Está circulando pelo Facebook uma nota de esclarecimento dos - TopicsExpress



          

Está circulando pelo Facebook uma nota de esclarecimento dos alunos que são contra a greve. É importante estarmos atentos e cientes de todas as opiniões. Segue ela: Fortaleza, 26 de outubro de 2013 NOTA DE ESCLARECIMENTOS DOS ALUNOS DO MOVIMENTO “GREVE AGORA NÃO” Devido a inúmeras ideias desencontradas, informações sem coerência, boatos e um clima terrível de hostilidade que se abateu nos campi do ITAPERI e de FÁTIMA da UECE, faz-se necessário essa nota, tanto de esclarecimentos como também para um possível diálogo. Primeiramente, queremos deixar bem claro que em nenhum momento discordamos que a UECE SE ENCONTRA PRECARIZADA, não somos alienados ao que está a nossa frente, enxergamos e sentimos o descaso todos os dias quando almoçamos no RU, quando usamos os banheiros, quando faltam professores em nossos cursos, quando não sentimos segurança de andar dentro do campus e em suas imediações, quando as nossas bolsas não conseguem nem pagar as nossas xerox, muito menos comprar livros, quando falta estrutura para pesquisas e também quando não encontramos livros suficientes na biblioteca ou quando nossos colegas do interior, que moram na capital, não têm uma residência universitária. Sabemos que, algumas das nossas colegas de turma que já têm filhos, mas não tem onde os deixar, pois a nossa Universidade não disponibiliza uma creche. Também queremos deixar aqui registrado que TODAS as pautas são legítimas, concordamos com todas e ainda gostaríamos de acrescentar outras. Reconhecemos a GREVE como um instrumento legítimo de lutas, porém somos questionados o porquê da GREVE AGORA NÃO, e infelizmente somos marginalizados e acusados de egoístas, reacionários, individualistas, alienados, etc., por defendermos uma opinião contrária de um grupo de alunos que não representa a maioria. Então, tentaremos aqui enumerar algumas questões que nos levam a ter a nossa opinião: 1 - Achamos que o movimento existente ainda é prematuro para ser deflagrada uma greve. Por mais que nos digam que o assunto GREVE NA UECE esteja há anos rondando no campus buscamos ser racionais, compreendendo que entre a ocupação da reitoria e a tentativa da imposição de decisão da greve ocorreu em um tempo mínimo onde não houve a possibilidade de realizarmos debates aprofundados sobre o assunto e propormos outras formas de estratégia. Isto é, com divulgação mínima, com tempo insuficiente, com a falta de uma posição democrática durante os poucos encontros que aconteceram, onde reinaram a intolerância e o discurso fascista, no sentido de quem tivesse posicionamento contra ter sido agredido com palavras tais como insensíveis, desumanos, medíocres... Tenta-se impor uma greve a uma comunidade heterogênea, onde mesmo havendo pontos comuns, há certamente pontos divergentes. E as posições contrárias não têm sido respeitadas de forma democrática. 2 - Gostaríamos de participar então da construção desse momento, nos informando mais sobre o mesmo, conhecendo e disseminando informações sobre a real situação das reivindicações pautadas pelo movimento, construindo pautas, traçando táticas, fazendo mobilizações, atos, dialogando com os responsáveis, tanto da UECE, como do GOVERNO, e com isso tentar uma mediação. 3 – A maioria de nós, não se sente representado pelos movimentos políticos da universidade, então como alunos e membros da academia queremos que as nossas vozes sejam ouvidas, e não que sejam “representadas” por um pequeno grupo. 4 - Acreditamos e defendemos a DEMOCRACIA da última terça-feira, dia 22/10, nossos professores, através de assembleia do colegiado, votaram pelo ESTADO DE GREVE, que se trata de um período para tentar novas negociações, etc., como se fosse um “sinal amarelo”. E, nessa assembleia, os professores determinaram que fosse realizada outra assembleia no dia 29/10 para definir se entrariam em greve. Nesse mesmo dia, foi realizada uma assembleia de estudantes onde, para muitos, não ficou claro se houve ou não a deflagração da greve pelo corpo discente. Houve inclusive informações truncadas. Foi dito que esse encontro não seria deliberativo. Diante da posição inflamada de uma pequena parte dos estudantes no universo de 11.651 alunos, a maioria mais pacífica se sente acuada até mesmo para colocar suas posições. 5 - Diante desta “greve dos alunos” inexistente até o momento, o que se viu na UECE ITAPERI foram cenas lastimáveis, carteiras empilhadas diariamente na porta das salas, criando barricadas para impedir os que queriam assistir às aulas, assim, negando o direito dos professores de ministrarem as suas disciplinas. Cenas de professores sendo hostilizados pelo simples fato de quererem lecionar. No turno da noite, além das barricadas, também vários blocos do ITAPERI E CH tiveram a energia elétrica cortada, o que além de uma atitude covarde é irresponsável, pois existem blocos que possuem 2 andares e com isso poderia provocar acidentes, tanto de alunos como de professores, ao descerem as escadas no total escuro. Alunos invadindo salas de aulas e praticamente colocando professores e alunos que queriam assistir aulas para fora delas, ou impedindo-os com batucadas. Tais atitudes ocorreram também durante a assembleia do Curso de Letras no CH, que ocorreu um dia após a dita “assembleia geral” do movimento que não constrói. São exigidos prazos de legalidade em alguns cursos, mas não se cumprem esses prazos legais para realizar outros encontros. Votações de assembleias dos estudantes nos cursos também não são respeitas em suas decisões de maioria e democráticas. Assim, nos parece que é um movimento de dois pesos e duas medidas. 