MANIFESTAÇÕES: SALA DE TORTURA Por Fábio Barretto O povo brasileiro estava numa sala escura de tortura. Confinado. Espremido. Amordaçado. Sem voz. Tomando choques. Sofrendo. Este povo conseguiu fugir de dentro desta sala e enxergou a luz do lado de fora. Saiu do confinamento quebrando a janela, escapando, gritando, pedindo socorro, cheio de feridas, cheio de dores. Igual a qualquer um que acaba de sair de uma sessão criminosa de tortura. Portanto, é natural que esse povo saia desta sala nervoso, com coração aflito, tentando se organizar, tentando se encontrar. Tentando respirar entre o medo e a revolta. No sentido figurado, sem generalizar, o movimento tem um pouco disso. O povo que foi torturado durante anos por essa ditadura capitalista precisa primeiramente se acalmar e encontrar a paz. Encontrar um horizonte. Encontrar uma direção ainda que os hematomas sejam diversos. Porque sem paz nada será conquistado. Somente com paz de espírito o povo que aqui nesse programa sempre teve voz conseguirá seus objetivos. A violencia é inadmissível. Violência não é instrumento para nada. E nesse processo você tem 3 figuras: o manifestante pacífico - maioria absoluta, o manifestante radical, aquele que está revoltado porque o estado não lhe oferta nada e o bandido. E os manifestantes de paz que são essa maioria esmagadora precisam continuar firmes no propósito do protesto sem perder o foco para a violência. O foco é a transformação política de um país assolado de políticos corruptos e irresponsáveis e a violência é um problema de polícia. Os manifestantes de bem não podem perder o foco. O voto é a arma democrática. O movimento não pode ser derrotado pelo próprio movimento. O que está faltando como qualquer um que sai dessa sala de tortura é respirar fundo. Acalmar-se. Encontrar equilíbrio para que a indignação não seja um tropeço no processo de justiça. As insatisfações precisam ser oficializadas. É preciso definir estratégias. Definir lideranças sérias, transparentes e apolíticas para dar um norte aos ideiais. É isso que está faltando: calma. Paz. O povo precisa agora é ajudar até a própria polícia a identificar esses bandidos para que o movimento não se perca, não seja estragado pela violência. As pessoas podem no momento da confusão - como exemplo já citado - sentar-se como se faz na Argentina para mostrar a polícia quem são os vandalos. Ou, se afastarem dos baderneiros e isolá-los. E assim, como a polícia precisa saber lidar com esse momento, sem massacrar as pessoas, sem bater nas pessoas, o povo, também, precisa saber lidar com suas manifestações para que joio seja muito bem separado do trigo. O movimento não pode parar. Ele precisa amadurecer cada vez mais e sem violência. Em paz. Paz que eu falei aqui há mais de duas semanas quando os primeiros focos de manifestação foram identificados e eu apoiei sem restrições, mas com paz, apesar das críticas que sofri aqui até com ataques pessoais. Esse é um movimento histórico. Lindo. Emocionante. Não pode perder esse momento para a violência que é a nossa maior inimiga. A violência que está nos protestos, que é praticada pelo estado contra o povo precisa ser derrotada com manifestações de paz. Sem paz, os políticos terão razão, falarão somente disso e o que verdadeiramente interessa perderá o foco. A história precisa ser retratada pelas conquistas patrióticas e não pela banalização da violência. A verdadeira história de um país está expressada na cara de um povo que vai as ruas pela dignidade, pela justiça, pela pátria, pela paz e não pela arruaça, pelo descontrole, pela estupidez, pelo banditismo. Não vamos escrever nas nossas páginas essa mancha de canibalismo a nós mesmos. Até para acabar com esse banditismo precisamos de educação como exigido pelos manifestantes do bem. Os atos de vandalismo são a prova de um brasil carente que mesmo durante um protesto democrático se vê rodeado de bandidos que se aproveitam da boa intenção das pessoas para cometer seus ilícitos. Manifestação sim, violência não.
Posted on: Fri, 21 Jun 2013 22:16:17 +0000
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