Giuseppe Cocco em entrevista para o Canal Ibase. Canal Ibase: - TopicsExpress



          

Giuseppe Cocco em entrevista para o Canal Ibase. Canal Ibase: Esse conceito também altera a configuração política, o sistema de representação e os partidos em si. Pensando no Rio de Janeiro, é possível fazer alguma análise mais específica? Cocco: O Rio de Janeiro tem uma configuração própria. Pouco mais de seis meses após as eleições municipais, o movimento ganha aqui uma força que não teve em nenhum outro lugar. É preciso lembrar que a candidatura do Marcelo Freixo, sem recurso algum, fez uma votação expressiva que foi muito além da base eleitoral do próprio PSOL. Por outro lado, essa candidatura foi arrasada por uma máquina que forma a coalização desse governo. O que se diz é que a candidatura Freixo alcançou parte da elite, mas que a parcela mais pobre vota com o governo. Ok, isso é verdade, mas é uma leitura idiota da situação. No contexto atual, quando se olha para uma região e se constata votação acima de 80% para determinado candidato, como houve com o Paes, é difícil de acreditar que ali há democracia. O que há é uma máquina eleitoral que manipula a população em vários sentidos. Querer transformar essa ideia de que os pobres votam com o governo por escolha é inaceitável. Canal Ibase: Nesse caso, trata-se de uma máquina eleitoral específica, que nos leva a pensar no próprio funcionamento do PMDB dentro do sistema político brasileiro… Cocco: Sim, há uma crítica específica nesse movimento que é a negação dessa forma de poder que o PMDB representa. Cabral e Paes são exatamente isso e no Rio o movimento tem grande caráter contra o PMDB. O governo Dilma ainda não se apropriou desse discurso, Tarso Genro (governador do Rio Grande do Sul) foi quem começou a falar nisso mais claramente (o governador afirmou, no início desta semana, que o partido é “mais problema do que solução”). O PMDB representa um poder que vai construindo formas de se manter. Não representa nada, a não ser a si mesmo. Assim os partidos vão funcionando de formas não representativas. O mesmo ocorre com correntes dentro do PT que defendem remoções do Horto, ou representantes do PCdoB que apoiam ruralistas. São contradições que apenas apontam para a tentativa de manter-se no poder. Canal Ibase: A mídia tradicional, representada nos monopólios, é outra forma de representação que está sendo questionada. Quais os caminhos para uma mudança neste campo? Cocco: A Midia Ninja se tornou foco desta discussão, a partir de uma cobertura independente que tomou proporções imensas. Foi muito inteligente colocar o streaming a serviço da cobertura dessas manifestações. Mas é importante entender que há uma máquina por trás, baseada no Fora do Eixo, um movimento de comunicação antigo que tem seus patrocínios. Acho que o trabalho deles no Midia Ninja, junto com todos os colaboradores têm de ser reconhecidos. Mas há características a serem questionadas, até para que haja de fato uma discussão qualificada sobre a democratização dos meios de comunicação no país. Ao fazer uma entrevista com o Paes, eles não foram includentes, não chamaram o movimento. Fazer uma exclusiva é se basear no princípio da exclusão. É preciso pensar a colaboração, a coletividade. A mídia da multidão é uma multidão de mídias, é a pluralidade, e não só uma. É a descentralidade. É isso que todo o movimento está buscando. canalibase.org.br/a-midia-da-multidao-e-uma-multidao-de-midias/
Posted on: Mon, 05 Aug 2013 05:23:26 +0000

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