6 - Temos também consciência de que o cenário político atual não é muito propício para tal medida. O governador do estado nunca teve a educação como sua prioridade e a UECE menos ainda. Então tentem imaginar qual a importância que ele daria agora, prestes a terminar o seu último mandato? Apesar de acreditarmos que as lutas são absolutamente necessárias, não acreditamos que a estratégia Greve seja a linguagem entendida pelo governador. 7 - Também somos capazes de ver que esta greve pode ter uma tendência POLÍTICA PARTIDÁRIA, na qual infelizmente algumas pessoas se aproveitam desses momentos para se promoverem e utilizar a greve como “pano de fundo” de suas campanhas que vão ser realizadas no próximo ano. 8 - Ao contrário do que dizem nos mostramos solidários aos companheiros estudantes do interior que estão em greve. No entanto, como já dito antes, apenas estamos tendo conhecimento agora de como está a real situação do interior. Assim, é necessário tempo para definirmos quais seriam as estratégias de luta mais adequadas no momento atual. 9 - Em relação às ASSEMBLEIAS, não nos sentimos representados e com liberdade de expressão nesses espaços. Vários alunos que têm opinião contrária à greve, e que tentaram se manifestar durante a assembleia geral, foram cercados , quando não hostilizados, e tiveram suas falas sabotadas com vaias e até com microfone desligado. 10 - Acreditamos que essas assembleias tem se mostrado tendenciosas, pois sabemos e presenciamos pessoas que não estudam na UECE participando das votações, tais como: ALUNOS DE OUTRAS UNIVERSIDADES (UFC), MILITANTES PARTIDARIOS, SINDICALISTAS E PESSOAS DE MOVIMENTOS SOCIAIS. Isso é fato gravíssimo e por si só o maior argumento de não se considerar LEGÍTIMA qualquer deliberação tirada nessas assembleias. Inclusive de transformar o estado de greve em estado de sítio, já que uma assembleia de uma categoria não pode contabilizar votos de pessoas que não pertencem a UECE. Sabemos que uma assembleia geral é soberana, mas, nessa assembleia apenas os alunos da UECE estão autorizados a votar. O argumento de que a votação se dá “por mão levantada” não proporciona confiabilidade nas assembleias visto a participação de pessoas que não compõem o corpo estudantil. Há comprovante de matrícula e lista disponibilizada pelo DEG (Departamento de Ensino e Graduação), assim podendo providenciar uma votação organizada e com urnas como feito nas eleições do DCE (Diretório Central dos Estudantes) e dos CAs (Centros Acadêmicos). 11 - Está evidente a divisão e ruptura de ideias dos alunos em relação à greve. Sabendo que um movimento grevista demanda energia, acreditamos que deflagrar uma greve agora é iniciar um processo com poucas chances de vitória. Estaremos desmobilizados em um momento em que deveríamos estar unidos. Portanto, tememos por uma greve que ao começar fraca e desmobilizada, corra o risco de ser longa e arrastada. Não há como prever quanto tempo à mesma poderia durar. Porém, com a cisão entre alunos e diante do panorama sócio-político atual, há a possibilidade de somente retomarmos o calendário acadêmico em 2015 sem conquistas para as reivindicações. 12 - Assim como os campi do interior tiveram a autonomia de decretar greve, a UECE FORTALEZA reinvindica o direito de tomar a sua posição, sem a pressão do autoritarismo e posições xiitas no sentido de um NÃO ser entendido como um não e um SIM como um sim. Mas de ser visto como o NÂO para repensar o movimento, ideias e estratégias. 13 - Não aceitamos a posição tomada, diante do que está ocorrendo na universidade, de muitos CAs (Centros Acadêmicos) terem tomado a decisão de não negociação com o Reitor da UECE. Isso tem tido como consequência o nascimento de dissidências dentro da universidade e verdadeiras “facções”. Também não aceitamos partidos políticos se apropriando de nossos esforços para melhorias da UECE como forma de ferramenta eleitoral. A UECE, seus professores, técnico-administrativos, servidores em geral e estudantes não devem balançar as bandeiras de partidos e sim os partidos e políticos balançar a bandeira da Universidade e da Educação em suas funções. A nossa função é criticidade, desenvolvimento científico, social e econômico, mas não partidário. 14 - Temos como exemplo a greve dos professores do RIO DE JANEIRO, onde durante uma luta histórica e uma mobilização em massa dos professores e sociedade nas ruas, após 78 dias a greve dos mesmos terminou e nenhuma das suas pautas foi atendida. Gostaríamos de dizer que não somos intolerantes e estamos abertos para qualquer diálogo, entretanto, queremos deixar bem claro que não aceitaremos imposições colocadas por um pequeno grupo, desejamos sim, sem duvida, uma UECE melhor a cada dia e não nos negamos a lutar por isso. Porém, como seres pensantes, aprendemos na academia o que é democracia, então também vamos defender que será dentro dela o melhor lugar para tal prática. Sabemos que em cada curso existe um universo e não queremos tachar que um curso defende ou não o movimento, até porque fica evidente que essa divisão se encontra em todos os lugares, não só entre os alunos, como também com o colegiado dos professores. Sabemos o que pensam e que nos apoiam alunos das humanas, exatas, sociais e da saúde, da capital e interior. Em suma, não estamos nos isentando e negando os problemas de uma universidade na qual estamos inseridos. Apenas reinvindicamos que o processo seja amplamente democrático. Não aceitaremos qualquer forma de imposição. Somente uma Universidade forte traz divisas para o Estado e para a Sociedade. Não é porque somos contra uma greve agora, que estamos cegos e não dispostos a lutar por nossos direitos. Assinam esta nota todos os alunos que se sentirem representados por ela.
Posted on: Mon, 28 Oct 2013 05:21:10 +0000

Trending Topics



Recently Viewed Topics




© 2015