JOÃO E MARIA É uma narrativa da vida de duas crianças que - TopicsExpress



          

JOÃO E MARIA É uma narrativa da vida de duas crianças que levadas pelo pai uma floresta são abandonados à própria sorte sob o pretexto de uma imensa pobreza; Munidos de alguns pães, João e Maria vão distribuindo migalhas por todo o caminho adentro sem perceber que um bando de passarinhos de passagem por ali, come todas as suas migalhas lançadas e vai embora. As crianças sem perspectiva do que vão encontrar se deparam em determinado momento com uma casa feita de doces, é uma armadilha feita justamente para atrair crianças, mas na verdade é a casa de uma bruxa muito cruel que devora crianças, prende João em uma gaiola e obriga Maria a cozinhar para que João engorde e depois devorá-lo cozido em um caldeirão, no entanto, conseguem ludibriar a bruxa que não enxerga direito mostrando sempre um pé de galinha como braço de João, visto que na impressão da bruxa este ainda não engordou o suficiente, ambos conseguem se fortalecer e vencer a malvada atirando seu corpo no mesmo caldeirão que cozinharia seus cativos, no retorno triunfal em sequência os pássaros agradecidos devolvem com pedras preciosas ao lugar de origem do pão furtado. A vida necessariamente lança todos na roda da fortuna e os obriga a amadurecer, não por acaso é o pai que quer que os filhos se desvinculem da família, ele quer que eles amadureçam e rompam esse laço extremamente arraigado ao afeto familiar, sobretudo à mãe, os filhos não podem substituir o lugar do pai e são inseridos em seu próprio destino, apavorados com a possibilidade de abdicar da infância, ambos atiram migalhas no chão recriando o cordão umbilical na linha imaginária formada pelo desenho dos pedaços de pão, mas o tempo implacável remove o cordão na figura dos pássaros, eles são o tempo passageiro e que rompe o primeiro vínculo extremoso familiar e obriga a seguir um caminho escolhido de forma independente. O encontro com uma casa de doces é irresistível, é o apego à infantilidade que prevalece através de um lugar fantasioso, fora do fato normal e funciona como um instante de delírio onde o verdadeiro eu é substituído por outro que se alimenta de uma coisa imaginária e que bloqueia o enfrentamento da realidade. A casa é uma prisão, tal como uma prisão psicológica de onde eles terão que sair e vencer seus medos e, portanto demonstram com o passar do tempo, a maturidade imperiosa através de artifícios para enganar a feiticeira, esta é o lado obscuro que quer a todo custo engoli-los nessa ficção fantasiosa que está enraizada dentro si mesmos, à medida que são confrontados com os rituais da bruxa, os dois a confrontam com novos estratagemas, fazem da inteligência um meio de estabilizar seus próprios medos e único recurso para enfrentar a situação, nenhum recurso mágico ou misterioso é usado, modo imperativo de retornar ao mundo real sem sequelas ou como se devem encarar os problemas humanos. Enfim livres da dimensão esquizofrênica em que foram envolvidos, brotam amadurecidos os jovens para a adolescência representada pelo retorno dos pássaros que haviam comido suas migalhas de pão que em retribuição devolvem joias e pedras preciosas, ou seja, o tempo trás consigo objetos que remetem à vaidade, sentimento muito comum entre os adolescentes; o pouco do alimento que foi oferecido pelas crianças por serem elas muito pequenas é substituído pela ostentação das joias que as faz parecerem ser percebidas, porque o amadurecimento as faz se tornarem interessantes para si mesmas e para o seu semelhante. Outro aspecto da maturidade que as torna interessantes também é o fato de o tempo, o crescimento e a inteligência as tornarem produtivas, fato que as relaciona novamente com as joias e pedras preciosas, isso quer dizer que ajudarão com as tarefas e despesas do lar ao invés de necessitarem de constante atenção e somente causar gastos, a mudança é muito bem recebida pelo pai que não vê nos filhos mais um obstáculo ou disputas para seu círculo afetivo e os filhos parecem perdoar a resolução do pai de abandoná-los, compreendendo parcialmente suas necessidades (coisa que só acontece mesmo em contos de fadas). MORAL DA HISTÓRIA: um pontapé na bunda é coisa muito profunda. * * * Autor: Vinicius Magalhaes
Posted on: Thu, 01 Aug 2013 13:29:35 +0000

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