(Foto: Site Oficial) Juan Mata e Eden Hazard: 2/3 do Mazacar. - TopicsExpress



          

(Foto: Site Oficial) Juan Mata e Eden Hazard: 2/3 do Mazacar. (Foto: Chelsea FC) Se houve uma característica marcante do trio que ficou conhecido como Mazacar na Inglaterra foi a movimentação de Juan Mata, Eden Hazard e Oscar. Os três meias mostraram incrível versatilidade, alternando posições não apenas de uma partida para a outra, mas também dentro do mesmo jogo. Os três jogadores mais adiantados que apoiaram Fernando Torres se misturaram no campo tanto seus nomes no apelido dado a eles pelos ingleses. Muitos torcedores esperavam mais do tridente azul, mas é preciso levar em conta que tanto Oscar como Hazard estavam ainda em período de adaptação – que foi ainda mais difícil para o brasileiro. O ex-jogador do Internacional teve a sua primeira temporada europeia justamente na Inglaterra – uma das ligas mais físicas do mundo. Hazard também teve dificuldades, pois veio de um futebol leve (francês) e depois de um começo fulminante, o belga sentiu o contraste e demorou alguns meses para engrenar novamente. Mas mesmo não rendendo o que alguns esperavam do trio, a movimentação de Mazacar foi impressionante. A versatilidade dos três meias proporcionou a Roberto de Matteo e Rafael Benitez alterná-los no meio, na esquerda e na direita e os gráficos de Mata, Hazard e Oscar comprovam exatamente isso. Começando pelo brasileiro, confirmamos duas estatísticas impressionantes do #11 dos Blues: a movimentação e o work rate. Posicionamento e ocupação do campo por Oscar. (Foto: Mauro Cézar Pereira/ESPN) Posicionamento e ocupação do campo por Oscar. (Foto: Mauro Cézar Pereira/ESPN) Como os três jogadores preferem jogar no meio, houve um rodízio natural entre eles, mas nem Hazard nem Mata se movimentaram tanto quanto Oscar. Eventualmente o belga encontrou o seu lugar mais fixo na esquerda, enquanto o #10 permaneceu no meio, mas Oscar se desdobrou não apenas na frente, mas também voltando para buscar a bola e pressionando a equipe adversária. Na Inglaterra há uma característica conhecida como work rate. Traduzindo literalmente seria índice de trabalho, mas de maneira mais objetiva é a somatória das estatísticas de defesa, ataque, passe e movimentação. Nada mais é que do que trabalhar sem parar durante todo o jogo. O work rate não chega a ser medido por uma percentagem, mas mostra quais os jogadores que se destacaram em ajudar o time a roubar a bola, a manter a possessão, passar e atacar. Oscar é o jogador do Chelsea com o melhor índice de trabalho e para aqueles que ainda tinham dúvidas, o seu gráfico indica exatamente isso. As regiões verdes e azuis da imagem mostram como Oscar se movimentou sem parar, cobrindo praticamente todo o campo de ataque e voltando mais do que qualquer outro jogador do ‘3’ para ajudar na defesa. Essa movimentação dificulta muito o trabalho da defesa adversária e compensa parte da lentidão da transição. Se o time sai lentamente da defesa para o ataque, os zagueiros dos rivais tem mais tempo para reagir e se postarem em campo, mas se os meias se alternam a marcação homem-a-homem também se torna lenta e se a marcação for por zona a movimentação confunde os marcadores. As regiões amarelas e vermelhas mostram onde Oscar recebeu a bola. O gráfico dele é mais espalhado dos três, já que o belga e o espanhol conduziram mais a bola, enquanto o brasileiro passou mais. É aqui que o índice de trabalho do #11 aparece. Oscar recebeu, tocou e interceptou a bola mais do qualquer outro apoiador do time. Hazard e Mata tiveram mais assistências e gols, mas o trabalho do brasileiro não passa imperceptível por treinadores como Mourinho, que exigem índice de trabalho alto de todos os seus jogadores. Um meia ou ala que pressiona a saída de bola e a transição adversária é chave para roubar a bola ainda no campo de ataque, para colocar pressão no meio-campo do oponente e ajudar os volantes a proteger a defesa. Se um time apresenta carências na velocidade a maneira mais curta e rápida ao ataque é roubar a bola ou forçar o passe errado do rival no seu campo de defesa. Posicionamento e ocupação do por campo de Eden Hazard. (Foto: Mauro