LEIAM. IMPERDÍVEL. Texto de FERNANDO TIBECHRANI SALGADO, um - TopicsExpress



          

LEIAM. IMPERDÍVEL. Texto de FERNANDO TIBECHRANI SALGADO, um grande amigo, sensível, inteligente, especial. A minha passeata de ontem... Acordei nesta segunda-feira com um sentimento que tinha algo importante para fazer, além de voltar a ir à academia, coisa que fiquei a semana sem fazer. Acordei e fui para a academia pois antes de tentar "salvar o mundo" temos que cuidar de nós mesmos! Fiz spinning forte e a série completa de musculação. Passei o dia em home office, ansioso com a passeata, antenado no que acontecia no Facebook. Vi que entre meus amigos, só eu realmente ia para a passeata com certeza, enquanto outros que aderiram no Facebook na verdade só queriam demonstrar apoio, mas tinham medo de ir. Olho pela janela e vejo que o movimento white window não funcionou, aqui nenhum pano branco na janela, nem na minha… Lá pelas 4:00 tomo banho, procuro uma camiseta branca, minha bandeira do Brasil, um agasalho impermeável e saio andando às 4:30 em direção ao Largo da Batata. Saio meio com vergonha, bandeira enrolada, me sentindo sozinho, talvez pelo fracasso do white window. Saio da Girassol, entro na Purpurina, Wisard, Mourato Coelho em direção à Inácio. As subidas e descidas da Vila pedem esse ziguezague… Até lá parecia que só eu ia para a passeata, mas lá já vi algumas pessoas com bandeiras, gente fazendo cartazes na frente de uma livraria, e comecei a me sentir parte do todo. Descendo em direção ao Largo da Batata, passo na frente da FNAC onde bastante gente já estava concentrada, "formando quadrilha"… junina. Incentivados pelo texto do Marcelo Rubens Paiva blogs.estadao.br/marcelo-rubens-paiva/formacao-de-quadrilha-hoje-em-pinheiros/ Alguns fantasiados de caipira, gente bonita, todos bem no estilo Vila Madá. Parecia concentração para um bloco pré-carnavalesco. De repente alguns começaram a andar para o Largo da Batata e todos começaram a seguir, fui também. Me senti sozinho de novo, a maioria das pessoas estava em turma, como indo participar de um passeio. O sinal do telefone horrível recebo telefonemas e sms de amigos que estavam pensando em ir mas com medo, tento responder que está tranquilo mas não consigo, o sinal agora é zero. No Largo da Batata vejo que tem de tudo. Gente com hino que escreveram em casa distruibuindo a letra para ver se todos cantam, uma menina bonita tocando um grande chocalho com um amigo tocando bumbo logo vira uma apresentação cultural. Ouço aplausos e vejo que é para um grupo de mães com cartazes "Verás que um filho teu não foge à luta". "Mãe apoia e cuida". As vestimentas oscilavam entre totalmente casuais, gente tão arrumada que parecia que ia para a balada, e outros com máscara de gás, óculos de proteção. A imensa maioria totalmente pacífica, mas no meio se via um ou outro com cara de queria fazer merda, com lenço na cara, todo encapuçado. Polícia zero, logo não tinha porque estar com medo… Um tiozinho vendia apitos por R$1,00. Ele fez tranquilamente uns R$1000. Isso que é senso de oportunidade. Os gritos de guerra eram "Vem, vem, vem pra rua vem", "Sem violência" e "Sem partido" ou "Ei, partido, vai tomar no cu". Bandeiras do PT, PCO e PSTU eram vaiadas intensamente e além destes gritos outros somavam-se os de "Oportunistas". Outro alvo era o Jabor: "Ei Jabor, vtnc" e cartazes como "Não existe Jabor em SP". Cartazes reivindicavam de tudo "Contra a PEC", "Chega de Corrupção" e outros mais elaborados como "Dilma, me chama de Copa e investe em mim. Assinado: Educação" e outro que ia passo a passo transformando o desenho do congresso nacional em um sinal de %. A diversidade era grande, tinha gente andando com amigos e rindo, outros fazendo graça, alguns com o sentimento de que iam mudar o mundo, outros fantasiados pareciam frustrados em ver que com tanta gente ele não ia aparecer na TV, tinham uns fumando maconha e assistindo, outros andando de skate, outros de bike, um senhor de uns 60 anos (putz já estou com 46) com um pano vermelho na cara faz questão de ajudar a segurar a faixa de frente da manifestação, mesmo super bem vestido. Chamou a atenção que as pessoas mais humildes passavam assustadas no sentido contrário, correndo para pegar um ônibus que provavelmente estava parado pelo trânsito. Chama a atenção como eles não se sentiam parte daquilo, parece que não têm senso de pertencer, nem poder para mudar nada. E assim foi por toda a Faria Lima. Fui bem para a frente da faixa da frente para ver se tinha polícia ou algum problema. Quando cruzávamos uma rua, nos organizávamos para deixar alguns carros ainda passar e avisar outros que era melhor retornar. Um idiota sobe no ponto de ônibus na frente do Pinheiros, a maioria pede para ele descer, ele desce. Para mim foi a coisa mais bonita até aqui, ficou claro que quando gente comum vai para a rua, a minoria que quer quebrar as coisas vira...MINORIA. Quando chegamos na esquina com a Cidade Jardim o grupo parou. Uns gritavam "Vamos pra Paulista", outros "Ponte Estaiada", outros "JK,JK,JK" Depois de alguma discussão entre o pessoal da faixa, seguimos em direção à JK. Um moleque de skate e com máscara de Occupy Wall Street virou modelo fotográfico. Alguns fotógrafos da imprensa sem ter mais do que tirar foto pediam para ele passar para lá e para cá, sentar no skate, a