MANIFESTO CONTIDO NA PASTA DOS CONFERENCISTA DA V CONFERÊNCIA - TopicsExpress



          

MANIFESTO CONTIDO NA PASTA DOS CONFERENCISTA DA V CONFERÊNCIA MUNICIPAL DE CULTURA EM BARRA DO MENDES APELO Caros amigos barramendenses e demais pessoas da região, Barra do Mendes foi fundada (no tocante à sede) por Joaquim Sodré em 1848, mas tem-se notícias seguras de que no século XVIII, mais ou menos em 1794 já vivia na região serrana de Barra do Mendes, no Povoado de Lameiro, o Sr. Eduardo José de Oliveira e sua esposa D. Andrezza Rosa de Oliveira, e desse casal saíram os principais desbravadores daquelas serranias. Em Areias, Canabrava dos Barbosas e Retiro existiam alguns índios Tapuias que se misturaram aos descendentes de Eduardo e assim deram origem a quase todos os Povoados serranos em Barra do Mendes. A Fazenda Canabrava (dos Barbosas) foi comprada em 1822 por João Barbosa de Magalhães, e a Fazenda Ferreira em 1839 pelos Senhores José Geraldo de Souza e Clemente Mendes de Brito, mas nas próprias escrituras eles já davam como garantia todos as benfeitorias e demais bens por eles possuídos nas mesmas localidades, ou seja, já residiam lá antes de adquirirem legalmente as terras. Assim sendo, as origens das Terras de Barra do Mendes remonta ainda do século XVIII. Barra do Mendes é hoje o município detentor do maior numero de fatos históricos na Região de Irecê, quiçá na Chapada Diamantina. Alguns fatos de alta relevância citarei para conhecimento de todos: Barra do Mendes teve participação direta na Guerra do Paraguai,1864-1870, o maior conflito armado internacional ocorrido na América do Sul, enviando quatro homens (escravos) para lutar em favor da Pátria, sendo que desses quatro apenas um sobreviveu e voltou para a localidade de Canabrava dos Barbosas de onde fora enviado pelo seu senhor João Barbosa de Magalhães em lugar de um filho desse fazendeiro que havia sido convocado para a Guerra. Voltando, o escravo André da Costa contava a todos, as peripécias da Guerra do Paraguai, inclusive a morte do próprio líder Solano Lopez na qual ele, André, teve participação ativa. Barra do Mendes foi palco de muitas lutas a exemplo de 1896 entre Militão Coelho e Clementino de Matos, de 1919 entre o Coronel Militão Coelho e o Coronel Horácio de Matos. A década de 20 do século XIX presenciou o movimento Tenentista, mais precisamente a Coluna Prestes, que percorreu vários estado da Federação numa marcha revolucionária para tirar do poder o Presidente Artur Bernardes, porém o Governo reagiu e convocou os Coronéis da Guarda Nacional para combater os "Revoltosos” da Coluna Prestes, mas o Batalhão Patriótico Lavras Diamantina comandado pelo Coronel baiano Horácio de Matos foi quem deu cabo dos rebeldes forçando-os a se exilarem na Bolívia e destroçando assim o movimento. No efetivo do Batalhão Patriótico Lavras Diamantina estavam mais 40 homens da região serrana de Barra do Mendes, inclusive alguns fazendo parte do Estado Maior, sendo que muitos ainda penetraram em território boliviano, inserindo Barra do Mendes definitivamente na história do Brasil e do mundo. Barra do Mendes foi tomada e molestada pela Coluna Prestes em duas ocasiões, ambas no ano de 1926. O escritor e secretário da “Coluna Rebelde”, Lourenço Moreira Lima cita D. Maria Romana Farias Leite, moradora e comerciante de Barra do Mendes, em seu livro A Coluna Prestes - Marchas e Combates, como protagonista desse episódio. Em 1930, por ocasião da Revolução que depôs o governador Washington Luiz empossando Getúlio Vargas no poder, vários homens de Barra do Mendes estavam lutando ao lado da legalidade e em favor do Presidente, porém desta vez não lograram êxito. Em 1940 o Cangaceiro Cristino Gomes da Silva Cleto, mais conhecido como Corisco, o Diabo Loiro, fugia da polícia e se escondeu na Fazenda Pacheco, sendo descoberto e baleado mortalmente, tornando assim Barra do Mendes palco da última refrega da polícia com o cangaço, encerrando assim um ciclo, que legou ao Brasil grande número de elementos culturais e históricos. Também nos anos 40 do século passado, João Requizado, foi outra figura de destaque no cenário da Primeira República na Bahia, e que teve seu fim no Garimpo dos Pau-Mole, na Região Serrana e foi sepultado no cemitério de Barra do Mendes, assim sendo mais uma vez nossa terra aparece como sede de culminância para esse fato histórico. Na Segunda Guerra Mundial, Barra do Mendes estava lá representada pelo Pracinha José Teixeira de Sousa, (Major Teixeira) ilustre filho de nossa terra. Na década de 70 o Capitão do Exército Brasileiro Carlos Lamarca deserta e foge para o interior da Bahia, dando início a uma verdadeira caçada por parte da polícia e nessa fuga desesperada, passa por Barra do Mendes com destino a Ipupiara, no seu encalço um destacamento da polícia faz de Barra do Mendes seu quartel general, marcando dessa forma nossa cidade também nesse fato da História Nacional. Lamarca foi morto em Pintadas, no município da vizinha cidade de Ipupiara em 17 de setembro de 1971. Existem em Barra do Mendes incontáveis manifestações culturais e religiosas, como Ternos de Reis, Bandas de Pífano, Danças, Capoeira, Candomblés, Rodas de Samba, Cocos, Vaquejadas, entre tantas outras que fazem de nossa gente um povo diversificado. Temos Sociedade Filarmônica desde 1928. Esses muitos outros fatos tornaram Barra do Mendes uma terra inusitada e peculiar. Nossa história oral é riquíssima e infinita, nossa gente guarda na memória de geração em geração “causos” e acontecidos desde os primórdios de nossa origem, e isso tem contribuído para o resgate de nossa história e de nossa cultura. Temos um vasto material icnográfico e documental. Não obstante tudo isso, temos dificuldades em resgatar e preservar todo esse Patrimônio Material e Imaterial de nossa terra, muita coisa se perdeu, muitas outras estão à beira da extinção por vários fatores, por isso venho deixar esse apelo no sentido de convocar cada cidadão a nos ajudar a resgatar o que já perdemos e a preservar tudo o que ainda temos. Não joguem fora, não queimem nenhum documento ou fotografia antiga! Conservem objetos e móveis que de alguma forma venham a contribuir com a história de Barra do Mendes! Não descaracterizem as fachada das casas! Não deixem morrer a nossa identidade cultural, nem a nossa memória, pois um lugar sem história é apenas mais um no mapa! Barra do Mendes, 12 de julho de 2013 Liandro Manoel de Sousa Secretário Municipal de Cultura
Posted on: Fri, 12 Jul 2013 18:52:52 +0000

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