LEMBRANÇAS EM MATIZES Minhas lembranças têm cores Das de agora tão diferentes, De quando ainda eu, menino inocente, Via as tardes de cor prata... Tomando um alaranjado tom Quando o crepúsculo se avizinhava Tecido na imagem que se formava, Onde ser feliz, era mais que dom. Existiam sons, que não mais ouço, Ou quiçá, em ondas descontinuadas Perderam-se como as cores matizadas Tingindo em amarelo as manhãs Do aluno no prédio do estado. Da farda de calça azul que fácil desbotava Contrastando com a rala blusa alva. Pinturas em felizes esboços traçados. O vermelho sangue-de-boi Das rolinhas amontoadas e sedentas Na margem da Grota de águas marrom barrentas, Onde o Neguim do Zé Antonio e eu Na velha oiticica atocaiados. Fazendo mira com as baladeiras, Atirando pedras nem tanto certeiras, Hoje peças deste meu mural moldado... Nos setembros dos mulungunzeiros Em vermelho-laranja floridos. Ficavam mais belos, mais coloridos, Com os corrupiões, primaveras e beija-flores. Penso que tantas tonalidades Eram próprias de minha infância. Hoje apenas o cinza em abundancia Desbotando imagens que são só saudades... Em - Alma Desnuda
Posted on: Sat, 17 Aug 2013 11:55:33 +0000
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