JUREMA PRETA (Mimosa hostilis Benth.) • Nome Científico: - TopicsExpress



          

JUREMA PRETA (Mimosa hostilis Benth.) • Nome Científico: Mimosa hostilis Benth. • Nome Popular: Jurema Preta • Família: Fabaceae • Divisão: Magnoliophyta • Gênero: Mimosa • Origem: Brasil • Ciclo de Vida: Perene • Por: Rômulo Cavalcanti Braga A Sarça ("Seneh" em hebraico, origem do topônimo "Sinai") é uma planta espinhosa da família das fabáceas, gênero Acácia, o mesmo das árvores conhecidas genericamente no Brasil pelo vernáculo "Jurema". Esta árvore, também conhecida pelo nome de "Shittim", é citada na Bíblia várias vezes. Mais especificamente chama-se de "ardente" a Sarça quando parasitada pela planta Loranthus acaciae, cujos frutos e inflorescências avermelhados dão, de longe, a impressão de chamas sobre a Sarça. Jurema Preta (Mimosa hostilis Benth.) é uma árvore pertencente à família Fabaceae, da ordem das Fabales típica da caatinga, ocorrendo praticamente em quase todo nordeste brasileiro. Bem adaptada para um clima seco possui folhas pequenas alternas, compostas e bipinadas com vários pares de pinas opostas. Possui espinhos e apresenta bastante resistência às secas com grande capacidade de rebrota durante todo o ano. Usada pelos índios da etnia xucurus-cariris em conjunto com a Jurema Branca (Mimosa verrucosa). É utiliza tradicionalmente para fins medicinais e religiosos. Sua casca é usada para fins medicinais e a casca de sua raiz é a parte da planta usada nas cerimônias religiosas pois possui grande quantidade de substâncias psicoativas, como o DMT. Segundo classificação apresentada no Erowid a Jurema Preta corresponde à Mimosa tenuiflora, para Menezes corresponde à Mimosa nigra ou Acácia jurema M. segundo ele semelhante à Jurema-branca esgalhada e armada. Descrição da Planta – Árvore com cerca de cinco a sete metros de altura, com acúleos esparsos. Caule ereto ou levemente inclinado, casca de cor castanha muito escura, às vezes acinzentada, grosseira, rugosa, fendida longitudinalmente, entrecasca vermelho-escura. Ramificação abundante e, em indivíduos normais, de crescimento sem perturbação, acima da meia altura. Ramos castanho-avermelhados, esparsamente aculeados. Folhas compostas, alternas, bipinadas, com quatro a sete pares de pinas com dois a quatro centímetros de comprimento. Cada pina contém de quinze a trinta e três pares de foliolos brilhantes, com cinco a seis milímetros de comprimento. Flores alvas muito pequenas, dispostas em espigas isoladas, com quatro a oito centímetros de comprimento. O fruto é uma vagem pequena, tardiamente deiscente, com dois e meio a cinco centímetros de comprimento, de casca muito fina e quebradiça quando maduro. Contém quatro a seis sementes pequenas, ovais, achatadas, de cor castanho-claro. A madeira tem alburno castanho avermelhado escuro e cerne amarelado, é muito pesada (densidade 1,12 g / cm3), de textura média, grã direita, de alta resistência mecânica e grande durabilidade natural. A planta tem raiz pivotante e também raízes superficiais, embora menos do que outras plantas da caatinga. Como Reconhecer a Planta – Folíolos minúsculos, casca escura, cheiro das flores característico. Mantém a folhagem, embora em densidade reduzida, durante muitos meses da estação seca. Ocorrência e Amplitude Ecológica – Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia, na região da caatinga. Informações Ecológicas – Planta decídua, heliófita, seletiva higrófita, pioneira, característica da caatinga, onde é bastante comum, porém com dispersão descontínua e irregular ao longo de sua área de distribuição. Ocorre preferencialmente em formações secundárias de várzeas com bom teor de umidade, de solos profundos, alcalinos e de boa fertilidade, onde chega a crescer vigorosamente. Mas viceja em terrenos diversos, inclusive nas áreas onde os solos foram decapitados, restando apenas o subsolo, em terrenos erodidos ou onde houve serviço de terraplanagem, e também em solos pedregosos ou secos. Suporta encharcamento periódico. As raízes têm uma alta capacidade de penetração nos terrenos compactos. A Jurema Preta tem um grande potencial como planta regeneradora de solos erodidos. É uma espécie indicadora de uma sucessão secundária progressiva ou de recuperação e sua tendência ao longo do processo é de redução da densidade. No início da sucessão forma matas quase puras. Os folíolos caem e se refazem continuamente cobrindo o solo com um tênue manto que logo se decompõe formando ligeiras camadas de húmus. Além disso, ela participa na recuperação do teor de nitrogênio no solo. Dessa maneira, ela prepara o solo para o aparecimento de outras plantas mais exigentes, como, por exemplo, o Pau¬ D’arco, Aroeira, Cumaru, Angico, Juazeiro, Mofumbo, etc. Espécie muito importante para a