Espinosa foi um dos mais agudos e revolucionários filósofos. Desenvolveu um tipo de materialismo dinâmico que mesmo o marxismo poderia ter aproveitado melhor (É claro que em muitos outros aspectos a força e a importância de Marx são incomparáveis). Mas o conceito espinosista de "afeto alegre" (e toda a sensacional "teoria dos afetos") não tem nada a ver com literatura de auto-ajuda. É óbvio e até ofensivo dizer isso, mas por algum motivo me parece necessário. Obrigar todo pensamento político a ser otimista o tempo todo; aliás, usar o próprio conceito de "otimismo" para fazer qualquer reflexão política, é colaborar para uma espécie de burrice sorridente e, por vezes, histérica. Imbecis convictos levam a luta política ao isolamento tanto quanto os aparelhados medrosos que temem qualquer movimento que não possa ser enquadrado logicamente (ou seja, o tal "cientista político" que chamou os manifestantes de junho de niilistas é, rigorosamente, a própria expressão do niilismo: " a racionalidade a todo preço como potência que solapa a vida"; como disse o bigode). A Razão e o Desejo (absolutamente articulados para Espinosa, e portanto pela primeira vez na História da Filosofia sem figurarem como um antagonismo) não podem virar a linha de montagem do capitalismo cognitivo. Caso contrário não são nem Razão nem Desejo. Não é muito rigoroso o que vou dizer, mas neste caso ou estamos falando da estupidez e da imbecilidade com convicção (a grande contribuição da "auto ajuda" para a sociedade atual), ou estamos falando de "se apaixonar pelo poder". Mas aí tá virando Foucault... Fui
Posted on: Fri, 09 Aug 2013 00:23:39 +0000
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