Galera, Peço que quem queira se informar um pouco mais do que - TopicsExpress



          

Galera, Peço que quem queira se informar um pouco mais do que está acontecendo no Rio de Janeiro, tenha a paciência de ler este longo texto e os que eu coloco logo abaixo. A informação é uma arma muito mais poderosa do que paus e pedras! Primeiro alguns fatos: - As manifestações começaram na semana passada. As primeiras manifestações (que variavam entre mil e 10 mil pessoas) foram combatidas pela polícia de forma violenta e com uma hostilidade grátis contra pessoas pacíficas. - Os grandes veículos de informação ficaram TOTALMENTE contra as manifestações a início, chamando todos os participantes de vândalos. - Graças à Internet, vídeos e imagens revoltantes, impressionaram muita gente. - Assim o movimento cresceu. E muito! Mais pela revolta da coibição brutal sobre o direito das pessoas protestarem, do que pela busca de um objetivo comum. - Instantaneamente, vendo a força popular que havia surgido, os veículos de informação das massas, se voltaram a favor dos manifestantes, e começaram a separar o joio do trigo. Antes todos bandidos, agora “eram uma minoria”. - Dia 17/06 a primeira grande manifestação no Rio de Janeiro. Pacífica até quase seu final. Em seu final, depredação, saques e espancamento de policiais. - 3 horas duraram estes atos de violência. Atos feitos por bandidos transvestidos de manifestantes. 0 de repressão policial aconteceu durante estas 3 HORAS. Agora o meu relato sobre o que aconteceu ontem, e muito me assustou: Ontem, dia 20/06/2013 após ir ao novo estádio que criaram na Radial Oeste, fui para o Centro encontrar a manifestação que havia saído da Candelária. Na praça XI, descemos do táxi e ao perguntar para as pessoas, fui informado que todos estavam sendo massacrados em frente à Prefeitura. Que era melhor voltar, pois quem havia ficado era uma galera nos mesmos moldes da patota que depredou a Alerj. Assim, pegamos outro táxi em direção à Lapa, para de lá nos informar e andar até onde estava a manifestação pacífica. Saltei, agora sozinho, no final da Riachuelo. Muita gente vindo correndo para o lado da Lapa. Olhos vermelhos, e expressão de revolta em seus rostos. Eu, em minha alta inteligência, andei na direção contrária destas pessoas. Só para um pouco mais na frente já não conseguir mais respirar. Não havia ninguém se manifestando. Não havia ninguém depredando nada. Havia apenas pessoas na rua. E parece que este já era um motivo para bala de borracha, bombas e spray de pimenta. Este era o início do que podemos chamar de “O dia em que a Lapa foi sitiada”. Encontrei alguns amigos, (Pedro Micchi; Mariana Souto; Pedro Paulo Carvalho; Victor Albuquerque) e de comum acordo achamos melhor sair de perto daquela bagunça. Fomos em direção à Lapa. O objetivo era saber onde estava o foco da manifestação, pois a cada momento que passava, ao ver o que os policiais estavam fazendo, a revolta crescia e assim precisávamos protestar. Não queríamos mais. PRECISÁVAMOS. Chegando à Lapa, paramos no Bar da Cachaça, quando recebo uma ligação do amigo Iago Spinelli. Ele me fala que tinha uma galera indo para a ALERJ, para fazer uma manifestação pacífica. Então, decidimos ir para lá passando antes na Praça Tiradentes. Na esquina da Gomes Freire com a Praça Tiradentes, um grupo de aproximadamente 15 gringos vem me perguntar com uma expressão de medo em seus rostos, se o lado do qual estávamos vindo estava tranquilo. Minha resposta: “Sim, tá tranquilo”. Realmente estava, mas não seria por muito tempo. E eu por uma falta de feeling momentâneo não perguntei o porquê do desespero deles. Seguimos. Na Praça Tiradentes, um batalhão de policiais. Neste momento sem fazer nada. Quando pego meu celular para entrar em contato com o Iago, vejo uma mensagem dele que reproduzo aqui: “O pau ta comendo, to cercado”. Era o início do terror. Logo em seguida, preocupado ligo para ele. Ele me informa que está saindo da Alerj. Que o bicho tava pegando. Que era melhor nos encontrarmos novamente no Bar da Cachaça. E então, eu Pedro e Mariana rumamos de volta para o Bar da Cachaça. Chegando na esquina da Gomes Freire com a Mem de Sá, vemos uma multidão correndo em nossa direção, vindo dos Arcos