Lógico que ninguém vai lembrar que um discurso é diferente de uma ação. Mas se tiver amigos, ou for ele mesmo um morador de periferia, seu medo vai dizer que a apologia ao crime é um jeito de qualquer garoto pobre indicar que é sujeito-homem. Indisposição a aceitar a autoridade, quanto mais uma violenta, faz parte do processo de amadurecimento de qualquer pessoa digna desse nome. Claro que não é bom que a coisa aconteça nesses termos. Com razão, a proximidade real dos jovens com o crime organizado é o terror de todas as famílias. Em tempos melhores, ser sedutor e malandro era o jeito como a mesma coisa se apresentava a quem não queria ser da manada. O samba, a capoeira, a briga de rua são vestígios disso. Ainda assim, pense direito. Desafiar a polícia não necessariamente transforma os funkeiros, ou qualquer pessoa, em assassino de policiais. Pelo contrário. Essa atitude indica, no mínimo, que quem sofre mais com a violência policial não está mais disposto a aceitá-lo. Então, vamos continuar lutando pela mesma moral duvidosa que matou o Daleste e afirma a subordinação como valor aceitável? Ou vamos compreender o que está em jogo aqui?
Posted on: Wed, 10 Jul 2013 22:01:38 +0000
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