Fazer o bem, nao importa a quem. Um dia eu peguei um papel e comecei a anotar frases que pessoas me disseram durante toda essa caminhada, nao necessariamente filosoficas, mas que de alguma forma me marcaram. Essa foi dita em Janeiro, em Playa del carmen, com duas Coronas com pedaco de limao dentro: "Um brinde as pessoas extraordinarias" Minhas primeiras horas em Uluwatu foram com dois viajantes casca grossa, um deles com 43 anos, historias que seriam inacreditaveis se o desgraca nao tivesse ido ao programa do Jo conta-las em detalhes ( veja aqui youtube/watch?v=36e9IX_6b-E , mas como todo viajante ama viajar, ainda tem a parte 2, 3, 4 e 5), fora as bem mais inacreditaveis que ouvi esses dias, e meu colega brasileiro que morou em phi phi na mesma epoca que eu, com 26 anos e uma vida inacreditavel. Eu estava no meio dos dois e fui escorrendo pela cadeira, me recolhendo de volta a minha vidinha iniciante perto daquelas historias. Quero focar minha atencao no menino de 26 anos, meu caro amigo Leo. Leo me chamou para ficar com os brasileiros em uluwatu, e logo que cheguei, fez um miojo com ovo que ele comprou pra economizar grana comendo fora. Nao pensou 2 vezes em fazer o prato pra mim. Enquanto comiamos, uma placa gigante caiu no meio da estrada na rua a frente, e apesar das varias pessoas perto, ele correu na mesma hora para retirar a placa do meio da estrada e evitar um acidente. Voltou, parou para conversar com a senhora balinesa dona da home stay que estamos, e em seguida com um grupo de australianos surfistas que estao na casa ao lado. Deu a mesma atencao e interesse para ambos. A comida esfriou. Percebi que deveria observar mais essa pessoa. Ele jamais fez uma comida somente para ele, ele jamais fez algo so para ele, nem uma so vez. Se alguem comentasse que precisava disso ou daquilo perto dele, antes mesmo da pessoa manifestar qualquer pedido, ele ja se oferecia para ajudar. Se conheciamos alguem na rua, ele sempre convidava a pessoa a se juntar a nos em nossa casa, e assim o Leo era a pessoa mais chamada na porta de casa. E quando sentamos para conversar sobre a vida, ele contou de quao longe ia nos trabalhos, quantos convites para uma vida promissora de dinheiro ele recebeu nos mais diferentes paises... mas que em seguida eram trocados por outro convite para cruzar o oceano, explorar uma vila hippie num vale desconhecido havaiano, conhecer por la mais alguns multimilhonarios excentricos que o levariam para comandar algumas redes de churrascaria, ate ele pirar novamente e ir morar em algum hostel da costa da california, com o dia de amanha totalmente desgarantido de novo. Uma pessoa movida pela sua voz interna, nao importa o que essa o faria fazer, porem semore fazendo o bem. Chegou o dia de ele deixar Bali e seguir para mais outro destino, a convite de mais alguem que se encantou por alguma gentileza do meu novo amigo. Abriu a mala e comecou a retirar tudo de dentro "essa bermuda aqui fica, magrinhooo, quer essa blusa aqui? Essa aqui tambem fica, e essa..." e a mala foi pela metade. Foi no bancou, sacou o resto do dinheiro, e para a minha surpresa, tudo aquilo era simplesmente para ter mais espaco na bolsa para comprar presentes paras os amigos que encontraria pela frente agora, e la se foram seus ultimos trocados. Perguntei pra ele sobre fome, frio, e esses detalhezinhos que fazem a gente chorar pela maldita grana, e a resposta foi: "Ate as piores pessoas, quando a gente as faz se sentirem queridas, mostram um lado bom tambem. Esses presentes vao pras pessoas que me fizeram muito bem um dia, e tenho certeza que continuarao fazendo, e mesmo que nao facam mais, ainda tenho muito o que agradecer" Pegou a carona com um dos meninos de moto, com sua mochila pequenininha e se foi. La se foi mais uma das pessoas extraordinarias do mundo. La se foi ela, mas uma parte imensa ficou em mim, e espero poder comprar um dia um colar com o meu melhor dinheiro e dar a ele em algum lugar do mundo, so pra agradecer essa parte dele que ficou.
Posted on: Thu, 19 Sep 2013 06:44:12 +0000