LEITURAS (97) - ONÉSIMO TEOTÓNIO ALMEIDA - Da última página de QUANDO OS BOBOS UIVAM arranco a seguinte nota que escrevi a lápis: "A escrita fluída (de como se vive (e se ironiza)). O desgaste das palavras que se enervam face ao sentimentalismo que teimam sempre em esconder / disfarçar. As derrotas (necessárias) duma vida vitoriosa que se afirma, alcança e se alicerça na desmistificação e na desvalorização (para não se provocar a ira dos deuses?)" Quatro histórias plausíveis e alongadas / justificadas, de quem se desembrulha das teias criadas pelas vidas dos outros... em nossas vidas de conflito, abertura, assalto / ressalto. O herói que, amando a sua terra, nas teias que o império tece, é suspeito de ser o incendiário da sua Universidade, onde muito comeu e bebeu (melhor dito, se fez gente espiritualmente), no rescaldo de celebrações patrióticas. O herói em drama de alguém que permite que um condenado à morte por doença, recuse recebê-la na América, tenha a dita subida de a receber em Portugal, com irrompimentos improvisados da poética de Torga a tapar buracos. O Miguel herói, criança precoce, que atacará / salvará o pai nos rompantes que rasga a vida e dá passagem para o futuro. O herói, espião na China, que não foi, mas se conforta e conforma em não ter sido, martirizado (elevado) pelos boatos. Há, em tudo isto, muito gozo e ironia, precisamente o mesmo tempero que eu uso no FB nas pílulas literárias autobiográficas sob o título geral de BREVES / VERAS. (Não me comparo a Onésimo, só nos servimos,, ambos, do mesmo tempero, ele tem o prazer da escrita dele, eu tenho o meu prazer e de desforra). Invejo-lhe o título QUANDO OS BOBOS UIVAM que não posso roubar. Ele foi ao livro famoso do Mestre Aquilino, tirou ladrões, pôs bobos, se o imitasse já não seria original, mas macaquinho de imitação. Sem mais, imito a minha vida. Restará citar Onésimo: "a arte, muitas vezes, não vai além de uma pálida imagem do que a vida é capaz de inventar." Pois.
Posted on: Fri, 16 Aug 2013 00:27:32 +0000