Cézar Pereira/ESPN) Posicionamento e ocupação do por campo de Eden Hazard. (Foto: Mauro Cézar Pereira/ESPN) Hazard começou pelo meio, mas posteriormente moveu para a ala esquerda e alternou momentos centralizado. O #17 não era estranho à posição de ala – pois já havia jogado na posição por parte da temporada anterior no Lille. O rendimento de Hazard é muito bom tanto na meia quanto na esquerda, mas foi uma característica que nem Mata nem Oscar tem que ajudou Eden a consolidar a posição de ala esquerda: a velocidade. O belga é o jogador mais rápido do elenco enquanto conduz a bola, e ainda que não seja tão veloz quanto outros jogadores que atuam na mesma posição, sua agilidade ajudou o time em muitas ocasiões. Conforme falado no post anterior – quando analisamos Ramires e Lampard – uma das deficiências do elenco atual é justamente a falta de velocidade.Victor Moses – uma das alternativas como ala – seria talvez o jogador mais rápido do time, mas ainda não está no nível técnico do tridente principal. Com a chegada de André Schürrle o time ganha um pouco mais de rapidez, mas esse seguirá sendo um dos desafios de Mourinho. As duas regiões vermelhas tão abrangentes no gráfico de Hazard – ambas do lado esquerdo – mostram que ele gosta de jogar com a bola no pé e que não foge do jogo. Ele se apresenta aos companheiros para receber a bola e pouco a pouco foi ganhando mais confiança para encarar os adversários como faz na seleção belga e como fazia no Lille. O resultado da ousadia que demorou um pouquinho para se consolidar foram gols, assistências e chances de gols criadas. Para muitos Hazard é o jogador mais completo do elenco: altamente técnico e habilidoso, rápido, inteligente e solidário. E com essas características, Eden tem tudo para ser o destaque da equipe na próxima temporada e quem sabe ser o intocável do time de Mourinho – que admitiu conceder esse tipo de privilégio, mas somente àqueles que conquistarem o status dentro de campo. Posicionamento e ocupação do campo de Juan Mata (Foto: Mauro Cézar Pereira/ESPN) Posicionamento e ocupação do campo de Juan Mata (Foto: Mauro Cézar Pereira/ESPN) Por último temos o criativo – e peculiar – camisa 10 dos Blues. Juan Mata foi eleito o melhor jogador da temporada pelo clube nas duas temporadas que usou a camisa azul e suas estatísticas impressionam. O meia só chutou menos ao gol (113) que Frank Lampard (132) e o atacante Fernando Torres (130). Assistiu 28 gols marcados pelo time e ainda marcou 20 vezes. Mas o que faz de Mata um jogador curioso é a sua objetividade. Talvez por isso o espanhol não consiga repetir na seleção espanhola os seus feitos no time de Londres. Pouco utilizado por Vicente del Bosque, Mata sempre procura o jogador melhor posicionado para chutar ao gol ou tenta ele mesmo marcar enquanto a filosofia da seleção do seu país explora o toque de bola incansável de um lado para o outro até encontrar o momento oportuno para o bote. Entretanto, se Oscar tem um dos melhores índices de trabalho do time, Mata tem um dos piores. Além da lentidão, o principal homem de criação do time pouco contribui para a defesa e percorre a menor distância no campo comparado com Hazard e Oscar. O espanhol é pontual e tem uma visão de jogo excelente, mas a tendência é que o seu estilo mude debaixo do comando de José Mourinho, que preza o índice de trabalho dos seus jogadores e que provavelmente vai usar a marcação na saída de bola pelos meias e alas para compensar a lentidão do time. Qual a melhor tática? E é aqui que o ‘problema’ de Mourinho começa. O técnico foi bem-sucedido no Real Madrid utilizando o seu esquema favorito porque contou com a velocidade de seus dois alas – Cristiano Ronaldo e Angél di María, além dos passes longos – e quase sempre precisos – de Xabi Alonso que cumpre perfeitamente o que os ingleses chamam de deep lying playmaker (DLP) – que seria um volante de criação que inicia a jogada na intermediária. No Brasil, os volantes em anos recentes começaram na criação do time, mas quase sempre se apresentando mais à frente, o DLP faz isso só que do campo de defesa (daí o deep no nome). Alonso normalmente faz os lançamentos para os alas ou até os atacantes ainda