Escrito por Alfredo Lauria-BASKETERIA Depois de passar a tarde de ontem em reunião, li a nota oficial resultante do encontro da cúpula da Liga Nacional de Basquete nesta terça-feira. Ali constavam os clubes que participariam do próximo NBB, os que desistiram, mudança de formatos nos playoffs e, no finalzinho, num trecho quase envergonhado, uma explicação sobre a "Final". Fingi que não li e e fui me deitar. Acordei na esperança de que tivesse tido um pesadelo, mas não. A nota oficial permanecia na tela do meu computador no mesmo ponto em que fora abandonada na noite anterior. E não é que, depois do reconhecido fracasso do modelo de final em jogo único, a LNB resolveu colocar uma pimentinha na jabuticaba brasileira? Para explicar a ideia, nada melhor do que usar as próprias palavras da nota oficial: - Uma das possibilidades é a disputa da decisão em duas partidas. Neste caso, o time com pior campanha na fase de classificação sediaria o primeiro jogo e a equipe melhor classificada jogaria em casa o duelo derradeiro. Se cada time vencer um confronto, o saldo de cestas definiria o campeão. Caso ocorra um novo empate, o vencedor seria o clube com melhor campanha na fase de classificação. Pouco mais de 120 anos depois da sua invenção, o Brasil apresenta ao mundo a fórmula que considera ideal para a disputa das finais do basquete. Vale lembrar, depois de décadas de evolução, o modelo de playoffs melhor de 5 ou melhor de 7 é o que prevaleceu nas competições de basquete pelo mundo, principalmente nas ligas nacionais. É assim nos Estados Unidos (NBA), na Espanha, na Itália, na Lituânia, na Polônia, na Argentina, na China, no Uruguai, na Turquia, nas Filipinas, na Venezuela e por aí vai... Há modelos diferentes, é verdade, como o "Final Four", onde as disputas de semifinais e final ocorrem numa única sede, em jogos eliminatórios. O basquete universitário norte-americano utiliza esse modelo para o desfecho de um torneio que é peculiar por excelência (envolve 351 equipes espalhadas num país de dimensões continentais). A Euroliga também se vale do Final Four, mas vale lembrar: é um torneio que envolve viagens internacionais e que possui um calendário espremido pelas competições nacionais da Europa. Há, ainda, o caso da França, que utilizava o modelo de final em jogo único, mas que desistiu e voltou a utilizar série melhor de 5 para definir o campeão da liga nacional na temporada 2012/13. A verdade é que o melhor sistema foi o que prevaleceu, aquele que possibilita o que aconteceu na série final da NBA nesta temporada, o envolvimento de duas cidades por quase duas semanas, as rivalidades que aumentavam a cada jogo e o desfecho dramático que mobilizou fãs do mundo inteiro. E que, obviamente, acabou gerando muito dinheiro. Por aqui, não nos contentamos em tentar reinventar a roda, mexendo no modelo estabilizado e consagrado no mundo. Para atender exclusivamente aos anseios da TV, a LNB foi buscar o antigo (e falido) modelo do futebol brasileiro, que é tão incompatível com as peculiaridades do basquete que, a partir da última terça-feira, já não se deve achar estranho falar-se em cera, retranca e até empate no basquete (!!!). Aliás, a fórmula que a LNB ameaça utilizar para a próxima temporada sequer é original. Foi utilizada nas temporadas 2009/10 e 2010/11 na fase preliminar da Euroliga. De tão ruim, foi questionada e expurgada. E isso porque servia apenas para decidir quais equipes se qualificariam para o torneio principal. Imaginem numa série final de um campeonato nacional? É hora de parar tudo e refletir sobre a estrutura atual da LNB. Não é segredo: a liga que nasceu pobre, hoje é escrava. Hoje, a emissora de TV "parceira" parece ser mais reconhecida pela estrutura gerencial da LNB como chefe do que os próprios clubes. Perdeu-se o pudor em revoltar quem, de fato, sustentou o basquete em suas maiores crises, os aficcionados (sejam torcedores, jogadores ou dirigentes). É um caminho que pode colocar a perder todos os avanços conquistados pela LNB nos últimos anos.
Posted on: Wed, 14 Aug 2013 23:02:04 +0000
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