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Flamengo uma paixão ou uma contradição? Este texto foi consequencia de uma pesquisa histórica minha, e cheguei as seguintes conclusões: _ O FLAMENGO NÃO É UM TIME GENUINAMENTE BRASILEIRO. _ O MOMENTO HISTÓRICO, O NOME E AS PRÓPRIAS CORES DO CLUBE DE REGATAS FLAMENGO INDICAM SUA RAÍZES EUROPEIAS, ESPECIFICAMENTE DA BÉLGICA, PAÍS QUE ABRIGA A GRANDE MAIORIA DOS FLAMENGOS NEERLANDESES DO SÉCULO XVII. _ QUE O SPORT RECIFE PODE-SE SE CONSIDERAR UM TIME MAIS FLAMENGO QUE O PRÓPRIO FLAMENGO. _ QUE O CONFLITO ENTRE FLAMENGOS HOLANDESES E OS PORTUGUESES NO SECULO XVII PODE TER TIDO GRANDE INFLUENCIA NA ESCOLHA DOS ELEMENTOS CULTURAIS DO C.R FLAMENGO. _ TODA VEZ QUE ASSISTIMOS UM JOGO ENTRE VASCO E FLAMENGO VEMOS UM TIME DE ORIGEM PORTUGUESA, QUE RECONHECE SUA ORIGEM, E UM TIME DE ORIGEM BELGA, NO ENTANTO DIFERENTEMENTE DE SEU RIVAL, DESCONHECE SUAS RAÍZES CULTURAIS. Aonde tudo começou Ano passado, uma amiga de trabalho,Teresinha Moreira, me presenteou um livro, muito interessante, cujo título é A CIDADELA INVENTADA, escrito pelo arquiteto pernambucano, Pihba Cavalcanti. Este livro descreve os ideais de um intelectual neerlandês lunático e os acontecimentos que marcaram a chegada da corte holandesa em contato com os povos africanos e nativos, ao desembarcar no Brasil. Essa estória tem inspiração nos fatos históricos que ocorreram nos anos de 1630 a 1654 na maior colônia portuguesa, isto é, o nosso Brasil, as consequências desse momento são muito sugestivos para esclarecer certas coisas. A leitura deste livro me fez ter um desejo especial para encontrar uma possível ligação que este contexto histórico, a qual o escritor de Pernambuco baseou o enredo da estória de sua autoria, pode ter com o processo de fundação do C.R Flamengo.Vejam: A história verdadeira, aquela que está no livros de História do ensino fundamental, explica-nos sobre a tentativa holandesa no século XVII de tomar o Brasil do domínio de Portugal, que começou com a primeira expedição marítima holandesa, na região aonde hoje é a Bahia, em 1621,mas foi na expedição de 1630 no porto dos arrecifes, no que é o atual estado de Pernambuco, que os interesses holandeses obtiveram sucesso. Nessa época não existia Holanda, no sentido como entendemos na era contemporânea, mas sim o Reino dos países baixos, Nederland, o do sul e o do norte. O reino dos países baixos do norte, formado por sete províncias unidas, tornaram-se independente do rei da Espanha e do julgo da Igreja católica, e fomentaram o desenvolvimento de uma próspera sociedade comercial, calvinista e liberal, que manteve-se a pá dos mandos e dos desmandos políticos das outras potencias econômicas da época; entretanto o reino dos países baixos do sul, não alçaram no mesmo ímpeto das revoltas que decidiram o rumo da história européia, como a reforma protestante, o que deixou as províncias unidas do sul, econômica e politicamente atrasada em relação aos seus vizinhos do norte, isso porque, a subordinação aos reis da Espanha não havia sido alterada e o sul continuo subjugado aos ditames da Igreja. A essa parte neerlandesa correspondente ao sul, em referência a variante lingüística desta região, denominaram os seus habitantes de Flamengos, os Flamengos eram aqueles que não possuíam uma ligação com os princípios calvinistas, sua principal base comercial ficava em Flandres, e deram origem a uma país-nação conhecido hoje como Bélgica, a Bélgica portanto pode ser considerada como produto dessa divisão étnica,política e religiosa entre os povos neerlandeses que se sucedeu neste período da história, divisão esta que ocorreu, como dito, principalmente devido a reforma protestante e o surgimento do liberalismo econômico. É notável então a união não oficial entre estes povos para conquistar terras além-mar, que