Gostei da objetividade, clareza, franqueza do Papa Francisco. Guardei o seguinte: a simplicidade, o desapego é algo a ser praticado pelos cristãos de modo geral, uma forma de protesto contra o domínio que o financeiro vem tomando na atualidade. Isso vale especialmente para o clero incumbido da missão de evangelizar. Estar desapegado é uma condição para ter a credibilidade dos fiéis (daí a referência em São Francisco) - um carro é necessário a um sacerdote, mas um carro modesto, não um carro de luxo; "um jovem que não protesta não me agrada" - é da natureza da juventude a utopia, o inconformismo, o protesto; é preocupante uma juventude que renuncia àquilo que mais a caracteriza; deve-se ter cuidado, entretanto, com os exploradores dos jovens, que instrumentalizam esses atributos da juventude; é necessário reorganizar as estruturas (referindo-se a cúria romana), oxigená-las, adequá-las aos novos tempos - ou seja, um papa consciente da necessidade de mudanças organizacionais para que não se perca de vista o propósito maior da Igreja, evangelizar; proximidade, uma política de comunicação face a face, que permita sentir corporalmente as demandas da comunidade - em outros termos não dá para comunicar-se por correspondência, e-mail, à distância; é preciso lutar contra a exclusão dos jovens e dos idosos, portadores respectivamente do futuro e da experiência; é preciso lutar contra a globalização da indiferença capitaneada por um modelo político e econômico que eleva acima de tudo o dinheiro, a acumulação. Enfim, as esperanças de renovação na Igreja parecem estar se confirmando. Não que seja uma condição, mas vir da América latina sem dúvida faz uma grande diferença na hora de analisar os problema do mundo.
Posted on: Mon, 29 Jul 2013 02:22:58 +0000