GRUPO DE TEATRO UNP ENCENA: A DESPEDIDA Uma vez ouvi um verso que dizia que não é fácil dominar a arte de dizer adeus. O ato da despedida, no entanto, e diferente do que muitos pensam, tem uma beleza sutil e às vezes imperceptível. A simetria da tristeza com a alegria ocorre quando a mente viaja em retrospectiva, recordando de cada evento, de cada momento singular, de cada vitória e conquista, tornando o gosto do adeus algo menos amargo. Foi em 2008, com o anúncio de Sandemberg Oliveira, que descobri a existência do Grupo de Teatro UnP Encena. Na época, nas vésperas de completar os meus saudosos 20 anos, me senti entusiasmo, pois vi ali a oportunidade de retomar as atividades cênicas que desenvolvi no segundo grau. Fiz a inscrição, respirei fundo e lá fui. Mal sabia eu que um simples ato geraria consequências que certamente ficarão marcadas para o resto da minha vida. O grupo, comandado pela talentosa professora Ana Francisca, contém no seu cerne um material muito mais grandioso do que supõe sua premissa. Não é somente um projeto de extensão; não é apenas um grupo de pessoas que se dedicam para montar um espetáculo. E talvez a parte mais mágica e linda tenha sido quando, pouco a pouco, os membros foram se dando conta de que as relações podiam se estender além dos encontros de sábado, que a intimidade poderia ser aprofundada, que parcerias poderiam ser formadas e que, sobretudo, amizades sinceras poderiam ser firmadas. E se tivesse acontecido de outra forma, não teria a mínima graça. Sim, o Grupo de Teatro UnP Encena também é uma família. O que me emociona e fortalece, antes de me despedir oficialmente, é saber que de lá levarei várias amizades, as quais, espero eu, continuem por anos duradouros. Pessoas como Pablo, Roberta, Felipe, Gustavo, Charles, Maria, Vanessa (e suas irmãs), Ana, Sandro, Janaína, Vivian, Kátia e família (Aqui ressalto a memorável admiração em constatar a transformação de Bia, Karol e Katiana, de singelas meninas para belas mulheres)... Enfim, tantos nomes que não poderei citar, tantas pessoas que conheci ao longo de 5 anos, tanta gente boa. Com certeza serviram – e continuarão servindo – como exemplo para mim. Há outro elemento que não posso deixar de mencionar: a oportunidade. Sim, o projeto da professora Ana Francisca dá ao aluno a possibilidade de pisar em um palco de verdade, de encarar uma plateia, de sentir o imutável friozinho na barriga antes de entrar em cena; as pernas tremem, o suor desce pela face, e tudo o que se vê dos bastidores é uma enorme luminosidade por onde os personagens nascem. Essas experiências mostram que, diante de tudo que vivenciei no grupo, fui capaz de descobrir que posso fazer coisas que antes considerava não serem possíveis (Não posso me esquecer das mitológicas viagens para Santa Cruz, é claro). Fui capaz de esquadrinhar o meu subconsciente, aguçar o meu olhar, desbravar a natureza do meu âmago, e por meio disso elaborar a construção de algumas facetas peculiares e inesquecíveis, como o Cangaceiro de Lampião que reclamava da falta de sal na comida; Chico, que abandonou seu amor para ser cangaceiro; Quintino, o nobre ajudante do Padre Inocêncio; Cancão de Fogo, quase um irmão de João Grilo; Cesarino e sua peleja carregando a cruz; Velho José, e sua narração histórica; James Luck e seu romance em terras potiguares; e por fim – e não menos importante – o Malandro, e seu mercado de mulheres. Tudo isso não seria possível sem a direção magistral da professora Ana Francisca, os sábios conselhos fonéticos de Liliane, e o companheirismo das pessoas. Agora eu me despeço por um tempo indeterminado, rumo a uma nova trajetória profissional, na esperança de reencontrá-los, desta vez como um espectador ansioso, que nunca deixará de acreditar que as cortinas sempre poderão se abrir mais uma vez. Até breve e muito obrigado! Saudações artísticas! Léo.
Posted on: Thu, 01 Aug 2013 06:23:59 +0000