Eu tenho uma vida muito boa. Sinto felicidade desde o momento em - TopicsExpress



          

Eu tenho uma vida muito boa. Sinto felicidade desde o momento em que abro os olhos pela manhã e saio para trabalhar até o momento de deitar a cabeça no travesseiro e dormir o sonho dos anjos. Porque a felicidade é o estado de espirito que escolhi para a minha vida. Evidente que não tenho preocupações financeiras. Pensando de uma forma tosca, possuo tudo aquilo que materialmente faria uma pessoa feliz. Não pago aluguel, tenho excelente assistência médica, frequento shoppings quando isso me apraz, pq realmente gosto mais de uma boa sombra em um parque ou praça para ler um livro ou prosear na companhia de amigos. As manifestações do país poderiam me passar batidas e me comprazer em assisti-las pela televisão. Mas não! Sempre li muito. Desde pequena, desde que uma certa vez minha avó Silvina me mostrou um roupeiro cheio de livros velhos, que ela sabiamente avisou que aquilo eu não podia pegar. Foi só o que bastou. Desde aquele momento eu descobri a leitura. Vovó só faltou dar uma piscadela. Não precisou. Li naquelas férias no Rio de Janeiro vários clássicos da literatura brasileira, escondida pelos cantos da casa, pensando que escondida estava. Voltando a Porto Alegre, descobri uma biblioteca perto de casa, e devorei estantes. Poderia citar tantas frases que me marcaram. Uma em especial, de Terêncio: "Nada que é humano me é alheio"... tantas vezes repetida por Karl Marx em situações exasperantes. Nessa biblioteca eu ficava sentada no chão, entre as estantes, e me lembro que ao ler essa frase fiquei muito tempo pensando. Para os exotérico, sou uma canceriana "pura emoção", para os materialistas históricos, ali nasceu minha incomodação com a sociedade. Para mim, ali a minha vida começou a ter sentido. Alguma coisa tinha que mudar. "Alguma coisa estava fora da ordem". E não era eu. O tempo passou, eis-me aqui vivendo essas manifestações. Repetindo, não tenho muitos motivos para estar nas ruas, gritando e me escalpelando por mudanças nesse país. Não faço isso isso por mim. Vou pra rua pelo humano. Vou pra rua porque me incomoda ver gente vivendo em condições de submundo num país tão rico. Vou pra rua porque me incomoda ver as condições das escolas públicas, dos hospitais, da política, do modo em que esse povo vive. Me incomoda ver pessoas de uma pobreza material mas principalmente intelectual por falta de boa formação, pois é isso que favorece políticos oportunistas, corruptos, nojentos. Me incomoda ver gente que teve formação mas continua dominada pela mídia, pensando exatamente da maneira que eles querem. Me incomoda toda essa violência do "ter a todo custo" que o capitalismo impõe levando as pessoas a um vale tudo pelo nada, que elas pensam um mundo. Amanhã, com certo medo, estarei novamente nas ruas! Porque eu acredito na força de muita gente na rua. E, li uma frase mas não me lembro de quem: "Há quem morro chorando pela fome.. eu morrerei denunciando a miséria". Aqui em casa, nossa família estará nas ruas amanhã gritando por um país melhor. Tomara que você esteja junto. Se não, sem problemas, a gente estará lá por você também.
Posted on: Thu, 11 Jul 2013 04:35:49 +0000

Trending Topics



Recently Viewed Topics



BY

© 2015