Li a introdução do livro do Ivan Cotrim chamado "Karl Marx: A - TopicsExpress



          

Li a introdução do livro do Ivan Cotrim chamado "Karl Marx: A Determinação ontonegativa originária do valor" e gostei bastante. Ele é um "ontólogo", discípulo de J. Chasin e faz um percurso de reconstrução das teses deste autor, mostrando que diversamente do que dizem, Marx não empreende uma simples síntese teórica a partir da Filosofia alemã, Socialismo francês e Economia Política inglesa; o que Marx fez foi uma crítica ontológica nas três, fundamentando, assim, a leitura de que a atividade humana, centrada no trabalho é essencialmente a autoconstrução humana para a instauração da "humanidade socializada" - o que aparece, mais tarde, como a superação da sociabilidade fundada no trabalho estranhado. Cotrim faz um percurso teórico nas obras de juventude de Marx e conclui que a atribuída crítica do jovem Marx à categoria valor precisa ser qualificada. Não foi uma simples "recusa" do valor na primeira crítica, de juventude, como dizem; ao contrário, ele mostra que para Marx a insuficiência da determinação abstrata do valor para Ricardo não leva em conta as vicissitudes do mercado, que se fundam na "lei" de oferta e demanda, modificando assim a magnitude do valor. A ideia central é que o valor ricardiano basicamente pagaria os custos de produção, sendo que no jogo do mercado os custos de produção não se movem, mas os preços das mercadorias sim. Não teria sido ponderado por Ricardo em sua apreensão do valor o dinamismo do mercado (importante lembrar que nesse momento, jovem, Marx ainda não diferenciava preço e valor). Por fim, pode-se apontar que a naturalização das categorias econômicas pela Economia Política é produto de condicionalismos engendrados pela própria materialidade e contexto histórico-social dos autores. Apontam-se, além do caráter ideológico da Economia Política os limites do próprio campo teórico da economia. Como o homem é posto, na Economia Política, sob a determinação da propriedade privada, ela [a Economia Política] seria a negação do homem. O que me interessou muito é a retomada do tema da "lei do valor" e da positividade do valor - em síntese, sem ter lido ainda o capítulo que debate o segundo tema, eu me coloco no campo daqueles que assumem que o valor é tão somente uma propriedade social das mercadorias em uma sociedade fundada na propriedade privada, no trabalho alienado, onde, portanto, os produtos do trabalho assumem a forma mercadoria. Assim, o valor não é uma propriedade intrínseca da mercadoria - como o são suas propriedade físicas (peso, densidade, etc.) - e nem tampouco existe um valor materializado, objetivado na coisa por ser ela fruto de trabalho. O trabalho é o fundamento do valor, mas o valor só expressa na troca. Não há nada mais errado do que atribuir valor a uma mercadoria simplesmente porque ela é fruto de trabalho: ela só terá valor quando colocada frente a frente com outra mercadoria, o valor emerge na troca! O livro promete... Passará pelo debate inicial de como os autores pensavam a sociabilidade, imagino que ele começará por uma sociabilidade fundada na política, nos autores do "estado de natureza" e do "contrato social" e depois debaterá a sociabilidade fundada no trabalho, passando assim pelos economistas clássicos, pela teoria do valor-trabalho e depois fará um percurso em quatro obras de juventude de Marx, em busca das determinações essenciais do valor.
Posted on: Sun, 15 Sep 2013 04:28:58 +0000

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