imagem era boa, mesmo sem significar nada. O movimento claramente não tinha nenhuma organização, toda esquina maior paravam para decidir para onde ir, reclamavam de gente que, como eu, andava na frente da faixa. Falavam "volta" como se eu tivesse levando alguém para algum lugar. Quando eles viraram na JK sentido Marginal, parei. Tinha gente até onde a vista alcança. Eu estava cansado, meu joelho sofria do spinning da manhã, das 3 horas de caminhada. Lembrei do excelente texto do "estou ficando velho e cansado" bravonline.abril.br/materia/a-preguica-o-cansaco-e-os-20-centavos . Decido parar ali e ver quanta gente vinha atrás. Sempre algumas pessoas paravam na dúvida se queriam virar à direita ou à esquerda. Alguns gritavam "Vamos pra Paulista" o que colocava mais gente em dúvida. Como andavam na contramão da JK tb, não passava mais carros nem para a Agua Espraiada, nem para a JK sentido Ibirapuera. Nisso surgiu uma outra passeata pela JK para o Ibirapuera. Uma menina de uns 15 anos me avisa que tem outros 3 grupos, um na marginal e outro na Paulista. Um grupo de moleques me pergunta "Onde é a Paulista ? Tá longe ?" dou risada e ele se explica "sou de São Bernardo, não conheço aqui, onde tem metrô perto?" Na passeata que começou com discussão pela passagem de ônibus rolou uma conferência para saber onde tinha estação de metrô. kkk Só teve um momento de "tensão". Quando o grupo com bandeiras do PSTU e PCO chegou perto da esquina. Muita gente vaiou forte, voltou o grito de "sem partido", "abaixa a bandeira" e "ei partido, vtnc". Nisso um cara puxa a bandeira para arrancar do mastro. Alguns gritavam "sem violência" e uma menina, tipo 17 anos, um metro e meio com a bandeira do PCO vem para dar com o mastro (flexível) no cara que puxou a bandeira do outro. Eu seguro o mastro para não atingir ninguém, a menina me xinga, eu puxo a mão dela para tirar o mastro e ninguém se machucar. Puxam a menina, eu tiro o mastro dali para evitar violência. A menina volta para me chutar, dá uma "voadora" na minha perna… ela é muito pequena, leve, quase nem percebo…ela pulou em mim, pisou e quase caiu no chão.. abaixo para ajudá-la a levantar... ela indignada me xinga...vejo nela uma indignação, uma raiva que precisava ser descontada em alguém, ainda bem que foi em mim, nem senti... A turma do deixa disso, eu incluído, aconselha o grupo a seguir, se possível com a bandeira. Um idiota sisma em passar a bandeira perto da cabeça das pessoas. Arrancam a bandeira dele tb. O grupo segue. Já tinha passado meia hora de gente e ainda não dava para ver o fim da passeata. Meu joelho pede para eu ir embora. Minha mãe mora em Moema… sigo a Faria Lima em direção à Água Espraiada. Quando pude, pego um taxi, estou velho e cansado mesmo. Lá acompanho pela TV e me emociono com a tomada do congresso em Brasilia, me entristeço ao ver a guerra no Rio e em Porto Alegre, fico puto com os idiotas que tentam invadir o Palácio dos Bandeirantes. Lembro do sentimento de alegria quando vi que o povo comum tinha transformado a minoria arruaceira em minoria, quando os cansados e que tinham que trabalhar no dia seguinte como eu saíram, eles viraram maioria. Por isso devemos participar, sabe quem melhor te representa? Você mesmo ! A revolta só foi maior ao procurar informação em todos os canais me deparo com a Record e uma tarja "Exclusivo - Guerra civil no centro de São Paulo" Ué?!?!? Fico preocupado pensando que a coisa descambou por lá… e demoro muito, mas muito mesmo, para ver que as imagens eram de quinta-feira passada !!! Sem ética, sem vergonha, tenho minhas restrições quanto à Globo, mas esses passaram do ponto !! Manipulação mais barata impossível. Se eu que estava lá e acompanhei todas notícias que pude, fiquei na dúvida, imagina o público alvo da emissora, são uns sem vergonha !!! Hoje de manhã, refletindo sobre tudo de ontem, leio um texto de um amigo que está estudando na Holanda. Fique feliz por ver que ele entendeu o protesto (discuti com ele no Facebook ontem) e depois quem me de um presente foi ele, com sua análise que escolho para terminar o texto: "Confesso que mudei minha opinião sobre os protestos nesse fim de semana. Realmente fiquei feliz em ver que tanta gente realmente saiu as ruas pelos seus direitos, independente de partidos e classes sociais. Quando percebi que as manifestações não eram pelos 20 centavos e sim por toda a palhaçada que ocorre no país, as atitudes começaram a fazer sentido para mim. Mas é ai que começa o meu "medo". Se os protestos não são mais pelo aumento da passagem, são contra o que? O que estamos reivindicando? Sim, são condições melhores em todas as áreas, mas o que vai nos levar a parar as manifestações? Antes tinha eleições diretas, impeachment, e hoje? Qual o objetivo pontual? O meu medo é que, caso as tarifas recuem (o que eu acho improvável), as manifestações irão acabar, como os próprios "organizadores" já disseram. E aí, o que vem depois? Nada. Continua tudo igual. A solução desse problema? Não sei, talvez parar de pedir pelo recuo das taxas e passar a exigir pontos politicamente relevantes, como a "anulação" da PEC 37, ou leis mais rígidas contra corrupção, não sei. O meu medo é que o gigante tenha acordado, vá no banheiro e volte a dormir."
Posted on: Tue, 18 Jun 2013 17:45:01 +0000

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