alimentação das abelhas durante muitos meses, na época seca e de transição seca-chuvosa. Produz anualmente grande quantidade de sementes viáveis. Fenologia – Perde uma parte da folhagem durante a estação seca, rebrotando logo com as primeiras chuvas. Floresce durante um longo período do ano, predominando, entretanto, nos meses de setembro a janeiro. Os frutos amadurecem principalmente entre fevereiro e abril. O florescimento não ocorre maciçamente, nem suas flores persistem em demasia. As árvores florescem seqüenciadamente, uma após as outras, fornecendo néctar e pólen numa constância de espaço e tempo muito benéficos às abelhas. Na rebrota de indivíduos rebaixados, pode-se observar a persistência da folhagem, embora em densidade diminuída, durante a maior parte da estação seca. Propagação – Por sementes e brotação do toco. Obtenção de Sementes – Colher os frutos diretamente das plantas quando iniciarem a abertura espontânea. Em seguida, deixá-los ao sol para completar a abertura e liberação das sementes. Cultivo de mudas – Colocar as sementes para germinação logo após a colheita em canteiros a pleno sol contendo substrato arenoso. Escarificar as sementes para melhorar sua germinabilidade. A emergência ocorre em duas e quatro semanas e a taxa de germinação geralmente é alta com sementes escarificadas. Plantio – A planta é muito rústica, por isso o plantio é fácil, podendo também ser semeada diretamente nas covas ou a lanço em áreas preparadas. O desenvolvimento das plantas no campo é rápido, podendo alcançar entre quatro a cinco metros de altura dentro de cinco anos. Não há notícias de pragas ou doenças, mas deve ser protegida contra o excesso de pastagem por gado bovino e, principalmente, caprino e ovino, especialmente em plantios visando a recuperação do solo. UTILIDADES: A – A Madeira – Muito resistente, empregada para obras externas, como mourões, estacas e pontes, para pequenas construções, rodas, peças de resistência, móveis rústicos. Fornece excelente lenha e carvão de alto valor energético. B – Medicina caseira – O pó da casca é muito eficiente em tratamentos de queimaduras, acne, defeitos da pele e esfoladelas causadas por pressão. Tem efeito antimicrobiano, analgésico, regenerador de células, febrífugo e adstringente peitoral. As folhas são usadas com as mesmas finalidades. C – Psicoatividade – A casca da raiz tem efeitos psicoativos. O principal ingrediente ativo nesta parte da planta é N, N-DMT, e há também uma pequena quantidade de Beta Carbolinas (De acordo com Raetsch, 2005). Algumas fontes indicam a presença de 5 -MeO-DMT. D – Veterinária Popular – O efeito cicatrizante serve também nos animais domésticos e a planta é usada em lavagens contra parasitas. E – Restauração Florestal – Planta pioneira e rústica, é especialmente indicada para a recuperação do solo, combater a erosão e para a primeira fase de restauração florestal de áreas degradadas. Pode ser usada para restauração florestal de matas ciliares. F – Sistemas Agroflorestais – Sendo a Jurema Preta uma forrageira palatável para todos os animais domésticos, ela é indicada para a composição de pastos arbóreos, onde oferece forragem verde durante muito tempo na estação seca, podendo esse período ser estendido rebaixando a planta. Os galhos espinhentos servem para construção de cercas de ramo. Por manter boa parte da folhagem durante a estação seca, a jurema-preta tem um importante papel de sombreamento para animais e para o solo. G – Abelhas – Espécie muito importante para fornecimento de néctar e pólen para as abelhas, especialmente durante o período seco. H – Forragem – As folhas e vagens são procuradas pelo gado bovino, caprino e ovino. É uma das plantas da caatinga que primeiro se revestem de verde logo depois das primeiras chuvas. I – Aplicações Industriais – Usada em produtos cosméticos nos EUA, Itália e Alemanha, em loções para o couro cabeludo, sabonete, xampu e condicionador. A casca é empregada para curtir couros. IMPORTÂNCIA CULTURAL – Muitos grupos indígenas do semi-árido pernambucano consideram a Jurema Preta (Mimosa hostilis Benth.) uma planta sagrada, cercada de profundo respeito e de todo um cerimonial, com as populações dessa planta tendendo a ser protegidas. Das raízes, os índios preparavam uma bebida chamada Ajucá ou Vinho da Jurema, usada por ocasião das cerimônias dos pajés. Uma bebida usada pelos caboclos, na foz do Rio São Francisco, chamada de Jurubari, também usava a Jurema, junto com a Imburana de Cheiro, Pau Ferro e mel, tudo dissolvido na cachaça. As flores e ramas da jurema também são usadas em banhos lustrais ou de defesa, usados nos candomblés. O pó da casca era usado em lesões cutâneas, como antiséptico natural. A Jurema Preta, árvore enraizada na cultura dos índios e dos habitantes atuais da