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"(...) Foi no relatório da sétima avaliação ao programa de ajustamento português, publicado em Junho, que o FMI avançou com uma comparação entre os ajustamentos salariais em Portugal em 2009 e em 2012 . Na página 7 do documento, o Fundo apresenta um gráfico, para cada um dos anos, com o peso das variações salariais, entre menos 5% e mais 20%, dos trabalhadores por conta de outrem com descontos para a Segurança Social. Em 2009 conclui-se que apenas 4% dos contratos sofreram cortes salariais e que 19% não registou qualquer actualização. Já em 2012, os congelamentos disparam para 45%, mas só 7% dos contratos tiveram cortes nominais de salários. Um valor considerado reduzido e que fundamenta, no documento do Fundo, a importância de cortes salariais. "Até agora, os aumentos salariais para os contratos existentes no sector privado desaceleraram, mas permanecem positivos apesar do ambiente económico deprimido. Sem mais flexibilidade salarial, tal pode implicar mais destruição de empregos e menos rendimento", lê-se no documento. Os dados divulgados estão, no entanto, errados, subestimando a dimensão das reduções salariais registadas na base de dados da Segurança Social, apurou o Negócios junto de várias fontes. A instituição internacional já sabe do problema com a amostra. E diz ao Negócios que se limitou a usar informação fornecida pelo Executivo. Explicações oficiais ao Governo não foram pedidas, mas o FMI diz que continua a analisar a flexibilidade salarial em Portugal. (...) No relatório da sétima avaliação o FMI diz que é usada uma "amostra de cerca de 18.000 empregados por conta de outrem em cada ano, os quais permaneceram nos seus empregos e pagam Segurança Social". O Negócios sabe que a informação da folha de Excel enferma de vários problemas. Das "cerca de 18.000" observações que pretendem retratar a totalidade da economia – e que o ficheiro usado concretiza em 18.600 –, o gráfico de 2009 tem apenas 16.200 observações, deixando 2.300 dados de fora, ou seja, 13% da amostra. Em 2012, o corte é bem maior: escondidas ficaram mais de 4.000 observações, quase um quarto da amostra . Ao que foi possível apurar junto de fonte conhecedora do processo, das observações ignoradas referentes a 2012, pelo menos três quartos dizem respeito a cortes salariais. A confirmar-se esta informação, mais de 20% dos trabalhadores por conta de outrem sofreram cortes salariais o ano passado, contra os 7% reportados pelo FMI. A estes juntam-se os 45% que enfrentaram uma estagnação salarial. Ou seja, 65% dos trabalhadores viram o seu salário manter-se ou diminuir. A tese da rigidez nominal de salários e das suas implicações na destruição de emprego sai fragilizada. (...) Esta terça-feira, fonte oficial do ministério do Trabalho e da Segurança Social disse ao Negócios que, "no âmbito das reuniões entre técnicos portugueses e técnicos do FMI são facultados microdados que não têm informação completa". Considera, por isso, que "não são apropriadas as comparações de actualizações salariais", nomeadamente porque os dados de 2012 só "têm em consideração salários base" e os de 2011 têm "salários base adicionados de remunerações extra". A razão pela qual terão usado dados diferentes em cada um dos anos não é explicada. O Governo também não justificou a eliminação de milhares de observações do ficheiro de Excel que enviou ao FMI."
Posted on: Wed, 28 Aug 2013 08:37:18 +0000

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