Hoje, que se fala tanto em saúde, lembrei de Irmã Dulce, talvez - TopicsExpress



          

Hoje, que se fala tanto em saúde, lembrei de Irmã Dulce, talvez esquecida por muitos, e que andava pelas ruas da Bahia recolhendo mendigos, crianças, principalmente doentes que ela não tinha para onde leva-los, e por isso pedia as pessoas da rua para arrombar os imóveis fechados e abandonados de Salvador, e transformava-os em ambulatorios improvisados até com caixa de papelão. Naquela época nem se falava de SUS. Muitas vezes, ela pequena e frágil, chegava a carregar alguns nas costas, subindo e descendo ladeiras em Salvador. Ninguem sabia como, já que ela só tinha metade de um pulmão funcionando. E quando não estava tratando seus doentes, saia a pedir comida, medicamentos, ajuda de voluntários enfermeiros e médicos. Pouco queriam se envolver, mas ela não desanimava nunca, e lógico que acumulou dezenas de processos contra ela. Os legalistas gritavam: "Prática ilegal da Medicina", "invasão de propriedade privada", "associação de marginais e formação de quadrilha", "Comunistas", mas ninguem se importava com os miseráveis que morriam nas calçadas. E quando a expulsavam de um lugar ela ia atras de outro para invadir. Numa das varias vezes que compareceu numa audiencia, na frente de um juiz, ela entregou suas mãos abertas, e disse: "Pode algema-las, elas estão limpas e vazias, não são minhas, são dos meus pobres, e se estiverem livres continuarão a pedir e a fazer tudo de novo pelos pobres e doentes, esquecidos. O senhor não tem nada que possa me dar para eles? " Hoje, Irmã Dulce não existe mais, mas sua luta continua. Muitos, e até poderosos, acabaram por atender o seu chamado, só que agora existe um grande hospital no lugar onde ela plantou suas sementes, com suas próprias mãos limpas e vazias. Vicente Melo.
Posted on: Thu, 29 Aug 2013 03:56:11 +0000

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