Estou chocado com a cobertura que os canais de TV estão fazendo - TopicsExpress



          

Estou chocado com a cobertura que os canais de TV estão fazendo sobre as manifestações. Antes eles estavam romantizando, agora, pelo visto, devem estar tendo algum interesse prejudicado que resolveram atacar as manifestações dando ênfase cada vez maior ao vandalismo numa tentativa de demonizá-las. Hoje li uma matéria do El Pais que resolvi traduzir para o portugês (com todas as minhas limitações, nao fui capaz de traduzir duas orações, realmente não me pareceu fazer sentido). POR QUE NOSSOS JORNALISTAS NÃO SÃO CAPAZES DE UMA ANALISE ASSIM? Incompetência? Falta de interesse? Deixo o link aqui para quem quiser ler o original: internacional.elpais/internacional/2013/06/22/actualidad/1371931255_567644.html Por que o protesto do Brasil é diferente? Juan Arias - El País O Protesto brasileiro que se estende cada dia como uma mancha de óleo por todo o País, e que tem surpreendido a opinião mundial, é diferente dos demais, como por exemplo o “”los Indignados” de Madri, a “Primavera Árabe” ou o americano “Occupy”. Por quê? Podia-se dizer que é “brasileiro”, de um povo com uma idiossincrasia especial que nem sempre permite compará-lo com os outros do continente. Tropical? Também, mas não apenas isso. Em primeiro lugar, o protesto é diferente porque não tem nome. Chamamo-lo simplesmente “protesto” ou “manifestações”, porque não foi batizado. Não nasce, como o dos países europeus, contra os “cortes” e o empobrecimento dos serviços sociais. Aqui, protesta-se não pelo que se perdeu, mas pelo que ainda não se tem ou por aquilo que se acredita que é dado incompleto. Preferiam que certos gastos milionários - inclusive os da Copa, cujo painel foi incendiado em São Paulo, se destinassem às necessidades más urgentes do povo. O Mundial foi batizado como “Copa das Manifestações”. Querem que a “justiça” exista não só para desamparados, mas também para aqueles que têm responsabilidade pública. é diferente o protesto brasileiro porque ele ocorre depois de já se conhecer as outras “primaveras” do mundo. Aqui, como destacou o colunista da Folha, Sergio Malbergier, “a bandeira anti-capitalista estava ausente”. Os esquerdistas tradicionais foram hostilizados e se juntaram ao protesto empresários de gravatas assim como favelados. Até o modo das marchas se realizarem pelas cidades é distinto, por exemplo, dos indignados de Madri. Lá, os manifestantes se reuniam, com participação de intelectuais das universidades, para elaborar propostas e discutir reivindicações. De alguma forma era estática. Aqui a massa de milhares de pessoas se move como um êxodo bíblico por diferentes pontos da cidade, sem destino fixo, estão simplesmente juntos, quase que cada um com sua bandeira própria, muitos com cartazes super-criativos, escritos a mão, ou simplesmente com um pedaço de papel ou cartolina. “A corrupção também é vandalismo”, dizia um cartaz durante o jogo da Espanha-Haiti. As ações violentas de pequenos grupos são duras como aquelas vistas nas favelas, por exemplo, cometidas por traficantes ou vândalos. Uma violência condenada unanimemente pelo movimento e que contrasta ao mesmo tempo com a sensação de paz e quase festa daqueles que não cansam de pedir paz e que talvez os meios de comunicação destacamos muito pouco: “Os vândalos não nos representam”, dizia um outro cartaz nas mãos de uma jovem estudante. As pessoas saem às ruas aos monte e as vezes permanecem lá toda a noite, as vezes só pelo prazer de estarem juntos, para desfrutar do sol depois que a tormenta passou. Cantam juntos e juntos expulsam sua raiva. A panela de pressão, que fervia não se sabe bem desde quando, explodiu e agora que está destampada e dela saiu os monstros, na expressão de Elio Gaspari, o povo se sente liberto y desfrutam juntos o prazer do protesto. Ninguém os impedia antes, porque este é um país sem censura, mas se sentem como libertos por haver escolhido protestar. A rejeição a políticos que aparece mais nítida a cada dia e revela o divórcio entre a rua e o palácio, deve ser objeto de reflexão em todos os níveis: do governo aos servidores locais, os mais próximos e os responsáveis pelos serviços que não funcionam e, portanto, os mais rejeitados. Ele não é um movimento político tradicional, nem apolítico. É um movimento pós-politico. Não é contra a democracia, mas a favor de uma democracia real e de todos. Como las demás grandes manifestaciones de masas de este siglo en Brasil, tampoco estas tienen políticos, porque son básicamente contra el divorcio entre ellos y la gente. Se os políticos pensam que esta é uma onda de protesto que passará como muitas outras e que, quando as aguas do rio transbordado voltar ao seu curso, tudo pode seguir igual, esse poderá ser um erro fatal. As vezes as ruas não perdoa e o monstro pode ter mais de uma cabeça. Também não será possível domesticá-la, nem capitalizá-la. é sobretudo contra isso. Não é prudente brincar com os que exigem algo de que se está convencido de que se tem direito. As declarações da Presidente Dilma de não demonizá-los, y até mesmo de aceitar algumas das reivindicações concretas, é algo sábio, que ao invés de demonstrar fraqueza frente aos que protestam sem nome e sem lideres, revela que ela entendeu que é melhor não brincar com fogo. Os maiores responsáveis pela manutenção dos valores democráticos, tais como políticos, já que não há outra alternativa para a democracia, deveria ser também os mais atentos para evitar erros em momentos difíceis como o que estamos vivendo. A tomada violenta, primeiro do Senado e, em seguida, do Ministério dos Negócios Estrangeiros, pelos manifestantes, ou a destruição da sede do governo local, é inédito no país. É sério. Ele assustou a todos. Impossível esquecer, neste momento de apreensão da UE, que a democracia é um copo de cristal na mão, às vezes, se ignoram sua própria fragilidade.
Posted on: Sun, 23 Jun 2013 00:19:57 +0000

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