#JohnSteinbeck nasceu em Salinas, no estado da Califórnia, nos - TopicsExpress



          

#JohnSteinbeck nasceu em Salinas, no estado da Califórnia, nos Estados Unidos, em 1902. De uma família de classe baixa, embora não pobre, Steinbeck presenciava a vida dos trabalhadores da cidade de Salinas e do fértil Vale de Salinas,tanto o vale quanto a costa marítima californiana seriam pano de fundo de grande parte da sua ficção. Em 1919, ingressou na Universidade de Stanford, onde assistiu a aulas de vários cursos, entre eles Inglês e Literatura, até abandonar a universidade, em 1925, antes da obtenção de um diploma. Durante a estada em Nova York, escreveu seu primeiro romance, Cup of gold (Tempos passados), de 1929. No início da conturbada década de 30, publicou ainda dois trabalhos de ficção passados na Califórnia, The pastures of heaven(Pastagens do céu), de 1932, e To a god unknown (Ao deus desconhecido), de 1933, além de trabalhar nos contos mais tarde recolhidos no volume The long valley (O vale sem fim), de 1938. Seus três primeiros romances foram publicados por três editores diferentes, e não se beneficiaram nem um pouco da depressão econômica disparada nos Estados Unidos pelo crash da Bolsa de Nova York, que aconteceu apenas dois meses depois da publicação de Cup of gold. Os três editores faliram e Steinbeck viu-se sem editor. O sucesso e a segurança financeira vieram apenas em 1935, com a publicação do romance Tortilla Flat(Boêmios errantes), publicado pela firma Covici-Friede. As histórias bem-humoradas sobre a vida de paisanos (descendentes de espanhóis misturados, muitas vezes, com mexicanos, índios e caucasianos) que viviam na chamada Planície Tortilla de Monterey, próximo à fronteira mexicana, mostraram-se um alento para os americanos oprimidos pela crise. Experimentador incansável, Steinbeck mudou os rumos da sua literatura várias vezes. Entretanto, já nessas suas primeiras obras via-se o fio condutor que permearia toda a sua literatura: observação social, de cunho realista, das camadas de trabalhadores de classe baixa, às vezes miseráveis, mantidos no limbo do sistema econômico. Mas, se a preocupação literária de Steinbeck voltava-se especificamente para grupos de trabalhadores de algumas regiões norte-americanas, faz-se necessário dizer que seus personagens recebiam tratamento tal que, mais do que as agruras de um tipo de homem localizado especificamente no tempo e no espaço, Steinbeck fazia tais personagens exemplares dos mais universais sentimentos humanos: a luta pela dignidade humana, a dificuldade das relações de afeto frente à crueldade do mundo e da vida, e a solidão, na sua acepção mais ampla e passível de ser compartilhada por todos os homens. Ainda na década de 30 sendo Steinbeck já um autor famoso, seguiram-se outros livros, que confirmaram a promessa literária (assim foi ele encarado quando da publicação de Tortilla Flat): In dubious battle (Luta incerta), publicado em 1936, sobre colhedores de frutas na Califórnia, Of mice and men, publicado em 1937, e aquele que é considerado seu melhor romance, The grapes of wrath (As vinhas da ira), de 1939, sobre agricultores do estado americano de Oklahoma que, por não conseguirem sobreviver da terra, mudam-se para a Califórnia, onde passam a trabalhar sazonalmente em fazendas alheias. O romance foi premiado com o importante Prêmio Pulitzer de Literatura. Na década de 1940, Steinbeck, como tantos outros autores americanos de sucesso, fez uma incursão por Hollywood, com o roteiro The forgotten village (1941). Publicou, ainda, Sea of Cortez (1941), Bombs away(1942), sobre a guerra, a controversa peça The moon is down (1942), os romances Cannery row (A rua das ilusões perdidas), de 1945, The wayward bus (1947) e The pearl (A pérola), de 1947, o relato de viagem A russian journal (Um diário russo), de 1948, e mais uma peça, Burning bright (1950). No início da década de 50, Steinbeck apresentou ao público o monumental romance East of Eden (1952) – traduzido no Brasil como Vidas amargas –, uma saga sobre uma família do Vale de Salinas com toques autobiográficos. As últimas décadas da sua vida foram passadas em Nova York e Sag Harbour com a sua terceira esposa, com quem viajou muito. Outros livros seus são: Sweet thursday (1954), The short reign of Pippin IV: a fabrication (O breve reinado de Pepino IV), de 1957, Once there was a war (1958), The winter of our discontent (O inverno da nossa desesperança), de 1961,e Travels with Charley in search of America(Viajando com Charley), de 1962 – este último sobre uma viagem