o vampiro abriu os olhos. Seu olhar espectral detectava cores diferentes no dia. Subia as escadas para acessar as janelas, quando ouviu um ronco muito distante, que vinha da terra. Baixo, mas assustador até mesmo para ele.Num salto, estava lá...há séculos algo não assustava seu coração morto assim. Uma bruma intensa, avermelhada, tomava conta do campo a sua frente, e abruptamente deslocava-se, a medida que três figuras corriam desenfreadas. Se tivesse um coração vivo, ele teria parado, pois ouviu uma voz doce, como nunca mais havia ouvido desde que perdera sua humanidade. Sem pensar, sem questionar, lançou-se atrás deles. Não sedento por morte, mas por vida. A Garou sentiu de longe o cheiro do vampiro, o que normalmente despertaria sua fúria. Mas junto, vieram os cheiros exalados pelas duas moças e pelo rapaz. Medo, urgência, desespero...e nem ao menos pareciam perceber a presença do Vampiro correndo a seu lado. Seus pelos eriçaram-se todos ao sentir a energia que dançava no ar, a névoa avermelhada adensou a sua volta, e suas orelhas retesaram-se para trás num reconhecimento. Uivou dolorosamente e lançou-se em corrida desabalada, os passos cadenciados aos dos outros, produzindo um som surdo na terra, que não escondia o ronco assustador que crescia cada vez mais. Assim como seus passos, os pensamentos dos cinco eram cadenciados...seria Urano, o primeiro rei do universo, e Gaia , enfurecidos pelo rumo que seus filhos haviam tomado? Enfurecidos, talvez não...esse ronco mais parecia um grito de agonia, e a voz...a doce e suave voz da Tari chamando os seus, avisando, despertando. Não, isso não era fúria. Mas seria igualmente destruidora. Podiam ver no vale abaixo o rio caudaloso e incontido, invadindo as sebes e a planície, as pequenas casas sucumbindo a sua fúria. Ao longe, o castelo do cavaleiro sumia na bruma sangrenta, em meio a um estrondo medonho. O chão tremia e ondulava. Apenas a enorme Arca, que movia-se intacta. A Maga sentiu em seu âmago, quando todos os círculos de proteção do castelo foram rompidos, no instante em que ele afundou na cratera , uma imensa boca escancarada no coração da terra. Sentiu o ar faltar-lhe, mas seguiu em sua marcha. A Garou sentiu dor. A mesma dor que Gaia sentia.Não fosse sua força descomunal, teria caído e se encolhido ali mesmo.Mas uivou, uivou cheia de dor e medo, enquanto corria, sentindo seu peito ser rasgado como a terra estava sendo. A Elfa estreitava os olhos a cada baque da terra, fixando o olhar a sua frente, evitando olhar seu mundo ruir, correndo, correndo. Em sua toca, o Infernal andava de um lado para o outro, os olhos perscrutando algo que não podia ver. Normalmente a destruição o regozijava, dava-lhe prazer. Mas agora era diferente. Urano estava de volta, e sabia que havia deslocado os cristais de seu lugar. O Cristal azul que representava a água, o Cristal verde, que representava a natureza, e o Cristal vermelho que representava o fogo, que quando unidos dentro de uma caixa especial, geravam um poder jamais visto por olhos mortais ou imortais. Sim , ele estava lá, eras atrás...ele lembrava. Ele sentia...o poder pesava na bruma de sangue que abraçava MW. Mas pela primeira vez em sua existência demoníaca, não pensava no poder. Pensava em sobreviver. A que, não sabia exatamente, mas ao ver as paredes de seu castelo racharem e o chão abrir-se, não esperou para saber e correu para fora, voando, seguindo um rastro aberto deixado na bruma pelo grupo que corria abaixo. Não ouvia o que eles ouviam...mas sentia que eles eram guiados por algum tipo de poder divino . Tal cena, o celestial jamais havia visto...voava paralelamente ao Infernal, mas não sentia nele qualquer vontade de atacar, de destruir, somente o desejo premente, que era o seu também, de vida. Via o grupo correndo lá embaixo, e via também o pequeno fio dourado que os guiava...a Tari, a Rainha daquele mundo. Sempre zelando por seus filhos, mesmo os que não mereciam. Se dependesse dele exterminaria a maioria deles...mas não dependia. O poder não estava em suas mãos..ele mesmo dependia daquele tênue fio para sobreviver ao que viria. De repente, sentiu uma tremenda força o atirar contra o Infernal, como se algo sólido o tivesse empurrado. Os dois despencaram juntos dos céus, ao mesmo tempo em que dois pares de olhos, um infernal e outro celestial, observavam chocados a enorme parede de água que invadia as terras ao sul e vinha em sua direção. Caíram juntos no chão, num baque violento, e disparam por terra, correndo lado a lado na direção do grupo. Visualizaram uma abertura na montanha, para onde o grupo se dirigia, ao mesmo tempo em que uma sombra gigante os cobria. Uma arca deslocava-se sobre ela. O celestial tentou voar, mas não tinha forças, o mesmo aconteceu com o infernal. Urano os punia, sim, a todos. A Elfa, a Maga, o Templário, o Vampiro, o Garou, o Celestial e o Infernal correram para dentro da montanha, e desceram o mais fundo que puderam, milhares de degraus para o seio da terra . As batidas do coração da Garou quase podiam ser ouvidas, o rugido acima de suas cabeças ia se distanciando, e voz que quase todos podiam ouvir ia ficando mais clara. Uma musica suave e sentida, mas acolhedora e cheia de esperanças. Uma luz dourada começou a clarear o ambiente e eles se viram frente a duas cavernas. Imediatamente o Infernal entrou em uma e lá encolheu-se. O Vampiro o seguiu. Os outros todos entraram atrás e viam que havia mais movimentação ao redor,mas não conseguiam reconhecer com clareza de quem ou do quê, todos se acomodando em silencio, ouvindo o som da voz da Tari. Não viram o que entrou na outra caverna. Mas quando falou, a voz da Tari era para todos: “A paz foi quebrada, e a terra também...Gaia e Urano retomaram o que é seu...virão séculos de silencio e dias de escuridão, até que finalmente a terra se cure, e esteja pronta para recebê-los novamente, num outro tempo, numa nova era. Até lá , vocês dormirão...” e tudo escureceu. E assim foi...seguiram-se dias de escuridão, o manto negro deitou-gentilmente sobre o reino de Medieval World... .... nenhum sobrevivente desperto sobre a superfície da terra. Os véus que a escondiam do mundo caíram. A terra cura-se lentamente, e cicatriza com mais vagar ainda, assim como os corações dos adormecidos.. Somente as ruínas lembram que Medieval World existiu um dia.. Em seu sono profundo, os sobreviventes nada podem ver, guardados no coração da terra que os acolheu, da terra que também é parte do seu coração. ...Nunca existiu uma terra como Medieval, nem nunca existirá. Somente ela mesma... o passar dos séculos, quem poderá saber o que está escrito?. Por Amora Lavendel - Maga Verbena , em julho de 2011.
Posted on: Wed, 27 Nov 2013 06:00:14 +0000

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