nem sempre ficava explícita; na invasão de 1630 no Brasil colonial, o recrutamento de flamengos para as atividades operacionais de navegação é bem evidente nos relatos desta época, o que manifesta o desejo dos neerlandeses de implantar uma nova civilização com base nos valores desta nação. A primeira tentativa de tal intento de construir a Nova Holanda ou a Nova Amsterdã havia sido implantada no que é hoje a cidade de Nova York,EUA, como as práticas comerciais falaram mais alto, os objetivos se transferiram para uma outra parte do continente americano, dessa vez seria o nosso Brasil, e lá vieram, os neerlandeses do sul, os flamengos, e os neerlandeses do norte, os holandeses da Casa de Orange, sobre a liderança do conde e príncipe João Maurício de Nassau-Siegen, estavam confiante de que era possível tomar, por meio da guerra e de sua aparente superioridade tecnológica, o Brasil das rédeas de Portugal, tudo indicava que os holandeses e os flamengos estenderiam seu império da cidade do Recife para todo o resto da colônia, porém com a intervenção da Inglaterra nas principais batalhas travadas naquela região, em 1654 o sonho e os ideais dos invasores se dissolveu com a derrocada bélica e os arrecifes voltou a pertencer a coroa portuguesa; restou a posterioridade a construção de pórticos e aquedutos, pontes e a própria urbanidade que os holandeses engenhosamente criaram e implementaram, principalmente, na capital pernambucana, ficou também aquela leva de invasores que por escolha, ou por força do destino, decidiram permanecer e trabalhar nos engenhos, gerar a descendência que viria constituir esse grande caldeirão étnico-cultural que é o Brasil, essa massa de invasores que não retornaram, eram em sua grande maioria de etnia flamenga, isso porque os flamengos, diferentemente dos neerlandeses do norte, se identificaram com o preponderante e sólido catolicismo português instituído na colônia, isto facilitou e de certo modo, favoreceu o estabelecimento dos flamengos no lado português do continente sul-americano; como a outra parte, a do norte, permaneceu calvinista e liberal, não havia opção a não ser voltar para sua terra de origem, com isso os flamengos, durante o século XVIII, se infiltraram nas atividades comerciais tanto na América portuguesa tanto quanto na América espanhola, já que ambos tinham o catolicismo em comum, essa influência etno-cultural, clandestina dos flamengos residente na colônia portuguesa se espalhou e chegou na futura capital do império, a cidade do Rio de Janeiro, sabemos que com o advento do ciclo da mineração, especificamente do ouro, ouve uma intensa migração de escravos para região das Minas Gerais e posteriormente para São Paulo no ciclo do café no final do século XIX, e é nesse período da história brasileira que está a compreensão mais importante do objetivo deste texto. Não se sabe ao certo até que ponto os flamengos que ficaram ou que se infiltraram no Brasil colonial, influenciaram a formação cultural da futura nação brasileira, mas no século XIX era possível que grande parte da nascente aristocracia burguesa republicana estivesse consciente da guerra contra os holandeses que pôs fim as pretensões da Casa de Orange, estudando o período da fundação da República Brasileira, especificamente o final do século XIX, vemos a efervescência dos intelectuais na consolidação da identidade nacional que surgia com o advento do positivismo, doutrina social, importada pela aristocracia boêmia do Rio de Janeiro, percebemos nas atitudes e nos escritos destes homens o desejo de se firmar uma identidade brasileira em que a mesma se afasta-se da influência dos costumes de Portugal; o cuidado tomado pelos proclamadores da República para construir uma novo tempo na política, na economia mas principalmente na cultura do povo republicano, era evidente