Excelente artigo..... Momentum 23 Jun 2013 Lições do Momento O mais importante tema no momento atual é a avaliação das transformações que serão precipitadas pelas recentes manifestações que se alastraram pelo país. E toda presunção de eventual acerto nessa avaliação é apenas o reconhecimento da enorme dimensão do processo ainda em ebulição. Todos temos uma vaga ideia de como nasceu, mas ninguém tem a exata visão de como irá terminar. Apenas a constatação de que o que foi precipitado transcendeu em muito o que se imaginou e mudará muitos aspectos do comportamento da sociedade, do cidadão, das estruturas sociais e políticas, dos meios de comunicação, das empresas, das entidades e das representações sociais de qualquer natureza. Alguns pontos podem ser destacados como contribuição a essa visão do todo em transformação sem nenhuma preocupação hierárquica, ainda pelo reconhecimento da abrangência, profundidade e dimensão de todo o processo e, ignorar ou subestimar essa visão, num comportamento avestruz, é se candidatar a ser atropelado pela História. O momento. O país como um todo, mas em especial os segmentos emergentes, vinha de um período de fortes ganhos sociais, com redução de desigualdades, ganhos significativos de renda real, acesso a bens de consumo e serviços antes só sonhados e num quadro de quase pleno emprego, porém com declinantes Índices de Confiança. Ao invés de ser narcotizada por esse conjunto de benefícios recém-adquiridos, houve essa insurgência contra tudo que se percebia de desvio de conduta, a partir do estopim da causa da redução das tarifas. E se deu conta da capacidade de reverter situações, energizada agora pela reversão da decisão anterior das tarifas, o que se transformará em elemento propulsor de novas ações não só no plano paroquial dos municípios, mas também, e principalmente, nos grandes temas nacionais. Antipartidária ou Apartidária. A discussão será exaustiva e longa, mas ficou clara a mensagem de que as agremiações políticas que aí estão não conseguem representar as demandas emergentes e poderão eventualmente surgir novas alternativas em siglas e propostas para tentar incorporar essa ideia da transformação pretendida. Mas as organizações também deveriam perceber que o cidadão que se insurgiu também é o cliente ou consumidor que, com novos critérios analisa comportamentos, compromissos e propostas das marcas, empresas, corporações e negócios. Num primeiro momento pode até haver dissociação entre o político e o privado, mas na evolução, em breve, essas matérias ser entrelaçarão e com os mesmos novos conceitos tudo no plano privado será também reavaliado. A transformação da comunicação. O movimento atual, na esteira de outros ocorridos em outros países, foi desenvolvido apoiado nas redes sociais e só posteriormente mereceu o destaque que deveria nas mídias convencionais. Se alguém em algum momento duvidou do poder das redes deve agora estar pasmo ao perceber seu poder de mobilização, interação e ação e o que precisa ser incorporado é que, essa dimensão, também agora concentrada nos temas políticos, se espalhará para toda forma e área de comunicação empresarial, demandando novas posturas, estratégias e competências. Vácuo de Liderança. É sintomático o vácuo de liderança que se criou no processo atual. Nem os iniciadores das manifestações, nem as autoridades, nem os partidos, nem as entidades, os participantes e os mais diversos representantes de tudo que está aí ousaram se posicionar. Muitos por surpresa, outros por omissão e todos por dificuldade de compreender a exata dimensão do que ocorre e poderá ocorrer. Até mesmo quem tinha por obrigação propor direção demorou a se manifestar, ou ainda não o fez. Foram manifestações sem discursos apesar da dispersão de objetivos e causas. E isso deve também ser considerado, para além da constatação do vácuo de liderança, e pode significar em novos modelos de organização social e política, para ser extensível aos modelos empresariais, nessa era da comunicação digital multidirecional e interativa. (GC - Penso ser o ponto fundamental de tudo que esta ocorrendo, achávamos que alguém ou alguma coisa iria resolver tudo nesse pais, sindicato, empresas, partidos, estado.... nada disso. Quem resolverá é o cidadão, assumindo, de fato seu papel na vida do pais, fazendo sua própria história) E ainda não é tudo. A regulamentação de inclusão dos valores dos impostos pagos nos produtos e serviços nas notas fiscais que deveria entrar em vigor agora foi protelada para daqui um ano, por solicitação de entidades empresariais pelas dificuldades operacionais e tecnológicas envolvidas, ainda que algumas empresas começassem operações piloto para avaliação dos resultados. Imaginamos qual poderia ser a reação nas manifestações se essas informações tivessem disponíveis e todos tendo uma clara visão do volume de impostos incidentes em tudo que compram e consomem comparativamente com o que recebem como serviços e assistência. Processo. O que aconteceu e acontecerá é apenas parte de um processo mais amplo de transformação de comportamentos, desejos e vontades, precipitado por um conjunto de elementos que, entre muitos fatores, inclui a realidade emergente da comunicação e interação digital, a evolução e maturidade do consumidor-cidadão, uma profunda frustração pela forma como o país tem sido dirigido e a ausência de respeito pela pessoa, traço característico de nossa cultura. O momento agora é de reflexão. Para que se possa melhor tentar entender a magnitude do que tem acontecido e as lições e consequências do que ocorre. E num momento seguinte, que não deve demorar muito, de ação, pois ficou claro que até o tempo passou a andar mais rápido.
Posted on: Mon, 24 Jun 2013 20:26:38 +0000
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