JUSTIÇA E PROGRESSO! "Os que acusam a anarquia de ser a - TopicsExpress



          

JUSTIÇA E PROGRESSO! "Os que acusam a anarquia de ser a negação da ordem, não falam da harmonia do futuro; falam da ordem como ela é concebida na sociedade atual. Atualmente, a ordem – o que eles entendem por ordem – são os nove décimos da humanidade trabalhando para procurar o luxo, os gozos, a satisfação das paixões mais execráveis, para um punhado de mandriões. A ordem é a privação para estes nove décimos, de tudo que é a condição necessária de uma vida higiênica, de um desenvolvimento das faculdades intelectuais. Reduzir nove décimos da humanidade a um estado de bestas de carga, vivendo dia a dia, sem nunca se atrever a pensar nos gozos dados ao homem pelo estudo das ciências, pela criação artística – eis a ordem. A ordem é a fome e a miséria tornadas em estado normal da sociedade. É o aldeão irlandês morrendo de fome; é o aldeão dum terço da Rússia morrendo de difteria, de tifo, de penúria, no meio dos montões de cereais que vão para o estrangeiro. É o povo da Itália deixando o seu campo luxuriante, para vaguear pela Europa, procurando um buraco onde vegete na miséria. É a terra roubada ao camponês, para criação de gado, que servirá para alimentar os ricos; é a terra deixada inculta, de preferência a ser restituída para aquele que não pede mais do que cultivá-la. A ordem é a mulher que se vende para dar alimento aos filhos, é a criança reduzida a ser encerrada numa fábrica, ou a morrer de inanição, é o operário reduzido ao estado de máquina. É o fantasma do operário revoltado às portas dos ricos, o fantasma do povo revoltado às portas dos governantes. A ordem é a minoria ínfima, subida às cadeiras governamentais, que se impõe por esta razão à maioria e que educa os filhos para exercerem mais tarde as mesmas funções, a fim de manter os mesmos privilégios, pela astúcia, pela corrupção, pela força, pelo morticínio. A ordem é a guerra constante do homem ao homem, de ofício à ofício, de classe à classe, de nação à nação. É o canhão que não cessa de roncar na Europa, é a devastação dos campos, o sacrifício de gerações inteiras nos campos de batalha, a destruição em um ano de riquezas acumuladas em séculos de trabalho rude. A ordem é a servidão, o pensamento acorrentado, o envilecimento da raça humana, mantido pelo ferro e pelo chicote. É a morte repentina, pelo grisu, de centenas de mineiros despedaçados ou enterrados todos os anos pela cobiça dos patrões, e metralhados, desde que se atrevam a queixar-se. A ordem, enfim, é o afogamento em sangue da Comuna de Paris. É a morte de trinta e cinco mil homens, mulheres e crianças, maltratados, enterrados com cal viva nas ruas de Paris. É o destino da mocidade russa, nas prisões, enterrada no gelo da Sibéria e onde os melhores, os mais puros, os mais dedicados, morrem enforcados. Eis a ordem." Piotr Kropotkin
Posted on: Fri, 21 Jun 2013 02:26:47 +0000

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