e pra isso rechaçar, refutar e limitar a influencia cultural dos antigos colonizadores se tornou imprescindível para a instauração da república em 15 de novembro de 1888, exemplo clássico dos ideais republicanos, está estampado nas obras do escritor Lima Barreto, que sonhava com a instituição do Tupi como idioma oficial da nação, em substituição ao português, tais objetivos denuncia o quanto os acadêmicos lutavam por uma identidade legitimamente brasileira, e legitimamente não portuguesa, isto provocou uma briga institucional neste período entre os republicanos e a comunidade portuguesa residente no país, grande parte dos portugueses eram a favor da perpetuação da monarquia. É do bairro carioca, que homenageia o navegador neerlandês Olivier Van Noort do século XVI, e de seus compatriotas prisioneiros refugiados no século XVII, que nasce o Clube de Regatas Flamengo, é interessante notar que o Flamengo surge como clube de remo e logo depois se torna um clube de regatas, até chegar pro fim no futebol, e que suas cores iniciais eram o azul e o amarelo, é com muita atenção que deve-se analisar as relações das cores e o momento histórico-político da época; já em 1914 o clube adota em sua camisa de jogo as cores cobra coral, similar ao que o Santa Cruz-Pe usa na atualidade,é a partir de 1916 que começa a ser usada a camisa rubro-negra, não se sabe ao certo quais eram as motivações quando Nestor de Barros, secretário fundador do Flamengo, decidiu propor o vermelho e o preto como cores principais da agremiação, porém ao estudar tudo o que já foi expresso aqui nesta pesquisa, pode-se facilmente associar o processo de fundação do Flamengo como expressão ou manifestação desportiva dos ideais contrários a influência portuguesa que ainda imperava naquele tempo no Rio de Janeiro, e que o próprio clube nasce como uma extensão do desejo de se livrar da cultura portuguesa enraizada na população daquele período, e que este atributo que a instituição faz ao nobre bairro do Rio de Janeiro colonial é prova disto, e esta percepção se torna muito mais convincente quando paramos para comparar as cores da bandeira do país de origem dos flamengos holandeses, a Bélgica, ela possui o preto e o vermelho como cores principais de sua bandeira e o amarelo como a cor secundária, aí está as semelhanças e o diferencial, o Flamengo tem o branco e não o amarelo como sua cor secundaria, mas é mais notável ainda o fato da própria seleção de futebol da Bélgica sempre ter preferido usar as duas cores principais em seu uniforme de jogo, sendo assim a reconhecida seleção rubro-negra da Europa, e se perguntarmos será que tem algum clube pernambucano que tenha sofrido influência dos flamengos neerlandeses, iríamos cogitar que sim, existe sim um time da cidade de Recife que tem as cores da Bélgica em sua cores institucionais, eis que nos deparamos com o Sport Recife, é mais significativo o fato do time pernambucano ter além do preto e do vermelho o amarelo como sua cor secundaria, isto é, o Sport é mais flamengo do que o próprio Flamengo! Agora refletindo sobre tudo que foi exposto, será que podemos mesmo afirmar que o Flamengo é o time genuinamente brasileiro? Uma vez que tem em suas cores oficiais as duas cores principais da bandeira da Bélgica, deveríamos nos perguntar até que ponto esse movimento nacionalista republicano do final do século XIX, que pregava o distanciamento da herança cultural portuguesa foi capaz de determinar as formas de fundação das instituições que nasciam naquele contexto histórico. O futebol veio da Inglaterra então é lógico supor que a grande maioria dos clubes antigos terem tido, por diversas formas, as influências das nações que já praticavam o futebol. ISSO É LÓGICO.
Posted on: Mon, 02 Dec 2013 05:45:00 +0000

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