que Steinbeck fez pelos Estados Unidos –, America and americans (A América e os americanos), de 1966, e os póstumos Journal of a novel: TheEast of Eden letters (1969), Viva Zapata! (1975), The acts of King Arthur and his noble knights (1976) eWorking days: the journals of The grapes of wrath (1989). Ele recebeu o prêmio Nobel de Literatura em 1962, com a seguinte declaração da Academia de Letras sueca: “[Steinbeck] não era talhado para fazer meramente entretenimento. Ao contrário, os assuntos por ele escolhidos são sérios e denunciativos, como as experiências amargas nas plantações de frutas e algodão da Califórnia.” Vários dos seus livros foram levados às telas de cinema, como As vinhas da Ira, em produção de 1940, de John Houston, e Ratos e homens, filmado em 1939 por Lewis Milestone e em 1992 por Gary Sinise. A preocupação social de Steinbeck ia além da escolha dos assuntos de suas ficções: ele registrou literariamente, nos diálogos dos seus personagens, também a peculiaridade da linguagem dos diversos grupos de trabalhadores por ele retratados. Faleceu no dia 20 de dezembro de 1968 em Nova York. As tempestades de poeira que destruíram fazendas, despejaram famílias e deixaram milhões desempregados nos Estados Unidos durante os anos 30 deram ao menos um bom fruto: As Vinhas da Ira. Lançado em março de 1939, o romance do escritor americano John Steinbeck (1902-1968) conta a saga da família Joad, que, falida e expulsa da fazenda que arrendava, rumou para a Califórnia em busca de trabalho. Como milhares de outras. Ironicamente, o livro atropelou a pior crise da história americana: no primeiro mês, vendeu 2 500 exemplares por dia. Até o fim daquele ano, foram 500 mil, um fenômeno à época. Mas a polêmica causada pela obra foi proporcional a seu sucesso. Filho de um tesoureiro e de uma professora, Steinbeck botou holofotes sobre a gravidade da situação dos trabalhadores do campo, que vinham sofrendo com a Grande Depressão desde 1929. As Vinhas da Ira foi considerado chulo, obsceno e exagerado. Para alguns críticos, o autor mereceu um dos maiores palavrões de então: comunista. Steinbeck foi considerado o mais perigoso radical da costa oeste americana. Quando o livro foi lançado, o FBI decidiu investigá-lo, diz o professor de Literatura Americana da Universidade de Ohio, Robert J. DeMott, editor do diário deixado pelo escritor sobre a elaboração do romance. Numa tentativa de banir As Vinhas da Ira das bibliotecas do país, um deputado de Oklahoma buscou aliados no Congresso sob o argumento de que Steinbeck tinha a mente distorcida e o livro era uma mentira, uma criação infernal. A obra foi mesmo banida de dezenas de bibliotecas, inclusive em Salinas (CA), onde nasceu o autor. Também chegou a ser queimado pelas populações indignadas de cidades citadas na história - como Buffalo (NY) e Kern County (CA). Até hoje, o romance continua na lista dos mais proibidos em bibliotecas americanas. Mas As Vinhas da Ira levou o Prêmio Pulitzer em 1940, ganhou elogios públicos da primeira-dama Eleanor Roosevelt e sua versão para o cinema, dirigida por John Ford e estrelada por Henry Fonda, faturou dois Oscar. O texto mais famoso de Steinbeck é considerado hoje, aos 70 anos, um clássico da literatura americana. Com mais de 15 milhões de exemplares vendidos, foi traduzido para inúmeras línguas e cerca de 100 mil cópias ainda são compradas por ano. As Vinhas da Ira é um romance profético. Sua história se passa na Grande Depressão, mas serve como um espelho da crise que vivemos agora, afirma DeMott. Apesar de ser uma história de ficção escrita em 100 dias, o livro é um retrato fiel de um período devastador para muitos americanos. O otimismo da década de 20, que fizera os fazendeiros procurarem os bancos para investir alto nas máquinas e plantações, ficara para trás. Assim que a Europa começou a se recuperar dos prejuízos da Primeira Guerra, os preços das commodities (como os insumos colhidos no campo) despencaram. A Grande Depressão logo fez com que a demanda se tornasse menor do que a oferta. Quatro milhões de pessoas estavam desempregadas nos Estados Unidos em 1939, quando As Vinhas da Ira chegou às livrarias. O pesquisador Herb Behrens, arquivista do National Steinbeck Center, em Salinas, explica que o trabalho de pesquisa do autor começou três anos antes que a obra fosse publicada. Em 1936, Steinbeck lançou Batalha Incerta, livro sobre uma greve provocada pelo Partido Comunista. Durante a pesquisa, ele entrevistou comunistas, trabalhadores e fazendeiros. Depois da publicação, o jornal San