Fixem esta mulher por José António Saraiva Quando Passos Coelho - TopicsExpress



          

Fixem esta mulher por José António Saraiva Quando Passos Coelho anunciou a substituição de Vítor Gaspar por Maria Luís Albuquerque, muita gente torceu o nariz. Os media apostavam em Paulo Macedo – e a escolha de Maria Luís foi uma completa surpresa. Mas ninguém podia imaginar o filme que iria seguir-se. Ainda Maria Luís Albuquerque não tinha assinado o compromisso de honra como nova responsável das Finanças e já estava metida no centro de um vulcão. A minutos da cerimónia de posse em Belém, o país era surpreendido com uma insólita carta de demissão de Paulo Portas, que podia significar a queda do Governo. E o motivo da renúncia era, imagine-se, a escolha de Albuquerque para substituir Vítor Gaspar! Foi, assim, em ambiente de absoluta incerteza que a nova ministra das Finanças tomou posse. Maria Luís Albuquerque poderia estar a assumir uma pasta ministerial de um Governo já virtualmente morto. A esquerda fez chicana pública com este facto, ridicularizando todos os seus protagonistas: o Presidente da República, o primeiro-ministro e, claro, a nova ministra das Finanças. Uma coisa era certa: Maria Luís Albuquerque entrava com o pé esquerdo – sem o apoio dos media, com a oposição de Paulo Portas e empossada no cargo numa cerimónia que se assemelhava mais a um funeral do que a uma investidura. Para agravar as coisas, a oposição não se cansava de referir o envolvimento de Albuquerque no famigerado caso dos swaps. Por que razão o primeiro-ministro escolhera para um posto-chave do Governo uma pessoa à volta da qual existiam tantas dúvidas e ainda por cima com telhados de vidro, era uma coisa que ninguém percebia. Dias depois, porém, começaria a entender-se. O presidente do BCE, Mário Draghi, e o ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, elogiaram a nova governante, mostrando três coisas: que a conheciam, que acreditavam nela, e que a previsível quebra de confiança internacional por causa da saída de Vítor Gaspar não seria, afinal, tão grave como se temia. Veio, entretanto, o debate sobre o ‘compromisso de salvação nacional’ pedido pelo PR, e o tema saiu da agenda. Mas, passado esse interregno, o PS voltaria à carga com os swaps e os ataques a Maria Luís Albuquerque. Confesso que ainda não percebi porquê. Em primeiro lugar, fragilizar neste momento o ministro das Finanças, qualquer que ele seja, é fragilizar o regime e fragilizar o país. Ora, se se percebe que o PCP e o BE o façam, não me parece que o PS tenha algum interesse nisso. Por outro lado, foi o Governo do PS quem criou o problema. Mas há mais. Os socialistas acusaram a ministra de ter «mentido» (acusação grave e que ultimamente se tem feito com inadmissível ligeireza), dizendo que a documentação sobre os swaps tinha sido passada a este Governo – e que Albuquerque é que se tinha atrasado a agir. Ora, existe aqui uma contradição: se o Governo anterior já dispunha na altura de documentação relevante sobre o problema dos swaps e os perigos envolvidos, por que não actuou, deixando esse encargo para os sucessores? Como disse o ministro Poiares Maduro, o Partido Socialista fez, neste caso, a figura do incendiário que ateia o fogo e depois acusa os bombeiros de se terem atrasado. Mas há males que vêm por bem: chamada à comissão de inquérito no Parlamento, Maria Luís Albuquerque falou durante quatro horas e meia, mostrou capacidade combativa e convenceu os que estavam de boa-fé. O PSD ficou orgulhoso da ministra, o PS entupiu, e até o CDS a elogiou, esquecendo as reservas anteriores. O porta-voz do CDS, João Almeida, disse textualmente: «As intervenções públicas da ministra das Finanças têm convencido o país da sua competência e seriedade». Maria Luís Albuquerque tem algumas parecenças fisionómicas com Angela Merkel – para melhor, acrescente-se – mas não só: também a faz lembrar pela energia e determinação que coloca no exercício do cargo e no combate político. Desde os tempos de Leonor Beleza (e deixando de lado Manuela Ferreira Leite, que mostrava autoridade mas era por vezes demasiado amarga) que o PSD não tinha uma mulher tão afirmativa, tão segura e com uma presença tão forte. Oxalá o país não a desperdice. P.S. – Com uma polémica aparentemente alimentada por pessoas próximas de Sócrates, foi triturado mais um governante. Por sinal, da equipa de Maria Luís Albuquerque. O ex-primeiro-ministro é um homem vingativo e que não desiste. Preparem-se para ver quem será a próxima vítima.
Posted on: Tue, 20 Aug 2013 11:44:59 +0000

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