Isolada na Amazônia, Santa Rosa melhora IDH, mas continua com - TopicsExpress



          

Isolada na Amazônia, Santa Rosa melhora IDH, mas continua com graves problemas Para quem chegava a Santa Rosa do Purus, localizada no meio da Floresta Amazônica, tinha a impressão de estar numa cidade esquecida e abandonada. A pista de pouso em terra batida era o primeiro sinal do atraso a que o município estava entregue. A falta de urbanização fazia os mosquitos tomarem de conta da cidade. Pelas ruas também de barro, índios e brancos convivem com a precariedade nos serviços públicos mais básicos. Esta foi a Santa Rosa encontrada por mim em 2008, quando lá estive pela primeira vez. Passados cinco anos desde então, tive a oportunidade de voltar, desta vez pousando numa pista asfaltada, mas com bastante buracos que fazem das operações aéreas um risco. O desenvolvimento continua subdesenvolvido. Mas a cidade teve significativas melhoras neste período. Se em cinco anos a isolada Santa Rosa experimentou um tímido progresso, em uma década a evolução social e econômica foi bem melhor. É o que mostra o mais recente Índice de Desenvolvimento Humano dos Municípios (IDHM) divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). Entre 2000 e 2010, o IDH de Santa Rosa evoluiu 86,64%, saindo de 0,277 para 0,517. Mesmo assim o resultado é baixo. A cidade continua entre as 20 piores do país em desenvolvimento humano. Pelo método de medição, quanto mais distante do 1, mais delicada é a situação daquela sociedade. Tanto o salto no IDH quanto sua continuidade nas últimas posições são perceptíveis por quem anda pela cidade. A maioria das ruas já não está em terra batida. Como asfalto é um item de luxo no coração da Amazônia, a pavimentação ocorreu por tijolos. A urbanização ainda é baixa, chegando a 40,33%; em 2000 era de 18,88%(A urbanização, por sinal, espantou os temidos piuns). Mas as dificuldades ainda são muitas para quem vive numa região onde os únicos acessos são por via aérea ou fluvial, em viagens que chegam a durar dias, dependendo do volume do rio Purus. A pobreza é um dos principais problemas de Santa Rosa. De acordo com os dados da ONU, 63% de seus habitantes são extremante pobres. Mais grave: quase 80% estão vulneráveis à pobreza. Em Santa Rosa, 68% das pessoas acima de 18 anos não têm o ensino fundamental completo e estão em ocupação informal. A renda média da população economicamente ativa é dois salários mínimos; outros 39% vivem com até um salário mínimo. Lá o principal empregador é o poder público, sobretudo a prefeitura. A iniciativa privada aos poucos vai tendo fôlego. Hoje a cidade tem até um posto de gasolina. Em 2008, quando lá estive, o combustível era armazenado em barris num galpão de madeira. Há mais veículos circulando pelas ruas de tijolo, diferente da única picape Bandeirante que fazia o transporte do grupo do qual fazia parte. Os proprietários de carro e moto precisam desembolsar até R$ 6 pelo litro da gasolina. Mas ter carro por lá não é das necessidades prioritárias. Entre elas está a garantia de um saneamento básico eficaz. Os dados do IDH apontam que 39% dos domicílios não contam com abastecimento de água e coleta de esgoto adequados. Em Santa Rosa é elevado o número de pessoas com hepatite por conta da água consumida sem o devido tratamento. Viver em Santa Rosa é como sobreviver, as dificuldades são grandes. Problemas fáceis de resolver em qualquer outro centro urbano, lá se tornam quase impossíveis. Em uma década o município amazônico melhorou, mas ainda está longe do ideal para seus habitantes. Se mesmo com toda melhora a cidade enfrente gargalos como estes, é de se perguntar como era a vida 13 anos atrás. As carências são grandes e somente políticas públicas próprias para suas características serão capazes de fazer de Santa Rosa um lugar melhor para se viver, mesmo isolada na floresta. Fábio Pontes
Posted on: Fri, 13 Sep 2013 14:04:22 +0000

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