da Lapa. Eu novamente muito esperto, corro contrário à multidão. Para me deparar com uma tropa do Batalhão de Choque, de aproximadamente 30 a 40 policiais vindo em minha direção. Quem conhece a Lapa sabe que a Mem de Sá praticamente só tem Bares. E numa quinta-feira é normal estes bares estarem cheios às 21h30. Dentro destes bares cheios, haviam pessoas em seus happy hours, trabalhadores do local e manifestantes tomando uma gelada pós-manifestação. NINGUÉM ALI ESTAVA LEVANTANDO QUALQUER GRITO DE PROTESTO OU FAZENDO QUALQUER ATO DE VANDALISMO. Pois bem, esta Tropa do Choque veio vindo desde o início da Mem de Sá soltando bomba para todos os lados. Dando tiros de bala de borracha para todos os lados. INCLUSIVE DENTRO DE BARES. Pessoas se trancando e fechando as portas dos bares. E eu bebâdo, revoltado e cheio de gás de pimenta na cara, me perguntava o porquê daquilo tudo. Recuei até chegar novamente ao Bar da Cachaça, que neste momento ainda estava lotado. Junto com uma galera, sentamos no chão em frente ao Bar da Cachaça para tentar evitar que eles passassem. Inútil. Ao nos ver, mais bomba e tiros. Eles passam pelo Bar, deixando de presente para nós umas 20 bombas de efeito moral e de gás. Literalmente fudendo com a saúde alheia sem mais nem menos. NOVAMENTE, NÃO TINHA NINGUÉM PROTESTANDO ALI. MUITO MENOS SENDO VIOLENTO. Após eles passarem, vem um carro do Batalhão e coloca um sinalizador de fumaça no chão, em frente ao bar. Um emblema. Um troféu. Uma conquista. Aquele espaço público agora era deles. Eu, e mais uns 30 nos recusamos a ir embora. Afinal, não estávamos fazendo NADA de errado. A nossa forma de protestar neste momento era simplesmente nos recusar a aceitar este toque de recolher que estavam tentando nos impor. Ficamos bebendo e resenhando no lado de fora do Bar (que a esta hora já estava com as portas meio fechadas para não entrarem mais bombas.). Nesta hora, tínhamos a impressão que o pior já havia passado. Mas o Gran Finale ainda estava por vir... Vindo vagarosamente, e também soltando bombas para todos os lados, vemos o famosíssimo “Caveirão” da Polícia Militar. Ele passa, joga umas bombas. Dá a volta no quarteirão, joga mais bombas e esse ciclo se repete umas 5 vezes. Tranquilo. Continuamos lá. Agora apenas uns 15, mas continuamos lá. Nisso, passam inúmeras Pick-ups com Policiais em sua capota. Uma delas, após o xingamento de uma das pessoas do Bar, pára. E aí o bagulho ficou feio. Spray de Pimenta e bomba PACARALHO pra cima de nós. Tentamos nos refugiar dentro do Bar da Cachaça e fechamos a porta, mas não tinha mais como, não dava para ver mais nada. Literalmente, era inviável respirar ou enxergar. Então, vendo que a porta fechada (conosco lá dentro) só estava piorando o efeito do gás, mandaram abrir a porta de correr do Bar, e eu cego consegui abrir e fui tateando a parede buscando um local que eu conseguisse respirar. Fiquei aproximadamente 7 minutos sem conseguir abrir meus olhos. E nisso, totalmente à mercê de qualquer merda e cego, chega um malandro querendo me roubar. Falando para eu passar o meu celular. Obviamente, eu novamente na minha alta inteligência armo posição de luta para o nada e de olhos fechados profiro aquele gostoso: “Passa o celular é o caralho cupadi!”. Antes da reação do malandro, alguns amigos que conheci no dia, vendo que tava rolando alguma merda ali vem em meu socorro e me tiram dali. Quando abro meus olhos, eu não saberia dizer entre os 10 e 15 mascarados que não estavam ali antes, qual tentou afanar o meu precioso Xperia. E nisso, estes malandros recém-chegados, mascarados e com pedaços de pau na mão, provocam e tacam pedras no próximo camburão que passa. Foi aí que notei que aquele ditado é bastante verdadeiro: “Nada tá tão ruim que não possa piorar”. Foi uma chuva de balas de borracha e bombas novamente. Mas uma chuva mesmo. Os policiais tavam com sangue nos olhos cara. Eu por sorte, e por ter conseguido rapidamente me proteger atrás do um banco de concreto da esquina, não tive ferimentos graves. Após os policiais saírem, fui pra cima de um dos mascarados e reclamei da ação deles. O cara com uma estaca afiada na mão, defendendo o ataque aos policiais. Tadinho, o cara era uma anta. Nesse momento encontrei