Gosto muito do gênero epistolar. Infelizmente hoje não o - TopicsExpress



          

Gosto muito do gênero epistolar. Infelizmente hoje não o utilizamos mais. A internet o transformou em e-mail, um gênero cibernético. Não conserva a mesma beleza. Há na literatura muitos exemplos de correspondências trocadas por escritores, políticos, religiosos, etc. No entanto, nenhuma foi maior - pelo menos de meu conhecimento - do que a correspondência entre Monteiro Lobato e Godofredo Rangel. Antes de morrer, Monteiro Lobato permitiu que fossem publicadas essas correspondências, sob o nome de A Barca de Gleyre. Foram 40 anos de correspondência, uma vida intelectual e literária registrada em cartas, que nada mais são do que uma conversa a dois, como diz o próprio Lobato um "duo". Sou fã, incondicional, de Monteiro Lobato, que me permite fazer diversas inferências com a mais diversificada literatura. Um bom autor transforma um assunto banal e corriqueiro em obra de arte. Nesse exato momento, estou folheando a Barca de Gleyre, em uma edição de 1972, da editora brasiliense. E sempre que abro esse livro encontro coisas maravilhosas. Fico maravilhado com o pensamento brasileiro, com o instinto de brasilidade de certos escritores, dentre os quais se destacam Monteiro Lobato e Machado de Assis. Soube agora que Monteiro Lobato leu dez vezes Memórias Póstumas de Brás Cubas, que eu acho que seja um dos livros mais inteligentes da literatura brasileira. Em uma carta de 1915, Monteiro Lobato se refere a Machado de Assis da seguinte forma: "É grande, é imenso, o Machado. É o pico solitário de nossas letras. Os demais nem lhe dão pela cintura". Palavra de quem leu, de verdade, Machado de Assis.
Posted on: Sun, 04 Aug 2013 23:37:23 +0000

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