Esse txt é da professora Fernanda Dusse, infelizmente não a conheço. Achei um soco na cara de quem veste a máscara da revolução e depois volta pra casa pra tomar todinho. Vendo BH de longe eu me assusto com a incapacidade de aceitarem a pluralidade e o caos como resposta a um sistema falido. O movimento não é de ninguém, então deixe-o ser livre. Estão todos dizendo por aqui que "malacos", que "favelados" se INFILTRARAM na multidão e que eles têm depredado lugares públicos e privados, roubados manifestantes e assustado a polícia que curtia só bater em playboy. Claro que eu não queria ser roubada e gostaria que a eles fossem mostradas outras formas de ação, mas fico pensando em quanto preconceito e discriminação há na fala dessas pessoas que dizem que o movimento não pode ser de ninguém, não deve ter a bandeira de nenhum partido, mas também não pode ser INVADIDO por aqueles que estavam e permanecerão nas margens do Brasil. Todo ato na pólis é político e como diz muito sobre a situação da cidade vê-los tomando os espaços e afastando os manifestantes de butique e de manuais utópicos (provavelmente me encaixo aqui também). O gigante acordou, estávamos dizendo, e o gigante acordou também contra nós, contra nossas hipocrisias, contra nosso medo. Se a violência das barricadas contra a violência da polícia é legítima, a violência dos arrastões contra a violência de nossa exclusão também é. E num movimento de múltiplos caminhos, que bom os marginais virem jogar a margem para dentro também.
Posted on: Thu, 20 Jun 2013 20:10:15 +0000
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