Eu e o câncer. Desde um aninho convivo com ele em minha vida. - TopicsExpress



          

Eu e o câncer. Desde um aninho convivo com ele em minha vida. Quando eu tinha um ano minha mãe descobriu um CA de mama e com ele conviveu durante doze anos .Anos esses que me privaram da sua presença , carinho e de ter um irmãozinho que não pôde ser gerado devido a doença. Foram inúmeras internações e tratamentos sem resultados e aos 32 anos ela partiu. Lembro-me de vários momentos desta época. Mas vira e volta me emociono muito com uma deles: quando eu tinha mais ou menos 8 anos, na escola tinha uma apresentação de dança em homenagem ao dia das mães, ela me disse que receberia alta neste dia e que eu podia ir para escola mais cedo, que assim que chegasse iria. Quando subi no palco para a apresentação, fiquei durante alguns minutos a sua procura e nada de achar. Fui dançando sempre de olho naquela multidão tentado encontra lá, afinal era para ela que eu estava dançando. Como ficar feliz se a pessoa que eu mais amava, ali não estava. Não, ela não foi. Ganhou alta, mas estava debilitada e não conseguiu ir. Quanta falta me faz até hoje.... Algumas pessoas da minha família tiveram câncer também, mas estavam distantes e infelizmente não pude dar apoio e outras que só fiquei sabendo após curarem ou partirem. Até que inicio do ano passado (2012), uma tia avó que mora no interior veio para minha casa para o tratamento de um CA de Colo. Durante três meses, abracei a causa como um todo. A primeira semana entrei meio em paranóia, tantos exames, quimioterapia, radioterapia, medico, historias diversas de outros pacientes, todos queriam falar sobre o CA. E aos poucos vamos virando uma família, compartilhando e se ajudando. Hoje minha tia Belina está ótima, completou 81 anos este mês e vive intensamente como sempre, namora, dança e curte a vida. Neste período fiz tipo um laboratório, acho que Deus a colocou no meu caminho, primeiro porque sabia que eu era capaz e segundo preparar-me para o que viria pela frente. E logo que ela recebeu alta e voltou para casa, saiu o resultado da biopsia que eu estava aguardando. Infelizmente o resultado deu positivo, sim, eu estava com CA e só após a cirurgia esclareceu se a dimensão do tumor. Este mês faz um ano que comecei a minha própria luta, com diagnostico de câncer e sem o namorado que me deixou, após anos juntos.... E com isto também, alguns amigos em comum se afastaram. Nunca mais um simples oi para saber como eu estava. Estes amigos fizeram-me falta. Pode não parecer, mas quem realmente me conhece sabe que sou muito intensa nos meus sentimentos, sou meio que leoa e quero proteger todo mundo. Rsrsrs. Deus sabe o que faz, não é mesmo? Mas independe disto todos serão sempre bem vindos. Em fevereiro deste ano (2013) para completar um grande amigo partiu, me abalou muito, afinal quem estava doente era eu e não ele. Em agosto (2012) fiz a cirurgia para retirar o CA, procedimento previsto para 3 dias de internação, fiquei dez dias, devido uma bactéria que me fez ficar sem comer 7 dias , com muita diarréia e vômito o que me deixou muito debilitada. Vinte dias após saiu o resultado da segunda biopsia com CA em grau lll, câncer de endométrio, infelizmente um pouco avançado, já havia tomado meu colo uterino e meus ovários. A equipe medica definiu que deveria ser feito 8 sessões de quimioterapia, 25 de radioterapia e 4 de braquiterapia. Um ano de tratamento e depois mais quatro anos de como eu digo, de “monitoramento” para saber se o câncer vai voltar. E assim comecei a luta, procurando Deus mais intensamente para me fortalecer, mais ao mesmo tempo como entender que Deus me permitia tamanho sofrimento. Os amigos e a família sofriam, ficavam se escondendo para não demonstrar, afinal eu precisava da ajuda de todos. Meu pai meio que surtou, as coisas para ele se repetiam após 30 anos. Como ele ia entender que a sua única filha estava com CA e que ia sobreviver. E ele começou a me sufocar, porque achava que eu deveria ficar de repouso. Enquanto eu queria era sair, eu precisava viver, de conversar, desabafar, chorar, rir e distrair um pouco. Sim e muito, porque era o momento que conseguia não ficar chorando ou pensando nas coisas que aconteciam comigo. O lado bom do câncer: Aprendi valorizar mais as pequenas coisas, comecei a me amar muito mais e com uma enorme vontade de ajudar muito mais as pessoas. Após a queda dos cabelos “talvez a pior parte”, comecei a me vestir melhor e me produzir, afinal careca e mal arrumada ia ficar parecendo um homenzinho com cara de doente e isso eu não queria. Rsrsrs. E as amigas de CA, começaram a se inspirarem e terem mais força, porque viam como eu andava sempre bem e linda. Rsrsrs. E me agradeciam por demonstrar aquela força não sei de onde, ou melhor, de Deus. E cada vez que eu arrumava para sair para o hospital eu me produzia mais ainda, para mim e para elas e eles também..Afinal algumas pacientes também começaram a fazer como eu e isso me fazia muito bem. Vários pacientes e seus familiares vinham me procurar para falar como passaram a acreditar e terem mais confiança no tratamento após me verem. E diziam que eu era uma exemplo de vitória e muito guerreira. Sim, sou uma guerreira, até eu às vezes duvido disto e me emociono comigo mesmo. Foram vários amigos e amigos de amigos, que me ajudaram durante este um ano com palavras, apoio e orações. Mas não posso deixar de agradecer alguns que viveram intensamente este momento comigo, sei que é até injusto eu falar nomes. Mas quero agradecer primeiramente Deus que me deu forças para suportar tudo tão bem, ao meu Pai e a Caca por estarem ao meu lado, a tia Marlene que mesmo estando longe me deu um enorme apoio, a mãe Maria, a Dayse Vitor , a Eliane Rangel Dantas, a Rejane Re, a Juliane Dos Santos e suas famílias( que as dividiram comigo) durante este um ano. Afinal foram horas a fio de muitos choros e risadas. Lembram amigas? Agradeço também a toda equipe médica do HC e Luxemburgo, que vou representar com a Fabi Souza (um anjo que caiu do céu), que quando eu estava na sessão de braquiterapia, um momento muito difícil, mesmo ela acabando de me conhecer, me deu a mão e olhou fundo nos meus olhos dizendo que eu iria conseguir. O tratamento principal acabou e a VIDA continua... e eu me encontro apta a viver intensamente como minha tia Belina.Rsrsrs. Obrigada a todos sem exceção. Bjos. Luciana.
Posted on: Mon, 19 Aug 2013 21:12:53 +0000

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