FUI COMPRAR O PRESENTE pro meu pai no shopping. Um programinha bem - TopicsExpress



          

FUI COMPRAR O PRESENTE pro meu pai no shopping. Um programinha bem capitalista. Ao contrário de meus colegas intelectuais, eu não "odeio shopping". Prefiro mil vezes um passeio consumista com hambúrguer e milk shake, ou ter de opinar sobre sandálias e vestidos, do que uma manifestação na Paulista, que agora já adquiriu o status de "o que tem pra hoje". Acabei comprado um livro para o meu pai (Memórias do Subsolo) e um pra mim também (uma edição da Dicta & Contradicta). Na saída fui comer no Burguer King. Ninguém é de ferro. E eis que senta-se ao meu lado um colega, vagamente conhecido, interessado basicamente nas mesmas coisas que eu: filosofia, arte, política, mulheres - talvez não nessa ordem. Ele me pergunta sobre a Casa da Palavra, a quantas anda. Vai bem, muito bem. Ele se surpreende imaginando que eu fosse tecer alguma crítica. Tirando o fato de que o Eduardo Suplício vai la dar uma palestra lá, até agora parece bem interessante a programação. Você saiu por causa do PT? Sim, o PT entrou, eu saí. Normal. Então ele, muito cordial e simpático, me lasca essa: O PT não é mais de esquerda. E eu fiquei ruminando a ideia junto com o Whoper Furioso (não eu, o Whooper). Pensei em responder várias coisas. Todas aquelas velhas evasivas pra tentar salvar uma ideia utópica e romantizada da tal "esquerda". Mas eu acabei respondendo a verdade: eu não acredito mais na esquerda. O PT é esquerda sim, o problema é que a esquerda não é tão poética como parecia. Aí eu deitei a falar sobre o caos da América Latina e do Brasil, e que falta faz uma educação e uma cultura de liberdade, bem como uma economia aberta e, claro, valores morais pra que tudo isso funcione. E falei sobre como nos tornamos uma sociedade populista e coletivista, com seus cacoetes totalitários. E eu citei a figura do Feliciano - o leproso moral dos dias de hoje. Nosso mais novo e perfeito bode expiatório. E disse a ele como a mídia tratou ridiculamente o tal projeto da "cura gay", jogando na conta do Feliciano, e criando um obscurantismo em torno da coisa. O Feliciano é o Rei Midas às avessas, tudo o que ele toca vira merda. Como o ódio desta figura já está estabelecido na confusa mentalidade popular basta associar alguma coisa (qualquer coisa!) ao seu nome ignóbil para que seja sempre amaldiçoado e jogado nas trevas exteriores do entendimento humano. Ele é o Goldstein (1984) da vez, contra quem a massa enfurecida uivava sem saber nem mesmo por que. E eis que, chegando em casa, me deparo com esse simpático vídeo do ritual de ódio contra o Feliciano dentro de um avião. Vou falar. Eu, se fosse ele, do alto da minha erudição pós-moderna, deitava o cacete nessa molecada baitola.
Posted on: Sun, 11 Aug 2013 02:42:32 +0000

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