Essa semana no meu horário de almoço, me lembrei de uma historia, e contei a um amigo que estava do meu lado. Nem sempre fui santo. A mais ou menos uns 18 anos atrás, eu tive um gato chamado Nano. Ele era amarelinho, fofinho, lindo. Mas ele não tinha uma coisa comum, presente em 99% dos felinos. Ele não tinha o Dom da Caça. Desde pequeno, ele era molestado pelos pássaros, que sabiam que ele tinha uma certa dificuldade motora em gerir seu corpo em prol da caça, em outras palavras, ele era meio lerdo, mas esforçado. Os pássaros sabendo desse défice, zombavam dele, voando baixo, dando rasantes em seu focinho, e o coitado por sua vez não pegava nem uma pena. Um dia eu resolvi acabar com seu problema, ou pelos menos amenizar sua falta total de aptidão da caça. Fui na árvore do quintal da minha casa e escolhi o melhor galho que encontrei, e num formado de V perfeito, construí o melhor estilingue que um menino de 13 anos poderia fazer na época. Era uma arma perfeita, duplo garrote, aparadeira de couro de Nauru, e um cabo que cabia na palma da minha mão. Olhei para o Nano e falei: ´´ Amigo, amanhã você comerá sua primeira refeição fresca.`` Ele me olhou surpreso por estar falando com ele, mas de certo ele deve ter entendido. Então no dia seguinte, de manhã cedo, acordei com meu estilingue e fui a caça com meu gato Nano. Ele era um gato esperto para ver onde estavam os pássaros nos galhos, eu apenas observava seu olhar atento em cada galho. Então neste momento eu vi uma rolinha pousar bem próximo onde estávamos. Esperei Nano ficar em posição felina de caça, a rolinha sabia que ele não conseguiria pega-la. Mas ela não sabia da minha arma. E num piscar de olhos... ZAP. Rolinha ao chão. Nano ficou tão surpreso que demorou alguns minutos para entender o que se passava. Então ao ver que sua Zombadora estava down, ele a devorou com um gosto, que me parecia que aquele gato nunca havia sido alimentado na vida. Aquilo me deixou feliz. Meu gato estava feliz, então eu estava feliz. A partir daquele momento, eu e Nano nós tornamos a dupla mais assassina do Bairro. De certo vocês irão se lembrar daquele filme ´´A Sombra e a Escuridão``, a historia real de dois Leões Assassinos de homens, que entupiram suas tocas com ossadas humanas, eu entupi a barriga de Nano com pássaros. Todos os dias de manhã, meu gato era alimentado com carne fresca. Cheguei a matar três pássaros por dia, entre rolinhas e pardais. Chegou a um ponto que, quando eu pegava o estilingue, Nano se mandava para fora de casa para me indicar onde estavam os pássaros que ele queria nos galhos. Eramos uma dupla perfeita. Até que um dia eu parei de forma trágica a minha matança em prol da felicidade de Nano. Numa manhã, eu havia avistado uma rolinha num galho muito alto, o cume da árvore. Mirei, mirei mirei até ter a certeza que ela não iria escapar, Nano sabia que aquela estava no papo. Mas quando a pedra saiu do estilingue, um pequeno Beija-Flor pousou no mesmo galho que a Rolinha. Como falei, aquele estilingue era potente, e a queima roupa, Rolinha e Beija Flor foram ao chão. As regras eram claras, apenas Rolinhas e Pardais, e sem querer, por um destino trágico, eu havia matado um Beija-Flor. Fiquei muito triste na hora, não queira fazer isso. Dei ao Nano a Rolinha, e peguei o Beija-Flor para enterrar. Logo depois quebrei o estilingue ao meio. Parece que até meu gato havia entendido que a matança para mim havia chegado ao fim. Depois de umas semanas , enquanto eu tomava meu café da manhã, fui surpreendido por Nano. Ele veio até mim,, me mostrar o que havia em sua boca, e para minha surpresa, ele estava com uma Rolinha. Ele veio mostrar que havia aprendido a caçar, só que desta vez sem minha ajuda. Ele apenas precisava de um incentivo. O bicho ficou tão arteiro, que até morcegos de NOITE ele pegava. Aquele gato era realmente especial.
Posted on: Sun, 06 Oct 2013 04:06:05 +0000
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