FORAS DA CASINHA E BIPOLARES Uma variedade de expressões no dia a dia fazem diagnósticos psiquiátricos. Em parte, isso se deve à divulgação cada vez maior da medicina e da ciência em geral. De outro lado, é uma linguagem que identifica comportamentos vistos como desviantes de uma norma social ou como simplesmente inconvenientes. Essas expressões podem ser reduzidas a dois grandes grupos: os bipolares e os fora da casinha. Os primeiros seriam emocionalmente instáveis, imprevisíveis, irritadiços e brigões. O fato de que a imensa maioria dos que são chamados bipolares verdadeiramente não apresentam essa condição fica em segundo plano. Dar um nome a eles de certa forma adverte contra o seu temperamento, tornando previsível o imprevisível. Os segundos seriam os "loucos" propriamente ditos. Por estranho que pareça, a probabilidade de encontrar-se um portador de Transtorno de Humor Bipolar nesse grupo é muito maior. Em geral, dizer que alguém está fora da casinha (ou do condomínio) significa uma situação mais grave. Nos bipolares se pode afinal colocar limites, mas os "fora" são preocupantes e não se sabe bem como agir com eles. Intuitivamente, essa dicotomia repete a velha divisão da psicopatologia em neuroses e psicoses. Que esses diagnósticos cotidianos são altamente imprecisos e refletem uma percepção empática e pouco objetiva de um grupo ou de uma única pessoa não há dúvida. A grande maioria sofre de estresse, ou estão simplesmente carentes de afeto.
Posted on: Fri, 30 Aug 2013 01:59:45 +0000
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