Leiam o relato do amigo Ícaro Vilaça, que tava lá e é uma - TopicsExpress



          

Leiam o relato do amigo Ícaro Vilaça, que tava lá e é uma pessoa super pacífica: "Cheguei às 17h no Theatro Municipal e já havia uma verdadeira multidão reunida na Praça Ramos de Azevedo. O clima era de MUITA confraternização. Recebi flores de três pessoas e diversos panfletos com indicações sobre o que fazer em caso de repressão policial (não reagir com violência, não correr, ficar sempre próximo dos outros manifestantes, sem deixar brechas). Às 18h30 saimos da Praça Ramos de Azevedo. Não consegui evitar as lágrimas… era MUITO emocionante fazer parte daquela multidão. Erámos constantemente aplaudidos pelas pessoas nas janelas dos prédios do centro, ao que respondíamos, em clima de festa: “Veeeeeem, veeem, veeem pra rua vem, contra o aumento!” Várias pessoas levaram instrumentos de sopro e percursão. Procurei ficar próximo à banda improvisada que se formou no meio da manifestação. Entramos de forma triunfal na República. Nesse momento subi em cima de uma jardineira para avistar a multidão e mais uma vez me emocionei. Fiquei 15 min observando a passagem da manifestação e não conseguia ver o fim dela. Eram milhares e milhares de pessoas cantando, batendo palmas, empunhando bandeiras. Lindo demais. Avançamos até a Consolação. Nesse momento, várias pessoas começaram gritar: “segura, segura!” e a manifestação parou na entrada da Consolação, em frente à Roosevelt. Não consegui entender o porquê. Na minha opinião, devíamos continuar avançando em direção à Paulista. Nesse momento, sentamos no chão e paramos completamente a Consolação. 15 min depois, alguns moleques começaram a assaltar os carros que estavam parados. Vi um assalto acontecer do meu lado. Diversas manifestantes perseguiram os moleques e devolveram a bolsa de uma pessoa que havia sido assaltada. Comecei a ficar angustiado com a aquela paralisação. Finalmente, depois de cerca de 30 min, a manifestação voltou a avançar. Foi emocionante. A multidão tomava TODAS as pistas da Consolação e seguia vigorosamente em direção à Paulista. A força daquela multidão era de arrepiar… além do mais, a aparente ausência de policiais nos deixava ainda mais felizes e empolgados. Eis que de repente, uma fileira de policiais (cerca de 30 ou um pouco mais) da Tropa de Choque cercou a manifestação pela lateral direita. Daí você se pergunta como a Tropa de Choque consegue fazer isso sendo que estávamos fechando TODAS as vias da Consolação. Ora, muito simples: disparando balas de borracha a 5m de distância dos manifestantes. Foi uma cena inacreditável. Continuamos avançando em direção à Paulista, obviamente com medo, mas unidos. Alguns minutos depois, começaram a CHOVER bombas de gás lacrimogêneo de todas as direções. Um bomba explodiu a apenas alguns metros de distância do local onde eu estava. Por alguns momentos, não conseguia enxergar nada. Meu rosto começou a arder bastante, sobretudo olhos e nariz. Prendi a respiração e corri na direção da Roosevelt — era o que todos estavam fazendo. Um cara viu que eu estava mal e me deu um verdadeiro banho de vinagre. Enfiei o rosto na jaqueta empapada de vinagre, o que aliviou a ardência provocada pelo gás. O bombardadeio continou ininterruptamente, obrigando toda a manifestação a recuar e entrar na Roosevelt, que também estava cercada nas laterais pela Tropa de Choque. Acuados na Roosevelt, gritávamos a plenos pulmões: “Policia: fascista/ Polícia: fascista” Eis que as primeiras bombas começam a cair em plena Praça Roosevelt! Todos começaram a correr em direção às ruas que dão acesso à Paulista. Ainda havia esperança de reagrupar a manifestação e tentamos, tanto quanto possível, fazê-lo. Havia muita tensão. Todo muito se perguntava se era uma armadilha, achávamos que a Polícia estaria à nossa espera na próxima esquina. Um grupo subiu pela Augusta e outro pela Bela Cintra. O helicóptero da Polícia voava baixo com um holofote gigante nos caçando. Passei por uma dondoca no carro e a ouvi falando com a Polícia e entregando nossa localização exata. Vi alguns adolescentes idiotas com pedras na mão, dizendo: “Vamos quebrar tudo, meoo, essa Polícia é muito filha da puta”. Diversos manifestantes os censuraram — inclusive eu — e logo eles foram vaiados. Segui com o grupo que avançava pela Augusta. Acho que conseguimos caminhar tranquilamente por cerca de 20 min, até que avistamos a Tropa de Choque. Nessa momento, todos começaram a recuar, com muito medo. Viramos a esquina e entramos na Bela Cintra. Segui por cerca de 30 min na Bela Cintra. As pessoas estavam com muito medo de que a Policia estivesse à nossa espera mais adiante. A todo momento, alguém pedia pra segurar, e todo mundo parava, com medo de seguir em frente. Enquanto isso, o helicóptero da Polícia nos perseguia com seu holofote. Paramos pelos menos umas 10 vezes nesse esquema, até que eu e outras pessoas começamos a discordar do grupinho que queria, a todo momento parar. Me parecia que, parando de 2 em 2 min, estávamos ficando cada vez mais vulneráveis a outra ação violenta da Policia deste governo FACISTA comandado pelo Sr. Geraldo Alckmin. Como já estava exausto dessa história de ficar parando, me desliguei do grupo junto com outras 10 pessoas e continuamos subindo em direção à Paulista. Já não éramos uma manifestação a esta altura. Caminhei por 15 ou 20 min até que cheguei, finalmente, à Paulista. Encontrei a Avenida completamente interdidata pela Polícia. No momento exato em que pisei na Paulista, chegou um ônibus da Tropa de Choque e começaram a descer dezenas de policiais em frente à Bela Cintra. Fiquei alguns minutos com o olhar perdido, horrorizado com a presença daquele exército pavoroso. Entrei no Metrô, que estava um CAOS, completamente parado às 20h50 por conta da greve da CPTM e dos protestos, obviamente. Ainda que tenhamos sido VIOLENTAMENTE reprimidos, intimidados e para nosso azar, dispersados, acho que a manifestação de hoje cumpriu seu papel. O mais importante é a certeza de essa onda não vai parar. Ninguém está disposto a desistir. $3.20 é um roubo, sobretudo contra o povo pobre e trabalhador. Direito à cidade, aqui e agora é o que se deseja hoje em São Paulo. A Turquia é aqui. Em tempo: recomendo muitíssimo a todos que assistam a entrevista do excelente Caio Martins, estudante de História da USP e um dos organizadores do Movimento Passe Livre SP: youtube/watch?v=RNFFbzitm2A. "
Posted on: Fri, 14 Jun 2013 04:11:23 +0000

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