Há três meses, um grupo de moradores da Cidade de Deus saiu - TopicsExpress



          

Há três meses, um grupo de moradores da Cidade de Deus saiu pelas redondezas aterrorizando geral e destruindo lojas de carros importados. Todos pretos. Ou quase todos pretos, como cantaria Caetano na sua fase pré-censura. Todos, absolutamente todos, os tacharam de bandidos. Manifestantes é o caralho. Não têm ideologia, não sabem o que querem, só querem arruaça. São bandidos, diziam todos. Alguns pediam a pena de morte (claro, eram pretos). Houve uma voz dissonante: a do Emiliano. Claro que são manifestantes. Manifestam ao jeito deles, contra o que os oprime. Tem que ser presos? Sim, afinal, isso não é à moda caralha. Mas é claro que são manifestantes e estão protestando, disse o Emiliano, se não isso, bem próximo disso. Emiliano está certo. Nenhum dos que tacharam os caras de bandidos mora na Cidade de Deus e passa pela privação de direitos básicos. Dos luxos dos vizinhos da Barra, nem preciso falar. Digo dos direitos BÁSICOS e constitucionais. Há três meses, um grupo de moradores da Zona Sul (e da Zona Norte) tem saído pelo Centro e Laranjeiras aterrorizando geral. São poucos pretos. Ninguém os tacha de bandidos. Não têm ideologia, não sabem o que querem, só arruaça. Não quebram apenas bancos, mas carros (importados ou velhos encarquilhados), lojas, saqueiam jornaleiros, camelôs, assaltam passageiros de ônibus, agridem jornalistas e militantes políticos, depredam pontos de ônibus e lixeiras. São avessos à democracia e à liberdade. Alguns são fãs do militarismo. Não aceitam sob hipótese alguma o contraditório. Quem discorda deles normalmente é julgado e condenado ali, na hora. A pena é o espancamento. Não podem ser chamados de bandidos. Nem vândalos. São manifestantes. Claro, não moram na Cidade de Deus. p.s: eu fui a Bangu 2 e vi os rapazes da Cidade de Deus serem libertados. Muitos foram presos sem provas. Mas contra isso ninguém se insurgiu. Uma pena. p.s2: não que seja necessário, mas vamos lá: há dois meses, o deputado estadual Marcelo Freixo me disse em entrevista (não concedida apenas a mim): É CLARO QUE ESTAS PESSOAS, MEDIANTE PROVAS, TEM QUE SER PRESAS. Anteontem, o presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB, Marcelo Chalreo, me disse (e não só a mim): Quem depreda tem que pagar pela depredação, mas nunca ser tratado à bala. OBVIAMENTE QUE CONCORDO INTEGRALMENTE COM OS DOIS. ALIÁS, ACHO QUE É O BÁSICO DO BÁSICO.
Posted on: Fri, 18 Oct 2013 23:03:57 +0000

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