John Kennedy: lado A John Fitzgerald Kennedy (1917-1963) era - TopicsExpress



          

John Kennedy: lado A John Fitzgerald Kennedy (1917-1963) era uma espécie de presidente dos sonhos do americano médio do seu tempo: jovem, branco, cristão, bonito e rico. Casado com a aristocrática Jacqueline Bouvier (1929-1994), uma das mulheres mais admiradas (e invejadas) mundo afora, tinha quatro filhos. Progressista, defendeu os direitos dos negros quando em quase metade dos Estados norte-americanos o casamento inter-racial era crime passível de severa punição. Másculo, enfrentou os soviéticos quando estes tiveram a petulância de instalar mísseis nucleares em Cuba (a poucos km de Miami), num momento crítico da história contemporânea no qual a humanidade ficou por um triz. Pouco tempo depois, em Dallas, ignorando as prevenções dos agentes de segurança, e após ouvir a sutil frase da então primeira-dama do Texas (O senhor não pode dizer que Dallas não gosta do senhor, Presidente.), foi cruelmente alvejado na cabeça, tendo parte do seu cérebro caído sobre as mãos da apavorada Jacqueline Kennedy. Morria (na hora) o homem; nascia o mito. John Kennedy: Lado B JFK não era unanimidade entre os americanos. Jovem, mas doente (em decorrência de ferimentos durante a II Guerra Mundial e a despeito de esconder sua situação do povo), branco, mas irlandês (uma espécie de ralé da categoria nos EUA), cristão, mas católico, bonito - mas não muito. Casado com a aristocrática Jackie - a quem traía sistematicamente - tinha quatro filhos, dois dos quais mortos pouco tempo após o nascimento e um outro, mais famoso, que morreria num desastre aéreo. Lutava pelos direitos civis dos negros, ao mesmo tempo em que conspirava para eliminar inimigos como Fidel Castro e derrubar governos democraticamente eleitos. Peitou os soviéticos, mas tão indecisamente quanto Khruschóv, premido pelo ímpeto belicista de Curtis le May (1906-1990), o homem que havia autorizado os ataques nucleares ao Japão, e a ponderação luminosa de Llewellyn E. Thompson Jr, o real articulador da retirada dos mísseis de Cuba. Insensato, organizou uma visita à Dallas em carro aberto, mesmo com todos os alertas do serviço secreto e a antiga tradição de malucos armados caçando presidentes nos EUA. Foi impiedosamente alvejado duas vezes por um psicopata morto pouco tempo depois. As causas da tragédia permanecem obscuras e isso também alimenta o mito. Mas John, assassinado há exatos 50 anos, era um homem e mandatário tão contraditório quanto qualquer ser da sua espécie. Por isso alguns choram, outros comemoram, outros ainda preferem ser neutros. Difícil. Kennedy desperta o mesmo turbilhão de emoções que um Getúlio Vargas. Ele expressa uma era de extremos que exigia grandes estadistas e não a turba de amadores inexpressivos da atualidade. Kennedy se foi, mas seu espírito e o de uma América mais interessante ainda dominam nosso imaginário. Por isso seu mito não morre: precisamos dos mitos para ousarmos pensar num mundo melhor.
Posted on: Sun, 24 Nov 2013 05:13:59 +0000

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