João Batista Pinheiro de Azevedo, o querido Tio João para nós sobrinhos, partiu prematuramente para um lugar melhor no último dia 17. O conhecido João Mineiro, apelido afetuoso atribuído pelos amigos em São Bernardo do Campo, foi mais um dos milhões de jovens brasileiros que migraram de várias partes do Brasil para o estado de São Paulo nas décadas de 60 e 70 na busca de melhores oportunidades de trabalho e de vida. Ferramenteiro competente e engajado, foi mais um dos dezenas de milhares de anônimos que participaram das greves do ABC paulista do final da década de 70, que ficaram marcadas na história por contribuir para acelerar o final da ditadura. Churrasqueiro habilidoso, de Minas Gerais, herdou sua paixão por queijos, que sempre levava quando ia visitar seus parentes. Em São Paulo, foi cativado pelo Palmeiras de Ademir da Guia e pelo hábito de ir à praia, na baixada santista, nas férias e feriadões. Como pai, junto com a Tia Graça (sua esposa), soube valorizar a educação formal e material das suas quatro filhas, mesmo não tendo ensino superior, conseguiu ajudar que todas conseguissem se formar e, principalmente, que herdassem seu grande coração e seu bom caráter. Como tio, era atencioso, solidário e carinhoso, se preocupando sempre com o resto da família. Uma pessoa amável e feliz que nos contagiava com sua alegria. É assim que sua memória deverá ser preservada entre nós até que nos encontremos novamente em um lugar melhor que esse mundo injusto e cruel. Não por ser mais uma vítima fatal da violência urbana, assim como outras 50 mil pessoas que anualmente no Brasil têm sua existência abreviada abruptamente pela irracionalidade de um covarde. Vítima dessa estatística de guerra civil, que banaliza o direito fundamental à vida, nos aterroriza cotidianamente e causa dor em inúmeras famílias. Infelizmente, dessa vez foi com a minha. E como dói. Descanse em paz, tio!
Posted on: Mon, 18 Nov 2013 21:05:10 +0000