Francisco News procurou Steinbeck para fazer sete reportagens sobre os trabalhadores que migravam para a Califórnia. E ali surgiu a inspiração para Vinhas. Migração em massa Por causa da série para o jornal, Steinbeck viu de perto a situação dos cerca de 300 mil migrantes americanos que rumaram para a Califórnia atrás de emprego e dignidade. Por dois anos, ele acompanhou de acampamento em acampamento um grupo que saiu de Oklahoma. O curioso é que, antes de Vinhas, o autor escreveu outro livro sobre o assunto, The Oklahomans, que foi para o lixo antes do prelo. Steinbeck não gostou do resultado e destruiu os manuscritos antes de mostrar aos editores. Mais tarde, ele botou no papel num fôlego só as 200 mil palavras do clássico, lembra o historiador Mike Meyer, autor de uma enciclopédia sobre o escritor. Steinbeck preferiu focar a história na família Joad, que arrendava uma fazenda de algodão em Oklahoma, mas tinha de dividir os lucros da colheita com o verdadeiro dono das terras, o banco. As tempestades de poeira, conhecidas como Dust Bowl (tigela de poeira, na tradução literal), tornaram aquela sociedade impraticável. Por causa da alta demanda, os agricultores plantavam antes que o solo fosse tratado adequadamente, provocando ressecamento. As tempestades que decorreram desse processo aconteceram várias vezes durante a década de 30 em diferentes partes dos Estados Unidos. Com as plantações arrasadas, os bancos expulsavam os arrendatários e botavam um só homem e um trator para cuidar de diversas fazendas ao mesmo tempo. As agruras da família Joad começam com o despejo (veja resumo abaixo). A primeira mulher de Steinbeck, Carol, foi quem datilografou os manuscritos e deu o título ao livro. The Grapes of Wrath, em inglês, faz parte de um verso do hino abolicionista da Guerra Civil americana. Assim, o autor tinha a esperança de se livrar de pelo menos uma acusação: a de fazer propaganda comunista. Mas não adiantou muito. Steinbeck foi surpreendido com a reação raivosa que gerou em diversas partes da nação. Os donos de terra e banqueiros estão criando calúnias muito ruins. A última deles foi espalhar um boato de que os okies (trabalhadores de Oklahoma) me odeiam e têm me ameaçado de morte por mentir sobre eles. Estou apavorado com o desenrolar dessa maldita coisa. Está completamente fora de controle. Há um tipo de histeria crescendo em torno do livro que não é nada saudável, escreveu Steinbeck numa carta para sua editora, Elizabeth Otis, em julho de 1939. Ele acreditava que a obra fosse esquecida logo. Um amigo o alertou a não ficar sozinho nem um minuto. Uma armadilha estaria sendo preparada para o autor: quando ele ficasse sozinho num hotel, uma mulher o acusaria de tentativa de estupro. Em um mês, Vinhas estará fora das listas de best-sellers e, em seis meses, eu serei esquecido, escreveu em outubro para Elizabeth, esperançoso. John Steinbeck errou: ele jamais seria esquecido. Em 1940, ganhou o Prêmio Pulitzer pelo livro e a versão cinematográfica estreou com sucesso. Também foram feitas adaptações para ópera e teatro. O autor se divorciou e casou mais duas vezes, virou correspondente de guerra do Herald Tribune, ganhou o Prêmio Nobel de Literatura em 1962, escreveu vários outros livros (27 ao todo) e mais de uma dúzia deles viraram filmes. Mas nada teve o mesmo impacto em sua vida e na literatura que As Vinhas da Ira. Uma desgraça atrás da outra miséria, fome, desespero; a história dos Joad traduziu o sofrimento de uma época. Num dos trechos mais marcantes de As Vinhas da Ira, John Steinbeck descreve a cena de uma tartaruga atravessando uma estrada, uma metáfora para a luta diária dos trabalhadores. Mas a narrativa em si nada tem de vagarosa. O protagonista, Tom Joad (Henry Fonda no cinema; Jane Darwell representa sua mãe), retorna à casa em liberdade condicional. Ficou quatro anos preso por ter matado um homem numa briga. A família havia sido expulsa das terras que arrendava, assim como a maioria dos agricultores endividados de Oklahoma. Os Joad vendem o pouco que têm para comprar uma caminhonete velha e seguir para a Califórnia, atraídos por anúncios de oferta de emprego nos campos de frutas. Doze pessoas viajam. A morte do avô na primeira parada é o prenúncio de que muitas desgraças virão. Logo eles descobrem que há pouco trabalho para muita gente e os salários são irrisórios. O autor retrata a intervenção do Estado e a organização dos trabalhadores como alternativa à exploração.
Posted on: Thu, 28 Nov 2013 20:03:02 +0000

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