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Liliputos "A morte de António Borges também significa que a elite da direita perdeu um dos seus mais notáveis membros. Borges tem percurso paralelo ao do seu homónimo socialista, Vitorino de apelido. Ambos foram sendo cobertos de um mal escondido sebastianismo no pós-cavaquismo e pós-guterrismo, ambos foram pintados como tendo intelectos estratosféricos e ambos desiludiram amargamente os respectivos partidos ao se recusarem combater pela liderança. Contudo, o que fica ainda mais iluminado no desaparecimento de António Borges é a decadência de Passos Coelho. Eis um chefe vazio de ideias, talento e carisma. A mediocridade de Passos é transversal às diferentes competências a que os seus cargos obrigam, até com o domínio da língua se atrapalha e estatela na chungaria inane. Por isso fez uma campanha eleitoral que fica como a mais mentirosa da história da democracia, a que se seguiu o Governo mais malpreparado de que há memória. E continuou. Em condições normais, o nosso Pedro teria o mínimo de respeito próprio para se demitir após o episódio da TSU, mas não só quis ficar agarrado ao pote como a partir daí levou o Governo para disfunções mirabolantes que acabaram com o ministro das Finanças a chamar-lhe frouxo e o parceiro de coligação a chamar-lhe tonto. E havia mais: o Presidente da República considerou-o incapaz de governar sem a ajuda do PS. Seria isto suficiente para perceber que tinha errado a vocação? Não para quem nada mais tem do que o poder que lhe deram. Quando juntamos os últimos presidentes do PSD, de Passos a Barroso, e acrescentamos os quadros intermédios e as coisas que vão aparecendo na JSD, percebe-se muito bem qual é a origem da cultura do ódio que marca os últimos anos da política portuguesa. É que a diferença para os recursos humanos do PS é abissal. Enquanto nos socialistas encontramos mínimos tangíveis de decência política e exemplos vivos de idealismo reformador, fundamentos da salubridade cívica e da coesão da comunidade, nos social-democratas reina uma concepção instrumental da política que se avalia e celebra a si mesma por ser apenas aquilo que é: uma engenharia para alcançar o poder. Obviamente, então, nada os desvaira tanto como terem de enfrentar quem não se assusta com os seus truques de circo e paleio de feira. Se Passos é hoje primeiro-ministro, tal só é possível porque a elite da direita assim o quis e quer. E essa constatação leva-nos a frisar que António Borges viu no braço direito de Miguel Relvas o que bastava para proceder a uma operação de empobrecimento violento e desmiolado de um país que lutava para não se afundar na tempestade global e europeia. Ora, o que é isto senão o retrato de uma direita de liliputianos?" ( in Aspirina B )
Posted on: Tue, 27 Aug 2013 22:48:57 +0000

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