Estou acometido de banzo... Banzo de mim, de minhas solitárias brincadeiras infantis; das descobertas, nem sempre felizes, da adolescência; do colo sempre pronto de minha avó e de seus desmedidos mimos; da inteligência emocional de minha mãe e de sua capacidade sobrenatural de me adivinhar, sempre com um sorriso; da inteligência aguda e desafiadora de meu pai; das maldades pueris de meus irmãos e de sua imediata defesa, quando as maldades não eram domésticas; dos amigos que tive e dos que insistem em permanecer; dos amores e desamores, todos absolutamente ricos, e, sobretudo, de minha melhor experiência, a paternidade. Queria desnascer minha filha, só pelo prazer de tê-la, como presente não merecido, novamente. Vê-la dormir e recear que não estivesse respirando; vê-la falar, engatinhar, andar e, sobretudo, vê-la transcender o real e se tornar poesia em minha vida. Banzo é um sentimento sem tradução, não carece de explicação, basta que seja sentido. Não é saudade, não é nostalgia, não é apego ao passado, é um sentimento que aflige agradavelmente à alma, sem passar perto da razão e o melhor, não pode ser conjugado em qualquer tempo, aliás pertence ao tempo, como valor absoluto.
Posted on: Sat, 20 Jul 2013 04:36:58 +0000
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