FMI COMEÇA A DUVIDAR QUE A GRÉCIA SEJA SOLVENTE O representante - TopicsExpress



          

FMI COMEÇA A DUVIDAR QUE A GRÉCIA SEJA SOLVENTE O representante do Brasil no conselho diretivo do FMI diz que os técnicos daquela organização estão "a um passo de considerar a possibilidade de um incumprimento" por parte da Grécia. "A consciência dos riscos de que o programa [de resgate grego] descarrile está a aumentar e não podemos deixar de notar um tom de desespero por parte dos técnicos [do Fundo Monetário Internacional] nos reiterados pedidos às autoridades gregas e da zona euro para que cumpram os seus compromissos", afirmou Paulo Nogueira Batista Jr., o representante do Brasil, e de mais 10 países (incluindo Cabo Verde e Timor-Leste), no conselho diretivo do Fundo Monetário Internacional (FMI), segundo relata o jornal grego Kathimerini. Nogueira Batista Jr. terá, ainda, referido que "a análise [dos técnicos do FMI] está a um passo curto de considerar abertamente a possibilidade de um incumprimento ou de um atraso" nos pagamentos ao FMI por parte da Grécia. A ser considerada essa possibilidade, a análise de sustentabilidade da dívida grega sofreria uma alteração substancial face ao que prefiguraria um evento de crédito. Uma tal conclusão colocaria em causa a continuação da participação do Fundo dirigido por Christine Lagarde no segundo resgate à Grécia, um programa em curso desde março de 2012 e que deverá terminar em 2016. Abstenção do bloco liderado pelo Brasil "Os recentes desenvolvimentos na Grécia confirmam alguns dos nossos piores receios", disse o representante brasileiro. "A implementação (do programa de resgate) não foi satisfatória em quase todas as áreas e as hipóteses de sustentabilidade do crescimento e da dívida continuam a ser demasiado otimistas", declarou O representante brasileiro refere que se absteve na resolução do Fundo, tomada esta semana, sobre a quarta avaliação do andamento do resgate e sobre o desembolso da tranche de financiamento no montante de 1,7 mil milhões de euros. O bloco que Nogueira Batista Jr. representa vale apenas 2,6% dos votos, mas o facto de esta posição ser tornada pública é um sinal da insatisfação que poderá reinar entre as economias emergentes, alvitra o jornal grego. A declaração, escrita, do representante brasileiro toca dois problemas que são abordados no relatório dos técnicos do FMI divulgado hoje sobre a quarta avaliação que foi fechada a 29 de julho. Pouca ou nenhuma margem O atual nível de dívida grega é de 168% do PIB e deverá atingir 176% no final do ano. Um traço novo do perfil desta dívida é que 75% está, agora, ma mão de credores "oficiais", ou seja da troika, envolvendo os fundos de resgate europeus e o próprio FMI. No caso português é, apenas, de 32%. O compromisso assumido no memorando do segundo resgate - e que foi decisivo para o FMI se envolver - estipula a descida daquele nível da dívida grega para 124% do PIB em 2020. Entretanto, os europeus já admitiram uma redução do nível da dívida grega para 120% em 2020 e "substancialmente abaixo de 110%" em 2022. Para que essa trajetória se inicie, Poul Thomsen, atual chefe da missão da troika em Atenas, declarou, em conferência de imprensa, que "haverá necessidade de algum alívio". Esse "alívio" está calculado em 4% do PIB em 2014 e 2015, com base nas atuais projeções. Como recorda o relatório dos técnicos do FMI sobre esta quarta avaliação, "é uma parte essencial do cumprimento dos critérios, o compromisso dos membros da zona euro em apoiar continuamente a Grécia, incluindo fornecer o financiamento oficial adicional para preencher futuros buracos de financiamento e avançar com uma maior redução da dívida se for necessário". O programa de resgate em curso continua a satisfazer os critérios de acesso a uma ajuda excecional do FMI, mas já "com pouca ou nenhuma margem", sublinha o relatório. Os técnicos advertem que "se o programa descarrilar irremediavelmente e os estados-membros do euro não continuarem a apoiar a Grécia, a capacidade de reembolsar o Fundo provavelmente seria certamente insuficiente". Em suma, "preocupações com a sustentabilidade da dívida continuam a ser um risco". "Uma parte crítica do programa continua a ser o compromisso dos parceiros europeus da Grécia de providenciarem uma redução da dívida no sentido de a manter no caminho programado", lê-se na apreciação feita pelos técnicos. "Essa trajetória programada implica ainda um nível muito elevado de dívida na próxima década, deixando a Grécia propensa a acidentes por um período prolongado", refere-se na avaliação. Ora esse nível elevado gera "incertezas" que tornam "difícil" aos técnicos do FMI "afirmar categoricamente que a dívida (grega) é sustentável com alta probabilidade". Teste ao apoio europeu Apesar da "incerteza" sobre a sustentabilidade da dívida grega, o FMI tem feito vista grossa ao assunto em virtude de "o risco de efeitos sistémicos internacionais no caso de uma interrupção permanente do programa permanecer elevado". No entanto, já reconheceu que a reestruturação parcial da dívida grega na mão dos credores privados foi decidida com atraso e que o FMI deveria ter sido inflexível, logo no início, quanto a essa solução, que acabaria por só se concretizar no início de 2012. Ora se as preocupações com a sustentabilidade da dívida "pesarem nos sentimentos dos investidores", os parceiros europeus devem considerar a possibilidade de um "alívio" implicando "uma redução mais rápida da dívida do que a atualmente programada", recomendam os técnicos do FMI. Naturalmente que o "alívio" incidirá sobre a dívida na mão dos credores "oficiais" europeus. O programa de resgate está financiado na totalidade até julho de 2014, mas já foi sinalizado um "buraco" de financiamento a partir de agosto num montante de 4,4 mil milhões de euros, que terá de ser analisado e resolvido na quinta avaliação que decorrerá em Atenas no final de setembro. A que se adiciona um novo "buraco" de 6,5 mil milhões de euros em 2015. Poul Thomsen frisou, contudo, que são "números tentativos". A este propósito, o relatório do FMI recorda "o compromisso do Eurogrupo em fevereiro e em novembro de 2012 de fornecer o apoio adequado à Grécia durante a vigência do programa e mesmo depois, desde que a Grécia cumpra integralmente com o programa". "Resolver os buracos de financiamento e cumprir o compromisso de reduzir a dívida (grega) será um teste para o apoio europeu", concluem os técnicos do FMI.
Posted on: Sat, 03 Aug 2013 11:35:40 +0000

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