da intermediária do Real Madrid imprimindo velocidade ao contra-ataque madrilenho. Time referência para muitos hoje, o Bayern de Munique tem as mesmas características com Bastian Schweinsteiger (no ‘2’) e Franck Ribéry e Arjen Robben caindo pelas alas. Em ambos os casos a posse de bola não é supervalorizada e tanto Real Madrid quanto Bayern apresentaram um estilo de jogo vertical, rápido e objetivo e formam juntamente com o Borussia Dortmund os times que melhor empregaram o 4-2-3-1 na temporada passada. Mas o que fazer quando faltam peças tão fundamentais para o sucesso do esquema e de quebra compensar o baixo rendimento dos atacantes Fernando Torres e Demba Ba? A alternativa óbvia parece ser o 4-3-3 – colocando um jogador a mais entre os dois volantes e os três meias justamente para melhorar o passe e diminuir os espaços, fazendo a transição para o ataque mais rápida e eficiente (já que o jogador não precisa correr tanto com ou sem a bola), mas Mourinho já disse que prefere o esquema que tinha no Real Madrid. Pelos amistosos jogados na Ásia ainda não podemos tirar nenhuma conclusão do esquema tático que The Special One (O Especial) pretende implantar no time, já que essas três primeiras semanas são focadas apenas em jogadas ensaiadas (para entrosamento e precisão) e preparação física. Mourinho disse que a parte tática será trabalhada apenas quando os jogadores que participaram da Copa das Confederações se juntarem ao grupo, no próximo dia 28. Mas o técnico azul já sinalizou algumas mudanças que pretende implantar. Mourinho quer usar Mata na ala direita, pois ele prefere jogar com o que chama de ‘jogar com o pé errado’. Como Mata é o único canhoto dentre as três opções de apoiadores do time, o treinador explicou que pretende testar o espanhol na direita. Hazard foi mantido na ala esquerda nos dois primeiros amistosos que fez na pré-temporada e a tendência é que continue ali. Assim Oscar provavelmente deve repetir o posicionamento centralizado que jogou com a seleção brasileira na Copa das Confederações. No 4-3-3 do time de Scolari, Oscar era o homem mais adiantado do meio campo que fazia a ligação com os três atacantes, no 4-2-3-1 ele seria de fato o meia-atacante. As opções do time passam por Moses na ala direita, Schürrle na ala esquerda e Kevin de Bruyne pela esquerda ou pelo meio. Não importa qual o esquema Mourinho vai optar – ainda que os times armados por ele sejam notoriamente fiéis à formação, podendo ver o desenho tático no campo com frequência – o fato é que o treinador tem em mãos uma equipe talentosa, mas com características bem diferentes das que ele tinha no Real Madrid e que possuiu algumas deficiências, mas que podem ser corrigidas taticamente. O lado positivo – e que o torcedor do Chelsea espera que possa compensar as carências – é a alta qualidade técnica do trio Mazacar, o índice de trabalho e aplicação de Ramires, a confiança e segurança de Lampard e as alternativas com de Bruyne, Schürrle, Moses, Marco van Ginkel, John Obi Mikel e Michael Essien. Ao que tudo indica o elenco não vai passar por problemas de tamanho como passou na temporada passada principalmente no ataque e na proteção da zaga – levando inclusive o zagueiro David Luiz a ser usado como volante. Um último comentário vale o parágrafo adicional. Hazard tem tudo para ser o jogador da temporada pelos Blues, mas devemos guardar um nome na cabeça: Kevin de Bruyne. O jovem jogador belga possui características bem diferentes do seu conterrâneo, mas também é altamente técnico e versátil, podendo jogar nas três posições do ‘3’, tanto quanto recuado no ‘2’ para fazer o papel de deep lying playmaker. Mourinho diante da contusão de de Bruyne no último amistoso rotulou o #15 como muito importante para ele e um dos jogadores-chave do elenco e demonstrou grande preocupação com a possibilidade de perdê-lo para a segunda parte da pré-temporada – que acontecerá a partir da próxima semana nos EUA. Se o ‘Poderoso Chefão’ dos Blues está de olho assim no jovem jogador de 22 anos, Kevin tem de tudo para se tornar o curinga na manga de José Mourinho.
Posted on: Fri, 26 Jul 2013 19:44:15 +0000

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