Eu ainda te vejo como uma menina mesmo você tendo se tornado essa - TopicsExpress



          

Eu ainda te vejo como uma menina mesmo você tendo se tornado essa mulher. A única imagem que tenho de você são seus 1,50 fumando um cigarro, seu olhar triste de uma atriz de cinema e suas coxas grandes que cambaleavam como o andar de um bêbado. Alguns sorrisos, sim, alguns poucos sorrisos. Talvez por fixação grudaram-se em mim esses quadros, talvez porque quase nunca te vi após isso. Sei que te irrita o modo como eu repito isso, esse tratamento que ignora todo seu desenvolvimento que você batalha tanto pra conseguir. Mas fazer o quê? Você é uma menina, Ana. Você é uma menina porque eu ainda quero te diminuir para ser maior que você, porque eu ainda quero te engolir e tomar-te em meus braços, cruzando estes em suas costas com o mesmo olhar mesquinho e obsessivo de sempre. E assim, obsessivo, controlador e mesquinho, sorrio, sem coragem nem vontade de negar palavra alguma que você me diz, pois você é a profeta impiedosa que sabe meu passado e presente, e só você sabe que todos os meus textos de amor deveriam ser no imperativo e que minha vontade de poder sempre foi maior que a vontade de libertar qualquer um. Quando mais novo, constantemente imaginava uma situação: duas pessoas, uma de frente para a outra, no meio de uma trituradora, como aquelas de filme americano que destroem carros, sendo pressionadas, um corpo no outro, até explodirem. Eram pedaços de cérebro e partes diversas do corpo para todos os lados. Eu nunca tirei isso da cabeça. Essa explosão é o que mais desejo e essa visão distorcida de amor é a única que eu tenho. Todas as outras escapam por entre meus dedos como água. O momento em que se formou, recente ou antiga eu não possuo respostas para estas perguntas. Sei apenas que nos meus ínfimos dezenove anos de vida, algo aconteceu e, depois disso, eu nunca mais fui inocente suficiente para acreditar numa união de almas, o que criou-me esta de corpos, impossível. Desse segundo em diante, o meu amor não era mais divino, sacro e imaterial, ele é uma estratégia natural para a reprodução. É inevitável não tentar controlar o amor quando o próprio se mostra tão banal. Não pode ser expresso em palavras o sentimento de indignação, culpa e raiva-própria que me causa ter essa visão. Tenho nojo de mim mesmo, da minha mesquinhez, prepotência e me dá vontade de vomitar. Eu, que expus meu próprio peito em sangue e carne para arrancar Deus, fiz de mim mesmo humano, mas agora vejo-me demasiadamente humano. Transformei-me numa pessoa triste, Ana, que acredita somente em matéria. Mesmo que meus olhos brilhem ao ver alguém, que eu chore de felicidade em sua presença, matéria não expressa amor. Matéria expressa bomba e sangue. Você me perguntou o que eu faria quando alcançasse a grandeza. Não penso na grandeza, nem ao menos falo sobre grandeza, desejo apenas ser maior, cada vez maior e ilimitado, algo que alguém que alcançou a grandeza nunca poderá ser, porque depois dela, a única possibilidade é a decadência. Como a escalada de uma bela escada gigante que começa em carvão, vai à madeira, bronze e ouro, mas logo após seu último degrau, te espera apenas um trampolim com uma piscina de merda e mijo embaixo. Mas já que me perguntou sobre ela, se for para alcançar a grandeza, se for realmente para alcançar a grandeza, você vai ter que me esperar no trampolim. Ou eu te espero, tanto faz, quem chegar primeiro. Fica combinado assim. Então pularemos juntos, mas com estilo, como aqueles atletas das olimpíadas com seus mortais e saltos ou como um suicida pulando de uma ponte. Nadar numa piscina de merda não pode ser tão ruim. Já estamos numa pior. O que é a vida senão um mar de merda e mijo? Fernando Pessoa fez poemas em linhas tortas, isso é o que também desejo. Só aceito as tortas, tão tortas quanto dizem ser as linhas de Deus. Eu não serei como os príncipes do “Poema em linha reta”, nunca serei como os príncipes, e mesmo com tentativas à exaustão jamais conseguiria ser. Eu sou como a plebe que implora por um pedaço de pão, com os sulcos no rosto e os ossos a mostra. Minha dor, minha fome e minhas cicatrizes se expressam por si só, independente da minha palavra ou desejo. Minhas qualidades são deixadas de canto por vontade própria, a única coisa que me importa são os defeitos. Deveríamos nos negar a falar bem de nós mesmos pois as venturas e virtudes apresentam-se sozinhas, como crianças ao ver outra. Os defeitos, esses sim, se escondem como ratos em buracos nas paredes, e só atacam covardamente. Deixá-los expostos é a nossa obrigação. Ana, enquanto houver caneta e papel, escreva. Com tinta suficiente os maiores desejos e preces do mundo podem ser realizados. Tire sua roupa, sua pele, seu medo e suas fraquezas, e, por mim, que nunca poderei fazê-lo, tire o véu da sua alma. Faça sua espiritualidade, nua, transbordar pelas linhas e deixe-a alcançar todos aqueles que não conseguem. Que eles sintam, mesmo no espaço de uma leitura, o sentimento que você tem todo dia e que possam te louvar, beijar seus pés e mãos por você ter possibilitado isso. A responsabilidade de acreditar em Deus e na sacralidade do amor é a responsabilidade de manter o homem de pé. Eu te amo, Ana. Ouça a voz dos anjos Em dedicação a todos aqueles que são surdos. Kalil, Ana
Posted on: Fri, 01 Nov 2013 03:15:20 +0000

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