Escola no Século XXI - Evolução ou Revolução - Parte I A cada dia que passa, tenho ficado mais convencido de que nosso modelo educacional precisa de uma revolução e não apenas de evolução, pois o Século XXI não é uma evolução do século XX, mas estamos passando por uma mudança de paradigma que só entenderemos nas próximas décadas. A "camisa" da escola do século XX, a qual ainda temos como modelo, fundamentada no iluminismo não cabe mais. Como todos sabem o Iluminismo foi importante para dar um fim ao modelo supersticioso da idade média. Esta escola foi estruturada em dois pilares principais: Raciocínio Lógico e Empirismo. Muito interessante para àquela época, pois trouxe luz a era das trevas, tendo em vista que todas as explicações eram fundamentadas em superstições religiosas a ponto de muitos terem morrido na fogueira por discordarem. Baseado nesta estrutura é que foi criado o modelo educacional que temos hoje. Esse modelo teve seu auge na revolução industrial, pois com o pensamento lógico associado à experimentação tivemos diversas descobertas significativas para a humanidade na época. Entretanto, esse mesmo modelo que ajudou, agora atrapalha, pois o século XXI apresenta-se com novas questões paradigmáticas que extrapolam a capacidade cartesiana do pensamento. Vivemos agora em um século que exige respostas novas para problemas novos. Precisamos repensar a escola urgentemente. Vamos analisar apenas a questão da realização profissional. Vamos partir da premissa que para termos um trabalho produtivo e gratificante precisamos de TALENTO e GOSTAR do que faz. Talento para produzir e Gosto para no final ter valido a pena o trabalho. Para se desenvolver como ser humano, o bebê humano precisa, em interação com o seu meio social, cultural e natural, desenvolver capacidades adicionais, que são adquiridas ou construídas através da sua capacidade ou aptidão natural para aprender. A essas capacidades adquiridas ou construídas dá-se hoje o nome de competências. Uma competência é um conjunto de habilidades adquiridas ou construídas pela aprendizagem que permite ao ser humano fazer coisas que ele não sabe fazer naturalmente – como, por exemplo, falar uma linguagem verbal específica, ou ler e escrever o código escrito dessa linguagem. No devido tempo, o ser humano precisa definir para si um projeto de vida: isto é, ele precisa decidir que tipo de vida quer ter ou levar, que tipo de pessoa gostaria de ser… O processo que chamamos de educação é, em última instância, um processo de desenvolvimento humano que abrange dois componentes: • Um, a definição da vida queremos ter ou levar, da pessoa que gostaríamos de ser; • O outro, a busca das competências necessárias para viver essa vida e ser essa pessoa. Eu não tenho dúvida de que todos nós nascemos com certas capacidades e aptidões naturais adicionais, isto é, além da capacidade ou aptidão de aprender. Normalmente chamamos essas capacidades ou aptidões adicionais de talentos naturais, ou dons – um dom é algo que nos é dado, que não fomos nós que adquirimos ou construímos. Uns têm o dom da comunicação verbal (oral ou escrita), outros o dom de lidar com números, outros o dom da música (que se desdobra em vários dons subsidiários), outros o dom da dança (que também se desdobra em vários dons subsidiários), outros o dom do esporte (que igualmente se desdobra em vários dons subsidiários), outros o dom da negociação e da busca de acordos e consensos etc. Há cinco coisas importantes que precisam ser ditas acerca desses talentos naturais ou dons: • Primeiro, os talentos naturais ou dons dos seres humanos são incrivelmente variados e divergentes; • Segundo, todos nós temos algum talento natural ou dom – ou, em muitos casos, mais de um (conforme a bíblia podemos ter 1, 2 ou 5 talentos e conforme a multiplicação esse número cresce); • Terceiro, muitos de nós passamos a vida inteira sem descobrir quais os nossos dons; • Quarto, mesmo quando os descobrimos, nada garante que venhamos a ter prazer no exercício de nossos talentos naturais ou dons; • Quinto, a escola é uma instituição convergente, oposta à diversidade, e, ao tentar vestir em todos nós a camisa de força da padronização e da uniformização, conspira contra a descoberta de nossos talentos naturais ou dons ou contra o exercício prazeroso e sem culpa deles. Na parte II comentaremos o porquê do modelo acadêmico está na contramão dos novos tempos. Sucesso, Radamés Dantas
Posted on: Tue, 30 Jul 2013 20:33:53 +0000
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