"Fodástico", o texto do Giovanni Alves. No PPG de Sociologia da - TopicsExpress



          

"Fodástico", o texto do Giovanni Alves. No PPG de Sociologia da UFRGS ele seria classificado com um teórico, que não faz pesquisa empírica... mas os seus trabalhos estão muito mais conectados com a necessidade prática de mudar o mundo. Ai que vontade de retomar os estudos de sociologia do tra Uma síntese teórica marxista, inspirada em Meszáros e Antunes, que tem coragem de criar novos conceitos: "O precariado como verdadeira “contradição viva” incorpora, com sensibilidade social, a precarização existencial inscrita na ordem burguesa hipertardia. Não se trata apenas da precarização salarial que atinge a larga parcela de jovens inseridos em relações de trabalho precários, mas a precarização existencial ou precarização do homem-que-trabalha, que deriva das condições de existência alienada da vida urbana precária. Na verdade, a precarização do trabalho está efetivamente contida, por exemplo, na precarização do trajeto entre residência e local de trabalho, na circulação e na mobilidade urbana precária (o tema do transporte público). A precarização do trabalho está presente também na precarização do tempo de vida assolado pelos requisitos do trabalho estranhado e no tempo livre manipulado pelo consumo e o lazer superficial e alienante. A precarização do trabalho deriva não apenas da organização do trabalho flexível, mas também do modo de vida just in time, promovendo uma nova dimensão de desefetivação humano-genérica: a precarização existencial ou a precarização do homem-que-trabalha, conceito discutido no meu último livro Dimensões da precarização do trabalho." Sobre a questão geracional que debatemos tanto na JPT (na JAE): "Deste modo, percebe-se que a “classe social” do proletariado é uma classe social complexa demarcada por camadas sociais e frações de classe, cada uma com uma cultura e psicologia social própria. No caso da camada social do precariado, o que lhe caracteriza radicalmente é o recorte geracional e a inserção num determinado status educacional, com a carga ideológica que lhe é própria. De repente, tornou-se visível nas ruas do País, a nova expressão do proletariado brasileiro que reside principalmente nas grandes cidades do país. Em sua larga maioria, o precariado é composto por estudantes. Podemos considerar o estudante como um trabalhador assalariado em formação." Sobre a condição social de estudante. Fez refletir sobre o papel que cumpre o esquerdismo, ao emular os secundaristas contra o Ensino Médio Politécnico, porque este nãos os prepara para o vestibular: "A condição social de estudante é hoje uma condição precária, tendo em vista a candente falta de expectativa de futuro profissional, aliada à organização das escolas (inclusas universidades públicas e privadas), que se tornaram verdadeiras máquinas de moer gente – no sentido em que elas incorporaram, para alunos e professores, a lógica do espírito do toyotismo: intensificação do trabalho escolar, com pressão e assédio moral visando cumprimento de metas tendo em vista a obtenção do diploma universitário. É a lógica da obtenção de resultados e desempenho produtivista. E pior, no caso dos estudantes, sem perspectivas palpáveis de realização profissional futura." Os dilemas que encontro ao meu redor e nas salas de aula: "Temos salientado que o precariado representa em si e para si a carência de futuridade intrínseca à ordem do capital. Por isso são suscetíveis a absorverem em suas atitudes sociais, formas de irracionalidade que caracterizam a ordem decadente do capital. A carência de futuridade deriva daquela “presentificação crônica” constatada por Eric Hobsbawn há alguns anos e que caracteriza o sociometabolismo da barbárie social. Na ótica liberal, não existe nada para além do capitalismo, a não ser o próprio capital em sua forma arcaica (as experiências pós-capitalistas do século XX). No princípio, era o homem burguês – eis o que diz o livro do “Genesis” do capital. Esta é a perspectiva epistemológica e moral da economia política tão criticada por Marx. A presentificação histórica do capitalismo tal como operava a economia política é a versão clássica (e elegante) da presentificação crônica que entorpece o precariado sob capitalismo manipulatório." Alienação: "Não se trata apenas de um problema social (vínculos laborais precários, baixos salários, falta de direitos laborais), mas sim, trata-se de um problema existencial que corrói a individualidade pessoal. A precariedade salarial e a precariedade existencial interditam a vida pessoal do sujeito de classe. É a alienação/estranhamento na sua dimensão radical." Os imensos equívocos do PT no Governo: "Ora, dez anos de governo Lula e Dilma no Brasil foram 10 anos de deformação espiritual da classe trabalhadora, manipulada pelas igrejas neopentecostais e mídia liberal-conservadora, apesar das benesses da economia política do neodesenvolvimentismo. A despreocupação dos governos Lula e Dilma com o controle social dos meios de comunicação e o desinteresse do PT com a formação política na perspectiva da consciência de classe, contribuíram para a imbecilização das massas proletárias no Brasil." "Depois, a revolta do precariado expôs os limites irremediáveis do projeto lulista de poder baseado nas demandas sociais do subproletariado como classe-apoio. Nesse caso, a tarefa política do lulismo, caso queira sustentar-se como projeto civilizatório nos limites da ordem burguesa, é incorporar as demandas sociais do precariado – num primeiro momento realizando suas necessidades sociais, o que significa construir um projeto de neodesenvolvimentismo que amplie investimentos públicos na educação, saúde, transporte público e serviços públicos de qualidade (o que exige discutir uma pauta de reformas de base que devem transtornar o bloco de poder); e, num segundo momento, um projeto de desenvolvimento social para o Brasil que leve em conta os carecimentos radicais das individualidades de classe, o que, contraditoriamente exigiria negar o neodesenvolvimentismo como projeto burguês e resgatar o projeto socialista como projeto de democratização radical da sociedade visando ir além do capital – o que exigiria uma nova frente política ampla e de massas capaz de hegemonia social e cultural."
Posted on: Sun, 08 Sep 2013 05:08:47 +0000

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