Estou lendo “Jango a vida e a morte no exílio “de autoria do - TopicsExpress



          

Estou lendo “Jango a vida e a morte no exílio “de autoria do historiador e jornalista Juremir Machado da Silva – homem da fronteira como eu - , o livro narra os últimos dias e horas de vida do presidente João Goulart . Narrado,em grande parte , na terceira pessoa , o personagem através de “flash-back” repensa seu passado e suas lidas políticas. Logo nas primeiras linhas – o livro narra a chegada de Jango a” Paso-de-los libres”, o almoço no hotel D.Alessandro I , o encontro com amigos e companheiros de Uruguaiana – fui lançado de volta àquele tórrido dezembro de 1976. Ainda lembro algumas coisas o tempo apagou, daquela manhã de segunda-feira: o corpo de Jango estava em Paso-de-los libres ,os militares brasileiros não queriam dar permissão para ele ser transportado à São Borja. Eu, a piloto da minha nave-mãe, e mais um grupo de jovens professores – na época tínhamos vinte e poucos anos – resolvemos juntar-nos a outro grupo formado por sindicalistas, intelectuais e pessoas comuns que ,desde da madrugada , se organizavam para fazer uma última homenagem ao último presidente eleito antes da longa noite dos generais . Hoje não sei precisar quantos eram: talvez cem talvez mais, talvez menos. Nossa idéia era ocupar a “boca” da ponte. A área da aduana e arredores estava tomada por um aparato policial e militar (soldados do exército, brigada e polícia federal), acabamos ficando isolados por detrás da tela que circunda o espaço da entrada da ponte. Nós – de caras limpas, sem máscaras de “anonymus” ou coisa parecida – de um lado da tela e soldados e policiais do outro, olho no olho. Quando jovens, parece que o medo não nos assusta,pelo contrário. nos motiva. Lembro que uma colega professora, cujo tempo apagou seu nome da minha memória, mas, não o seu gesto, rabiscou num papelão algo como “Jango vive”, isto causou uma confusão: agentes da polícia federal ameaçaram prendê-la. Alguns mais ousados ensaiavam refrões como “abaixo a ditadura”. Um jovem tenente do exército passava pelo grupo e proveria provocações como - esta cambada de agitadores comunistas tem que ir para o paredão. Após muita negociação foi liberado a passagem do corpo de Jango. Corremos para a BR , nos colocamos na entrada do bairro “Ilha do Marduque”. De repente um carro negro em alta velocidade e escoltado por viaturas do exército e da polícia rodoviária passou “voando” por nós rumo ao trevo de saída para Itaqui. Finalmente Jango estava voltando a sua querida São Borja. “Um herói que morreu na tristeza do exílio” como bem escreveu Juremir no final de seu livro.
Posted on: Fri, 30 Aug 2013 10:38:44 +0000

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