um outro parceiro que tinha feito ali na hora, e após mais um camburão descer atirando para dentro da Gomes Freire, decidimos que estava na hora de partir. Aquela batalha de bandidos fardados contra bandidos da rua não tinha nada a ver conosco. Quem leu até aqui pode não estar entendendo o porquê do texto. Lá vão alguns porquês: - Expressar e passar para frente em forma de texto, já que meu celular estava sem bateria, uma história de repressão violenta e sem motivos pela parte dos policiais. Em plena Lapa. Em pleno Bar da Cachaça. Bar que se orgulha em ter em sua parede fotos de ilustres sambistas que já frequentaram aquele local. Bar que é ponto de referência do Rio de Janeiro, para a boêmia carioca. Bar que é ponto de Referência para turistas, e todos os gringos gostam de conhecer. - Passar para frente esta história, pois ela é inacreditável, e ainda está muito mal documentada em qualquer mídia. Inclusive, como podemos ver no caso do amigo Pedro Vedova, ontem eles não estavam respeitando nem deixando trabalhar repórteres. Inclusive dos meios de comunicação mainstream. - Demonstrar que existem sim bandidos infiltrados. Eles não são manifestantes. São bandidos e estão se aproveitando da confusão que está nas ruas para roubar pessoas e lojas. - Mostrar o quão despreparados e covardes são os Batalhões de Forças Especiais do Rio de Janeiro. - Demonstrar que qualquer generalização é burra. Se você acha um absurdo o que aconteceu no relato que dei acima, por favor não defenda que “bandido bom, é bandido morto”. Nossa polícia não é preparada para distinguir um sapo de um crocodilo. Então, eles não podem ter poder e nem apoio em operações para matar pessoas. O sistema judiciário existe para julgar a TODOS. É um direito de TODOS como cidadãos. - Defender novamente minha posição contrária às UPPs. Se eles estão fazendo isso NA LAPA, imagina o que não acontece em cima das favelas... - Pedir a conscientização das pessoas que querem fazer parte do movimento. Se informe direito. Não reverbere merdas soltas no ar. Porque este é um caminho muito perigoso. Quem conhece um pouco de história, sabe muito bem como surgiu o AI-5. - Passar a minha posição de que que esta repressão descabida, só tende a fortalecer o movimento. Minha vontade de ir às ruas, hoje é 5000 vezes mais forte do que era ontem. - Eu ainda estou em condições de separar o certo do errado. Ainda consigo passar pelo que passei ontem sem querer machucar um policial. Mas começo a entender quem não consegue mais. Violência sempre gerará violência. Se você chegou até aqui, peço que se esforce um pouco mais e leia o artigo abaixo, veja o vídeo abaixo, e leia o texto feito pelo amigo Miguel Moura que reproduzo abaixo. "Quem parte berrando Avante, pode cair mas não volta." - Siba Amanhã Vai Ser Muito Maior Mas Que Seja Maior Também em Consciência e Informação youtube/watch?v=FQMtQh0XDe8 ---- Texto de Miguel Moura: "Vamos pra rua? Vamos, mas pelos motivos certos. Vamos lutar as lutas que merecem serem lutadas. Vamos pra rua, sem confundir indignação com intolerância; vamos pra rua sem achar que é moralismo lutar sem depredar, quem paga a conta é você - somos nós; vamos pra rua, enaltecendo o caráter suprapartidário do mesmo, e não o apartidarismo acéfalo, aquele que rasga bandeiras e deriva da ignorância, afinal, o fascismo é logo ali. Vamos pra rua sabendo que objetivos atingir. Impeachment? Para tirar a Dilma e colocar quem? Michel Temer? Renan Calheiros? Ou a sua luta é pra ver o PSDB de volta ao poder? Vamos pra Rua, lutar por uma reforma política, que transcende nomes; vamos pra rua brigar por uma maior participação popular, por um alargamento da democracia. Por fim, vamos pra rua com objetivos concretos, querer o "fim da corrupção" não é proposta, é um desejo juvenil. Lutemos contra a PEC 37, contra o estatuto do nascituro, contra os constantes ataques a laicidade do estado. No Brasil, boas batalhas não faltam. Eu vou pra rua, ainda receoso de quem está indo pra rua comigo. Espero estar na batalha certa, e que não revivamos outros momentos tenebrosos da história do nosso país. Vamos pra Rua. Pelos motivos certos."
Posted on: Sat, 22 Jun 2013 00:01:38 +0000

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