Enquanto não reconhecemos o outro como um dos nossos, não falamos para ele, falamos dele; e se falamos dele, falamos dele para um terceiro – para a mídia ou o público, quando nos distanciamos dele, aceitando a traiçoeira fronteira entre “bons” e “maus” manifestantes (hoje entre os “bons” professores e os “maus” Black Bloc, amanhã entre o “mau” sindicato e os “bons” fura-greves etc.); no limite, para a policia, contribuindo para a sua repressão (“nesses pode bater à vontade, porque nem os outros apóiam eles”). Mas se nossas diferenças se expressam sobre o pano de fundo de um destino comum que está em jogo, estamos muito mais aptos a desenvolver a confiança que nos permite, não simplesmente aceitá-las como são, mas criticá-las se necessário, negociá-las, articulá-las, compô-las de maneiras vantajosas para o comum.
Posted on: Wed, 09 Oct 2013 18:56:57 +0000