região do Nordeste, poderá passar a ser uma espécie essencial para a restauração florestal de áreas muito devastadas, para recuperar o mais rápido possível o solo e ajudar o crescimento de outras plantas, inclusive madeiras nobres. Em áreas menos degradadas, ela pode ser utilizada, em manejo sustentável, como fonte de madeira, lenha e carvão, forragem, alimento apícola e remédio. Com a expansão do mercado de produtos naturais, também na área de produtos de limpeza e cosméticos, a Jurema Preta pode servir como fornecedora de matéria-prima para tais produtos, criando uma renda adicional, na época de entressafra, para os habitantes do sertão. AJUCÁ OU VINHO DA JUREMA – É uma bebida feita com as raizes da árvore. Os pajés, sacerdotes tupis, faziam uma bebida da Jurema Preta, que dava sonhos afrodisíacos. Era bebida sagrada, servida em reuniões especiais. Das raízes e raspas dos galhos, os feiticeiros, babalorixás pernambucanos, os mestres do catimbó, os pais-de-terreiro dos candomblé de caboclo na Bahia fazem uso abundante. Até o século XIX beber Vinho da Jurema era sinônimo de feitiçaria ou prática de magia, pelo que muitos índios e caboclos foram presos acusados de praticarem o "adjunto da jurema". Segundo Carlos Estêvão que visitou os Pancararús de Brejo dos Padres em Taracatú Pernambuco, 1936. O preparo da Jurema ocorre da seguinte forma: Raspada a raiz, para eliminação da terra que, porventura, nela esteja agregada, em seguida é colocada sobre outra pedra e macerada. Quando a maceração está completa, bota-se toda a massa dentro de uma vasilha com água, onde a espreme com as mãos. Pouco a pouco, a água vai-se transformando numa infusão (golda) vermelha e espumosa, até ficar em ponto de ser bebida. Pronta para este fim, dela se elimina toda a espuma, ficando, assim, inteiramente limpa. Ao ficar nesse estado, o mestre cerimônia acende um cachimbo tubular, feito de raiz de Jurema, e, colocando-o em sentido inverso, isto é, botando na boca a parte em que se põe o fumo, assopra sobre o líquido que da vasilha fazendo com a fumaça uma figura em forma de cruz e um ponto em cada um dos ângulos formados pelos braços da figura. Os rituais que incluem a ingestão da bebida preparada com a Jurema ainda é praticado por diversos outros remanescentes indígenas no Nordeste do Brasil, apesar do processo de integração à sociedade nacional e do histórico combate pela colonização Católica, com os rigores da inquisição e da perseguição policial como referido. Podem ser identificadas como etnias sobreviventes às Missões indígenas alguns grupos indígenas que ainda utilizam a Jurema em seus rituais: Kiriris, Tuxás, Pankararé no Nordeste; Tupinambás de Olivença – Sul da Bahia; Atikun, Fulniôs, Xucuru-kiriri em Pernambuco, Kariri-xocó de Alagoas e os Xocós de Sergipe. Para entender o efeito da jurema não basta analisar a composição molecular e comparar com as denominadas drogas alucinógenas, é necessário situar-se no contexto de expectativas e formas de uso da substância, ou seja, os mitos ou crenças a seu respeito. Não há dúvidas porém por semelhança dos relatos de seu efeito a identificação deste com as descrições de possessão divina e êxtase religioso ou efeito psicodélico como sugere o nome enteógeno como são classificados. Segundo Assunção as entidades espirituais identificadas como pertencentes ao universo da "Jurema" são caboclos, índios e mestres. Uma caracterização de entidades como "Mestre Carlos" e outros mestres, caboclos e índios como "Pena Branca", "Arranca Toco", "Sultão das Matas" e da própria "Cabocla Jurema" são essenciais para compreender o direcionamento desse efeito. Nascimento escrevendo sobre os Kiriris refere-se aos "Encantados" e esboça uma classificação de seus rituais como: "Ouricuri", "Praiás" e "Torés". Uma avaliação dessa distinção bem como dos contextos sociais da Umbanda e Catimbós ou Candomblés de Caboclo também tem que ser considerada antes de tentar entender seu efeito como ação de alcalóides encontrados nos vegetais utilizados na sua composição tais como o DMT - Dimetiltriptamina ativado ou desativado por distintas combinações farmacológicas. Por outro lado é também Assunção (o.c.) que pondera que, se um processo de simbolização progressiva que ocorre com a planta Jurema e com as demais plantas medicinais substituindo o uso real ao ponto de não mais saber sequer reconhecer, no caso, a Jurema verdadeira, como em alguns centros de Umbanda, o que justifica a permanência do símbolo Jurema? Segundo ele, nesse processo a Umbanda procura absorver o conteúdo simbólico / sagrado existente na "Jurema" e nos Catimbós o saber sobre o mundo vegetal suas propriedades e o poder tradicional de cura.
Posted on: Sat, 22 Jun 2013 15:37:57 +0000

Trending Topics



Recently Viewed Topics




© 2015